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É interessante olhar pro passado às vezes, olhar pra alguns meses apenas e notar que eu não fazia ideia de onde minha vida estaria agora. Mais especificamente, olhar pra sexta-feira em que eu coloquei meus olhos nela e senti uma necessidade louca de chegar perto, de me aproximar dela. 

Talvez tenha sido o meu sexto sentido me dizendo que aquela menina do sorriso lindo e repetidas reviradas de olhos para a irmã do Gabi, era o amor da minha vida.

 Essa menina rindo alto conversando com os pais e os nossos amigos, é o amor da minha vida.

— Chileno. Ajuda a gente aqui rapidinho. – Léo me diz, me levanto vendo as meninas sentadas numa rodinha tomando uma caipirinha e conversando. — E aí, trouxe? Vai querer fazer?

— Sim. – afirmo. 

Subo rápido das escadas e vasculho minha mochila, retiro o que estava procurando da mala e coloco no bolso do calção. Volto a cozinha e Léo está segurando o jogo de charadas na mão, Gabi e ele estão mais ansiosos que eu.

Meu sogro me olha curioso, respiro fundo.

— Me permite dar isso pra sua filha? – mostro a ele.

Seu sorriso cresce e seus olhos ficam marejados, ele me puxa pra si e me aperta com força, dando tapas leves nas minhas costas.

— Eu seria louco se não permitisse. – ele concorda. — Tem toda a minha aprovação, garoto.

Sorrio aliviado.

— Meninas, vamos jogar charadas? – Gabi diz saindo de dentro da casa.

— Vamos! – a minha linda é a primeira a se levantar e vir na mesa junto conosco.

Ela se senta ao meu lado. Léo coloca as cartas em cima da mesa e todos nós pegamos uma em cada rodada.

O jogo era engraçado, todo mundo dizendo coisas sem sentido mesmo pensando muito.

— Vai chileno, sua vez. – Léo me diz e me faz sinal com a cabeça.

A hora era agora.

— O que é, o que é.. redondo e simboliza o infinito. – dessa vez em especial, olhei diretamente para ela.

Ela franziu o rostinho lindo, pensativa.

— Um anel? – ela diz.

Sorrio  e passo a mão no bolso do calção retirando as duas alianças de dentro do mesmo.

— É.. é um anel. – digo a ela.

Os olhinhos ficam arregalados me olhando e então olhando a todos presentes ali.

Meu coração dispara, minha cabeça começa a me questionar se ela me diria não naquele instante. Será que eu apressei muito? Será que ela queria que fosse algo mais intimo?

Meu corpo todo fica leve quando ela segura meu rosto e me deixa um selinho nos lábios, os olhos marejados e o sorriso trêmulo nos lábios.

— Meu Deus.. é tão lindo.. – ela estica a mãozinha com o anel no dedo e é a minha vez de ficar com os olhos marejados.

Como pode alguém tão pequena, ter se tornado o meu mundo inteiro.

— Pera aí. O Gabriel tá chorando?! – meu sogro praticamente grita e nós começamos a rir todos juntos da situação.

[..]

— Sua água. – digo balançando a garrafa e entrando no quarto fechando a porta.

— Não estou com sede lindo. – ela diz sentadinha na cama com as pernas cruzadas, o pijama de panda realçando ainda mais a beleza dela. 

— Mas sempre fica. – respondo. — Toda vez que você dorme lá em casa você me pede pra ir pegar água pra você.

Older. | Erick PulgarOnde histórias criam vida. Descubra agora