Capítulo 50

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Caminhei pelo quarto, tentando me conter. Fiquei assim por alguns minutos, até que ele finalmente teve a bondade de se juntar a mim outra vez.

- Está tudo bem? - Ele perguntou, me observando no canto do quarto, de braços cruzados.

- Quero que você sente. - Falei, sem rodeios.

- Por quê? - Ele rebateu, sua voz soando um pouco preocupada.

- Porque quero conversar com você.

Ele me encarou ansioso, e, tomado pela curiosidade, foi se sentar na ponta da cama, só para que eu falasse logo.

- O que foi? É alguma coisa com ela?

- Não. Ela está muito bem. - Respondi, sentindo meu sangue começar a ferver.

- Então o que foi? Você quer alguma coisa?

Encarei-o por algum tempo, tentando achar as palavras certas para começar aquela conversa.

- Quero. Quero uma coisa.

- O que é? - Ele se apressou em falar - Seja o que for, você sabe que pode pedir...

- Quero sexo.

Aquilo pode ter parecido um pouco inapropriado, mas eu não estava me importando muito com isso. O importante era passar o recado, da forma mais limpa e cristalina o possível.

Como Gustavo não respondeu, finalizei meu pequeno discurso.

- Agora, se for possível.

- Ahm... - Ele falou, se mexendo na ponta da cama e olhando para a parede oposta. Mas eu já estava preparada para a desculpa que viria a seguir, fosse ela qual fosse - É que... Minha cabeça, ela está me matando...

- E desde quando você nega uma trepada por causa de uma dor de cabeça? - Falei, agora completamente hostil.

Ele me encarou surpreso.

- Eu... Você sabe que meu dia foi cheio... - Ele começou, mas o interrompi sem a menor educação.

- Gustavo, não seja mentiroso! Se eu dissesse que estava passando mal, você não mediria esforços pra me levar pro primeiro hospital. Mas como tudo que eu quero é transar, depois de SEMANAS na seca, você parece indisposto?

Ele não respondeu, e pelo menos fiquei mais satisfeita por ele não ter insistido na mentira.

- O que diabos está acontecendo? Por que você não encosta um dedo em mim? - Falei, já não conseguindo mais disfarçar minha completa indignação.

- Amor...

- É porque eu vou ser mãe? Porque se for isso, tenho que te informar que continuo sendo mulher. - Falei, de forma amarga e irônica.

- Eu sei...

- Então é isso? - Insisti, já com vontade de chorar outra vez.

- Não! Não é isso!

- O que é então? Você não se sente mais atraído por mim? - Perguntei, sentindo uma leve dor no peito pela possível rejeição.

- Claro que sinto atração por você! - Ele respondeu, parecendo incrédulo.

- É porque eu estou ficando gorda? É a minha barriga? Meu corpo não está como você queria? - Gustavo suspirou, e por um segundo imaginei que ele estivesse começando a perder a paciência.

- Ana, por favor, não fale besteiras...

- Você tem se aliviado com outras mulheres? - Perguntei antes que pudesse pensar se aquela era uma pergunta adequada.

De repente...Amor / MiotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora