Capítulo 43

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Ana Flávia

– Argh...

– Está tudo bem.

– Arghhh!

– Gustavo, respire.

Minha cintura estava decorada em sua totalidade por manchas roxas e vermelhas. A parte superior das minhas coxas, perto da virilha, estava muito dolorida e com manchas verdes nas laterais. Meus antebraços tinham alguns arranhões e pude ver claramente uma trilha de chupões que ia do meu umbigo até meu seio esquerdo.

Eu lembrava um pouco uma girafa albina.

– Pelo menos não tem nada no meu pesc...

– Aaaarrgh...

– Quer parar de gemer? Eu estou bem!

– Não está nada bem! Você parece ter sido espancada! Não vou mais tocar em você...

Levantei uma sobrancelha encarando-o pelo reflexo do espelho enorme do closet, desafiando-o a prometer aquilo.

– Pelo menos até essas manchas sumirem... - Ele se corrigiu rapidamente.

– Sabe quanto tempo mais ou menos elas demoram a desaparecer? Três semanas.

– Merda!

Gustavo estava puto porque sabia que meus hematomas eram culpa dele. Mas eu achava que talvez já estivesse na hora de superarmos isso, porque era um problema que sempre existiria. Toda vez que ele me tocasse intimamente eu acabaria marcada.

– Você está preocupado comigo porque ainda não viu suas costas.

Ele se virou de costas para o espelho, olhando para trás para ver o reflexo da parte de trás do seu tronco.

– Uau... Parece que um gato amolou as unhas em mim...

E parecia mesmo. Alguns arranhões eram apenas pele empolada, mas outros eram cortes visíveis e vermelhos que rasgavam suas costas da altura dos ombros até a lombar. Ele abaixou um pouco a barra da calça que vestia apenas para se certificar de que os arranhões não paravam por ali, mas continuavam em um caminho muito mais abaixo.

– Viu só? Não sou tão indefesa. - Falei sorrindo, mas um pouco culpada também - Não ardeu no banho?

– Um pouco, mas não dei atenção.

– Temos que passar algum remédio aí...

– Não precisa, as roupas cobrem.

Bem, isso dava a ele uma pequena vantagem sobre mim. Seria difícil achar alguma coisa própria para uma festa de Reveillon e que cobrisse todos os hematomas que contrastavam fortemente com a minha pele clara demais.

Aliás, eu não lembrava sequer se tinha alguma roupa clara para vestir.

– Acho que dei sorte... - Ele disse, saindo do closet e indo para o quarto, me deixando na frente do espelho sozinha por algum tempo.

Voltou alguns segundos depois, me entregando um embrulho.

Encarei-o irritada, esperando alguma explicação.

– Que foi? Você precisava de um vestido pro Reveillon...

– Eu duvido que não tenha nada que possa ser vestido no meio daquela tonelada de roupas que você comprou pra mim.

– Mas essa é uma ocasião especial, então eu tive que comprar à parte. Abra.

Continuei encarando-o apenas para deixar claro meu descontentamento. Não queria ser mal educada, mas também queria que ele parasse de fazer aquilo.

De repente...Amor / MiotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora