Os dias que se seguiram ao último encontro foram os mais difíceis. A culpa pesava sobre ela como nunca antes, e a certeza de que estava se destruindo lentamente era clara. Mas, ao mesmo tempo, ainda não conseguia imaginar uma vida sem Carlos. O que eles tinham era doloroso, mas também irresistível. Ela estava presa em uma espiral de dependência emocional.
Foi numa tarde comum que o telefone tocou, mas dessa vez, não era Carlos. Era uma amiga de longa data, alguém que conhecia sua vida, mas nunca soubera de sua relação secreta. Elas marcaram um café. Talvez aquela distração ajudasse a afastar os pensamentos incessantes sobre ele.
Sentadas em uma mesa no canto de uma cafeteria tranquila, a amiga começou a contar sobre sua vida amorosa, cheia de dramas e confusões. Era bom ouvir sobre outra pessoa, por um momento, esquecer de si mesma. Mas então, entre uma conversa e outra, a amiga comentou algo que a fez congelar.
— Ah, e você viu? O Carlos Sainz está noivo! — disse a amiga, como se fosse um detalhe trivial. — Saiu em todos os jornais hoje, um anel lindo, eles pareciam tão felizes!
O mundo ao redor dela começou a girar. Noivo? Era impossível. Carlos jamais mencionara nada sobre um noivado. Ela sentiu o coração parar por um instante e depois acelerar em um ritmo frenético. Tentou manter a calma na frente da amiga, sorrindo fracamente, como se a notícia não a afetasse, mas por dentro, estava desmoronando.
Ela desculpou-se rapidamente e saiu do café, as mãos trêmulas enquanto tentava digitar no celular. As notícias estavam por toda parte. Fotos de Carlos e sua namorada, sorrindo, ela exibindo um anel de diamantes enorme, em uma festa glamorosa. A legenda era clara: "Carlos Sainz e sua namorada de longa data, agora noiva, preparam-se para o casamento."
Ela mal conseguia respirar. O choque a atingiu como uma avalanche. A dor no peito era física, uma pressão sufocante que a impedia de pensar com clareza. Todos os momentos que passaram juntos, todas as promessas implícitas, as juras de desejo, tudo se despedaçou diante de seus olhos.
Carlos a tinha usado. Sempre soubera que ele tinha uma vida com outra mulher, mas o noivado tornava aquilo real de uma forma que ela nunca tinha imaginado. Ele nunca a escolheria. Nunca. E agora, tudo aquilo que ela se forçara a acreditar — que de alguma maneira ele a amava, que um dia a escolheria — mostrava-se uma ilusão cruel.
Ela voltou para casa em transe, tentando processar o que aquilo significava. As lágrimas começaram a cair sem que ela percebesse. Durante anos, vivera à sombra de um amor falso, esperando por migalhas, enquanto Carlos construía uma vida perfeita com outra pessoa.
O telefone tocou novamente. Era ele. Claro que era. Ele sempre sabia quando as coisas estavam à beira do colapso. Talvez tivesse visto as notícias, talvez soubesse que ela descobriria. Mas desta vez, ela não quis atender. Não queria ouvir suas mentiras, suas desculpas vazias. Desligou o celular, jogando-o na cama.
As horas passaram, e ela ficou no escuro, deitada, o peso da traição esmagando seu peito. As lembranças dos momentos que compartilharam vinham à tona, cada sorriso, cada toque, agora contaminados pela verdade. Carlos nunca foi sincero. Sempre soubera que ele pertencia a outra, mas no fundo, ainda acreditava que ele poderia mudar, que ele a amava de alguma forma.
Naquela noite, ela sonhou com ele. No sonho, estavam juntos em um lugar sem nome, e ele a abraçava, prometendo que tudo ficaria bem. Mas, no fundo, sabia que era mentira. Quando acordou, o vazio ao seu lado era insuportável.
Ela precisava de um fim. Não podia continuar vivendo essa mentira.
Dias depois...
Ela finalmente decidiu encontrá-lo. Carlos insistia em falar com ela, e ela sabia que precisava ouvir o que ele tinha a dizer, mesmo que isso significasse enfrentar a realidade mais cruel. Marcaram um encontro no mesmo hotel de sempre, o lugar que simbolizava tudo o que eles eram: um segredo.
Quando entrou no quarto, Carlos já estava lá, nervoso, andando de um lado para o outro. Ele a olhou quando entrou, seus olhos revelando a culpa que ele provavelmente tentava esconder.
— Eu posso explicar — ele começou, a voz baixa, quase implorando.
Ela cruzou os braços, mantendo uma distância. As palavras que queria dizer estavam presas na garganta, mas ela o deixou falar.
— O noivado... foi uma decisão rápida, algo que eu não esperava. Minha família... a pressão... eu... — Carlos parou, passando a mão pelos cabelos, como se buscasse uma desculpa melhor. — Eu não queria que você descobrisse assim.
Ela riu amargamente, balançando a cabeça.
— E como você achava que eu ia descobrir, Carlos? Você ia me contar algum dia, ou ia continuar me mantendo na sombra enquanto planejava se casar com outra pessoa?
Ele suspirou, derrotado.
— Eu não sei... — murmurou. — Eu estou confuso, sabe que eu me importo com você.
— Não, Carlos, você não se importa o suficiente — ela respondeu, com a voz mais firme do que sentia por dentro. — Se você se importasse, não me deixaria nesse lugar, vivendo dessa maneira, esperando por algo que nunca virá. Você fez sua escolha. E agora eu vou fazer a minha.
Ele tentou se aproximar, mas ela recuou.
— Não. Não me peça para continuar nisso. Eu não sou mais aquela que vai aceitar ser a outra, que vai viver à margem da sua vida perfeita.
Carlos a olhou, a expressão cheia de dor, mas ele sabia que não podia contestar. Ela finalmente havia chegado ao ponto em que suas palavras não tinham mais poder sobre ela.
— Eu te amo — ele disse, quase num sussurro.
Ela sorriu com tristeza.
— Talvez você ame. Mas não o suficiente.
Virando-se, ela caminhou em direção à porta. Quando a fechou atrás de si, sentiu uma liberdade que não sentia há anos. Pela primeira vez, o vazio que Carlos deixava para trás parecia ser um espaço que ela finalmente poderia preencher com algo que fosse só dela.
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Segredo-Carlos Sainz
FanfictionSHORT FIC|| Sinopse: Ela nunca quis se apaixonar por ele. Sabia da reputação de Carlos Sainz: um piloto talentoso, com um sorriso sedutor que encantava a todos. E, acima de tudo, sabia que ele já tinha alguém... Mas as coisas saíram do controle quan...