XIV

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Carlos passou o restante do dia em silêncio, absorvido em seus próprios pensamentos

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Carlos passou o restante do dia em silêncio, absorvido em seus próprios pensamentos. A conversa com seu pai tinha mexido com ele, forçando-o a enfrentar uma verdade que evitara até então: ele estava em cima do muro, hesitando entre uma paixão intensa e o medo de se comprometer.

No fim da tarde, pegou o celular e digitou uma mensagem para ela, convidando-a para encontrar-se com ele. Queria ser honesto, esclarecer o que se passava em sua cabeça antes que ela se cansasse da sua indecisão. Minutos depois, recebeu a resposta dela, concordando em encontrá-lo mais tarde.

Quando ela chegou ao restaurante, Carlos já estava esperando, os olhos fixos na entrada. Assim que a viu, sentiu o coração acelerar, e a dúvida que o atormentava deu lugar ao simples desejo de estar ao lado dela. Ela se aproximou com um sorriso leve, mas ele notou uma cautela em seu olhar, como se ela também soubesse que aquele encontro poderia mudar tudo.

— Oi — ela disse, sentando-se à sua frente.

— Oi — Carlos respondeu, e por um instante ficaram em silêncio, cada um esperando o outro falar.

Finalmente, ele tomou coragem.

— Eu queria te ver porque... preciso ser honesto com você. O que temos me fez perceber muitas coisas, e estou tentando entender o que quero para mim, para nós.

Ela assentiu, esperando que ele continuasse. Carlos respirou fundo, escolhendo as palavras com cuidado.

— Eu gosto de você, de verdade — ele disse. — Gosto da forma como me sinto quando estamos juntos, da maneira como você consegue me entender sem que eu precise dizer nada. Mas... eu não sei se estou pronto para tudo o que você merece.

Ela franziu as sobrancelhas, e ele viu o brilho de mágoa em seus olhos.

— Então, o que exatamente você quer, Carlos? Porque eu não posso continuar assim, esperando por uma decisão que talvez nunca venha. Eu mereço mais, e você sabe disso.

Carlos abaixou o olhar, sentindo o peso da sua hesitação. Ele queria lutar por ela, mas sabia que não podia prometer mais do que era capaz de cumprir.

— Eu sei que você merece mais — ele admitiu. — E, se eu pudesse, te daria tudo. Mas tem algo em mim que ainda me impede. Tenho medo de te machucar, de te fazer esperar enquanto ainda estou dividido. Talvez seja egoísmo, mas não sei se consigo enfrentar todo o resto por nós.

Ela ficou em silêncio por um momento, absorvendo aquelas palavras. Quando finalmente falou, sua voz estava firme, mas cheia de emoção.

— Se você realmente me quisesse, Carlos, estaria disposto a lutar. O medo faz parte, eu sei disso. Mas, se não está pronto para me escolher agora, então talvez nunca esteja.

Ele olhou para ela, sentindo o peso das palavras dela. Aquela era a verdade que ele tentava evitar.

— Acho que você está certa — disse ele, a voz carregada de arrependimento. — Talvez eu realmente não seja o homem que você precisa.

Ela respirou fundo, e ele viu o momento exato em que ela aceitou aquela verdade. Uma lágrima silenciosa escorreu por seu rosto, mas ela manteve a cabeça erguida.

— Então, é isso? — ela perguntou, tentando conter a voz embargada.

Carlos apenas assentiu, o coração apertado ao perceber o que acabava de perder.

— Eu queria ser o homem certo para você — ele sussurrou. — Queria ser alguém que tivesse coragem para enfrentar tudo isso ao seu lado. Mas não posso prometer o que não sei se posso cumprir.

Ela sorriu, um sorriso triste, como se finalmente entendesse a verdade que ele vinha escondendo.

— Espero que você encontre o que procura, Carlos. E, quando estiver pronto para realmente amar, espero que valorize quem estiver ao seu lado.

Ela se levantou e, com um último olhar, saiu do restaurante, deixando Carlos sozinho com suas escolhas. Ele sabia que acabara de perder algo especial, talvez a única coisa que o fazia sentir-se completo.

Enquanto ela desaparecia pela porta, ele sentiu a solidão apertar o peito. Sabia que, um dia, olharia para trás e lamentaria não ter lutado. Mas, naquele momento, só conseguia sentir o peso da própria indecisão.

E, pela primeira vez, Carlos percebeu que algumas escolhas, uma vez feitas, são impossíveis de desfazer.

Segredo-Carlos SainzOnde histórias criam vida. Descubra agora