Capítulo 33

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Algum tempo depois, a porta foi aberta e eu tive que esperar um pouco para que meus pensamentos, antes na ponta da língua, voltassem a fazer sentido. Tudo isso porque o desgraçado, obviamente de propósito, vestia nada além de uma boxer azul-marinho que delineava os músculos das pernas e do abdômen com uma perfeição angustiante. Seus cabelos estavam completamente molhados e o cheiro do sabonete nele me deixava um pouco tonta.

- Não está muito frio pra isso? - Perguntei, sentindo uma raiva irracional do meu próprio descontrole.

- Não. Aqui está um forno, o aquecedor está forte demais.

- Então diminua o aquecedor e ponha uma roupa.

- Por quê?

Para que eu possa parar de babar como um cachorro faminto.

- Você vai pegar um resfriado.

- Não se preocupe com a minha saúde. O que é isso?

Gustavo apontou para os itens em minhas mãos, me fazendo lembrar do que eu deveria fazer.

- Coisas que eu queria te mostrar.

Ele se sentou ao meu lado na cama - excessivamente perto, fazendo com que todos os perfumes do banho recém tomado me aturdissem mais um pouco - e analisou com interesse o papel que eu segurava.

- São exames. - Comecei, entregando a ele a folha dobrada - Eu sempre fiz a cada três meses. Você sabe, exames de rotina necessários pra... mim.

Aquele assunto era delicado, e se eu não tomasse muito cuidado com as palavras, nossa noite se tornaria extremamente desagradável de uma hora para outra.

Naquela folha estavam exames que provavam o que eu havia dito a ele na noite anterior:

eu estava limpa de qualquer doença que pudesse vir a ter por causa do meu passado.

- Esses exames foram feitos há um mês atrás. - Indiquei com o dedo a data na extremidade superior do papel - E eu juro que não estive com ninguém, desde o dia em que você foi embora até o dia que você voltou.

- Eu acreditei ontem. - Ele disse, numa voz baixa e um pouco seca, mas ainda analisando o que dizia o papel.

- Mesmo assim, pra você não ter dúvidas...

- Eu parecia ter alguma dúvida ontem, quando te comi três vezes sem camisinha?

- Eu só queria provar, ok? - Me surpeendi com minha própria voz, que saiu mais alta e mais séria do que jamais havia ouvido antes.

Gudtsvo pareceu notar isso também, então tudo o que fez por um bom tempo foi me encarar com uma expressão séria, mas leve. Então, sem ter mais nenhuma forma de levar o assunto adiante, ele finalmente se rendeu.

- Ok.

Tirei o papel de suas mãos com um pouco mais de força do que desejava, mas não me desculpei.

- Esse é o anticoncepcional que eu tomo. - Mostrei a cartela com os comprimidos, ainda no início - Você também não vai ser pai antes da hora.

Ele encarou a embalagem em suas mãos, sem dizer nada. Suspirou profundamente, me entregando de volta sem nenhuma reação.

- É uma pena que você precise me mostrar essas coisas pra se sentir melhor.

- Eu achei que você fosse ficar mais tranquilo se visse.

- E eu achei estar claro que confio em você. Não precisa me provar nada, basta dizer e eu acredito. Por acaso eu também preciso mostrar algum exame pra que você tenha certeza...

De repente...Amor / MiotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora