III

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Os dias que se seguiram foram estranhos, silenciosos

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Os dias que se seguiram foram estranhos, silenciosos. O celular não vibrou mais com as mensagens de Carlos, e ela não se viu mais envolvida no turbilhão de emoções que ele sempre provocava. Era como se um peso tivesse sido retirado de seus ombros, mas ao mesmo tempo, a ausência dele a sufocava de uma maneira nova. O vazio que Carlos deixara era quase pior do que a dor de tê-lo por perto.

Ela tentava focar no trabalho, sair com os amigos e se manter ocupada, mas a cada nova manchete sobre a vida de Carlos — sempre com a namorada perfeita ao seu lado — seu coração parecia se partir um pouco mais. Ele estava bem. Continuava sorrindo para as câmeras, imbatível nas pistas, vivendo sua vida pública como se ela nunca tivesse feito parte de sua história.

Naquela semana, ele estava em Mônaco. Uma das corridas mais badaladas do ano. E, como sempre, as redes sociais estavam inundadas com imagens de festas, jantares e eventos luxuosos. Em uma dessas fotos, ele estava com a namorada oficial, sorrindo ao lado dela, cercado de amigos e flashes. Tudo parecia perfeito. Ele parecia perfeito.

Era um lembrete cruel de que ela nunca faria parte daquele mundo, nunca estaria ao lado dele nas fotos que o mundo inteiro via.

Alguns dias depois...

Estava chovendo quando ela decidiu fazer algo que vinha adiando desde que tudo começou. Sentou-se na varanda de seu pequeno apartamento, envolta em uma manta, segurando uma taça de vinho e encarando a escuridão lá fora. Carlos a havia ensinado a viver uma vida em segredo, mas também a havia aprisionado nesse mesmo segredo.

Ela pegou o celular e digitou uma mensagem, cada palavra escolhida cuidadosamente. Por mais que quisesse ignorar, algo dentro dela ainda precisava de respostas, precisava de um desfecho.

"Carlos, precisamos conversar. Chega de fugir. Sei que as coisas entre nós ficaram mal resolvidas, mas não posso continuar assim. Não posso ser apenas uma sombra na sua vida. Se for isso que você quer, preciso que me diga de uma vez."

Ela hesitou por um segundo, o dedo pairando sobre o botão de enviar. Mas, antes que mudasse de ideia, pressionou "enviar" e sentiu seu coração acelerar. Agora, tudo estava nas mãos dele.

Horas depois...

O celular permaneceu em silêncio. Ela tentou dormir, mas seu corpo estava tenso, sua mente girando em torno das possíveis respostas de Carlos — ou da falta delas. Quando finalmente conseguiu cochilar, foi acordada por um som familiar. O celular vibrou na mesa de cabeceira, e ela o pegou com pressa, o coração disparando.

"Estou em Mônaco. Não é o momento certo para conversar. Quando eu voltar, falamos."

A resposta fria e distante foi como um balde de água gelada. Ele estava mais uma vez empurrando o confronto para longe, adiando o inevitável. Ela apertou o celular contra o peito, sentindo as lágrimas começarem a escorrer pelo seu rosto. Sabia que isso aconteceria, mas ainda assim, doía.

Ela colocou o celular de lado e se levantou. Precisava sair daquele ciclo. Precisava retomar o controle da sua vida antes que Carlos a destruísse completamente. Então, tomou a decisão mais difícil que já fizera.

Dias depois...

Ela decidiu sumir por uns tempos. Sem avisar ninguém, comprou uma passagem para Paris, um lugar que sempre sonhou em conhecer, mas que nunca teve a oportunidade. Precisava se reconectar consigo mesma, longe da confusão que Carlos Sainz representava. Talvez a cidade das luzes a ajudasse a encontrar uma nova direção, uma forma de apagar a presença dele de sua vida.

Durante os primeiros dias em Paris, ela se permitiu não pensar nele. Caminhou pelas ruas, visitou museus e se perdeu nos cafés. Aos poucos, a dor começou a se dissipar, dando lugar a uma sensação de liberdade que ela não sentia há tempos. Pela primeira vez em meses, ela estava respirando sem a sombra de Carlos ao seu redor.

Mas, no fundo, ela sabia que não seria tão simples.

No quinto dia em Paris...

Estava sentada em um café à beira do rio Sena, observando as luzes da cidade refletirem na água, quando ouviu o som de seu celular vibrar sobre a mesa. Seu coração afundou ao ver o nome de Carlos na tela.

"Onde você está?"

Ela olhou para a mensagem, sentindo uma mistura de surpresa e raiva. Ele nunca a procurava quando estava longe. Sempre mantinha as aparências com sua namorada, com o mundo. Por que agora? Por que justo agora, quando ela finalmente começava a se libertar, ele aparecia para puxá-la de volta?

Decidida a não ser mais aquela mulher que se deixava controlar por ele, ela respirou fundo e digitou uma resposta curta:

"Estou em Paris. Precisava de um tempo para mim."

Dessa vez, a resposta de Carlos foi quase imediata.

"Vou te encontrar. Precisamos conversar."

Ela ficou parada por alguns segundos, incapaz de acreditar no que estava lendo. Ele iria até Paris? Ele realmente queria conversar? Aquele mesmo homem que sempre fugia dos conflitos agora estava disposto a cruzar fronteiras para encontrá-la?

Seu coração, traidor, acelerou. Contra todas as suas tentativas de seguir em frente, ela ainda queria vê-lo. Ainda queria acreditar que ele, de alguma forma, se importava de verdade com ela. Mas também sabia que, se o encontrasse, tudo poderia desmoronar outra vez.

Naquela noite, ela não dormiu. E pela primeira vez, se perguntou: estaria ela pronta para encarar Carlos Sainz e descobrir, de uma vez por todas, o que eles realmente eram um para o outro?

Segredo-Carlos SainzOnde histórias criam vida. Descubra agora