Capítulo 56

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Ana Flávia

- E o bolo tem que ter, pelo menos, cinco andares!

Wendy e eu olhamos para Sabina com cara de espanto, mas ela não pareceu notar.

Não eram nem 10h da manhã naquela segunda-feira, e talvez eu estivesse ainda com muito sono para entender os exageros dela.

- Você é maluca? - Gustavo soltou, sem deixar de sorrir - Nosso casamento não vai ter nem 70 convidados.

- Porque você está deixando um monte de gente de fora. - Ela argumentou.

- Só estou chamando quem realmente me importa, Sabina. Ana quer uma festa pequena, então vamos fazer uma festa pequena. Vai ser um bolo pra 70 convidados, no máximo. Se encomendar um de cinco andares, pode me dizer onde diabos eu vou enfiar tudo que sobrar?

- Posso. Você pode enfiar n...

- Ana! - Wendy interrompeu-a, voltando nossa atenção para as mais de dez revistas espalhadas pela mesa - Quantos andares você gostaria que o bolo tivesse?

- Não sei... - Falei, temendo que Sabina simplesmente parasse de falar comigo, ou pior, me assassinasse - Eu pensei em... Dois?

- Eu acho excelente. - Wendy falou, dando um sorriso maternal - Dois andares bem largos são mais do que o suficiente. Gustavo?

- De acordo.

Era surpreendente como conseguíamos decidir as coisas, mesmo com Sabina ao nosso lado. Diferentemente do que eu imaginava, ela não estava se metendo em cada pequeno detalhe e batendo o pé por decisões que não lhe cabiam. Mesmo que se mostrasse claramente contra, ela aceitava e não insistia na discussão. E isso, juntamente com a objetividade de Gustavo e as boas ideias de Wendy, fazia com que as decisões fossem tomadas com bastante rapidez.

- Gustavo, vamos escolher o buquê agora. - Sabina falou, abrindo um laptop à nossa frente com ar de executiva - Vá catar cocos.

- Por que eu tenho que sair? - Ele perguntou, um pouco contrariado - Até onde eu sei, é o vestido da noiva que o noivo não pode ver antes do casamento. Essa regra não se aplica ao buquê.

- A noiva inteira tem que ser uma surpresa. Do vestido à cor do esmalte. - Sabina retrucou.

- Gustavo, ela está certa. - Falei, e Sabina sorriu triunfante.

Ele sorriu também.

- E você realmente acha que eu não sei qual flor vai estar no seu buquê? - Ele perguntou, divertido, enquanto enrolava uma mecha do meu cabelo no seu indicador.

Encarei-o por um momento, apenas para chegar à óbvia conclusão de que ele estava certo. Gustavo sabia a flor que eu escolheria. Porque eu gostava de todas as flores, mas uma era especial. Simplesmente porque ele mesmo a havia tornado especial. Claro que ele sabia.

- Ei!

Gustavo e eu olhamos para frente, procurando pelo dono do "ei", e fomos cegados com um flash.

- Obrigado. - Bailey disse, e como se fosse a coisa mais natural do mundo, se retirou com uma câmera na mão sem se preocupar em explicar absolutamente nada.

- Gustavo, xô! - Sabina falou, chutando as pernas da cadeira dele. Ele fez um movimento esquisito com as mãos, como se quisesse esganá-la, e então me intrometi.

- Gustavo, estou com fome. Faz um sanduíche pra mim? - Pedi, com cara de abandono.

- Claro, amor! - Ele consentiu, já se levantando - Quer um sanduíche de quê?

De repente...Amor / MiotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora