Segredo-Carlos Sainz

IX

O tempo passou, mas a imagem de Carlos não saiu de sua mente. Embora estivesse se esforçando para se reconectar com a vida, havia um canto escuro de seu coração que ainda pulsava por ele. A cada dia que passava sem notícias, a falta que ele fazia se tornava mais insuportável. Ela tentava se distrair, mas a verdade era que ainda o amava.

Uma tarde, enquanto estava no trabalho, um e-mail com o título "Convite" apareceu na tela. Era de Carlos. O coração dela disparou ao ler as palavras que ele havia escrito:

"Oi. Estou organizando um jantar em um restaurante que você adora. Seria ótimo ter você lá. Espero que possa vir. Carlos."

Ela olhou para a tela, a mensagem causando um turbilhão de emoções. Parte dela queria ignorar, dizer a si mesma que tinha seguido em frente. Mas a outra parte — a parte que ainda sonhava com os momentos que compartilharam — queria desesperadamente aceitar o convite.

Após alguns minutos de indecisão, ela decidiu ir. Precisava confrontar seus sentimentos. Precisava entender se ainda havia algo entre eles.

No dia do jantar, vestiu-se com cuidado, escolhendo um vestido que a fizesse se sentir poderosa e atraente. Ao olhar-se no espelho, percebeu que a confiança estava voltando, mas a ansiedade também a acompanhava. O coração batia descompassado enquanto ela dirigia até o restaurante.

Ao entrar, o ambiente estava iluminado suavemente, criando uma atmosfera íntima. Carlos a avistou imediatamente e seu rosto iluminou-se com um sorriso que ela conhecia tão bem. Ele estava mais bonito do que nunca, vestido com um terno escuro que realçava sua figura. Mas a expressão nos olhos dele era o que a fazia sentir um frio na barriga. Havia um misto de felicidade e vulnerabilidade.

— Você veio! — ele disse, se aproximando para cumprimentá-la. O abraço foi caloroso e apertado, e ela se sentiu em casa novamente, como se nada tivesse mudado.

— Eu não poderia perder a oportunidade de comer aqui — ela brincou, tentando manter a leveza na conversa.

O jantar começou, e eles conversaram sobre trivialidades, mas havia uma tensão palpável no ar. O olhar de Carlos frequentemente desviava para ela, e o jeito como ele a observava fazia seu coração acelerar. Com o passar da noite, as conversas se tornaram mais profundas, e o riso mais fácil. No fundo, ambos sabiam que havia algo não dito pairando entre eles.

— Sinto sua falta — Carlos disse, em um momento de silêncio que se estendeu entre eles. A confissão estava à beira de seus lábios, e ela ficou paralisada.

— Eu também sinto sua falta — ela respondeu, a voz tremendo. Não queria admitir, mas a verdade era que ainda o amava com uma intensidade avassaladora.

Carlos inclinou-se para mais perto, seus olhos escuros cheios de emoção.

— Eu cometi um erro ao me envolver com outra pessoa. Nunca quis que você se sentisse como uma opção. Você é a única que realmente importa para mim.

Aquelas palavras a atingiram como um golpe. Tudo o que ela desejava ouvir, tudo o que sempre acreditou que estava destinado a ser. Mas as feridas ainda estavam abertas, e a dor da traição não poderia ser esquecida tão facilmente.

— E quanto ao seu noivado? — ela questionou, a dor em sua voz evidente. — Você ainda está com ela.

Carlos hesitou, a expressão em seu rosto se transformando em frustração.

— Não, não estou. As coisas mudaram. Percebi que eu não posso continuar me enganando. Você é quem eu realmente quero.

O calor das palavras o envolvia, e ela podia sentir as barreiras em seu coração começando a desmoronar. Mas ainda havia um medo profundo, a insegurança de se entregar novamente a um amor que poderia doer.

— Eu não quero ser a segunda opção, Carlos. — A firmeza em sua voz era uma tentativa de se proteger, mesmo enquanto seu coração pulsava com esperança.

— Você nunca foi uma opção. — A sinceridade em sua resposta a fez estremecer. — Eu estava perdido, mas agora percebo que a única pessoa que eu quero ao meu lado é você. Se você me der uma chance, prometo que farei tudo certo dessa vez.

Ela olhou nos olhos dele e viu a sinceridade que tanto procurara. A dor do passado ainda a seguia, mas havia algo inegável entre eles — uma chama que nunca se apagou completamente.

A decisão que tomaria não seria fácil, mas, ao mesmo tempo, seu coração clamava por Carlos. A ideia de estar novamente em seus braços, de sentir o calor do amor que sempre existiu entre eles, era tentadora.

— Eu... — ela começou, hesitante, mas Carlos a interrompeu.

— Não precisa decidir agora. Apenas saiba que estarei aqui, esperando por você. E, se você quiser, podemos tentar novamente.

Ela sorriu, o calor do amor pulsando entre eles. Embora ainda houvesse dúvidas e medos, a ideia de dar uma nova chance a Carlos parecia a escolha certa. Poderia não ser fácil, mas o amor que sentia por ele era forte o suficiente para enfrentar as tempestades que estavam por vir.

Quando o jantar terminou, eles saíram juntos do restaurante, e a conexão entre eles estava mais forte do que nunca. Assim que pisaram na calçada, Carlos a puxou para perto, seus lábios encontrando os dela em um beijo suave, mas cheio de promessas. E, naquele momento, ela soube que estava disposta a se arriscar novamente.