Older. | Erick Pulgar

21

Meu celular vibrou assim que que eu sai do banho, senti o nervosismo me atingir a ver o nome dela na tela. Eu sei que parece coisa boba, ficar nervoso porque minha namorada vai vir me ver depois de uma semana ser nos vermos, ela com as aulas de ballet e eu com treinos para o brasileirão e a Copa do Brasil.

—Oi meu amor. – digo contendo o entusiasmo na minha voz.

—Oi lindo. – ela parece cansada. — Estou pedindo o Uber. O que vai querer comer?

— Vemos quando chegar aqui. Estava pensando em uma pizza. – ela concorda. — Quanto tempo até você chegar? Consegue me dar uma média?

—Acho que uns vinte minutos.

— Tá bom linda. Eu fico te esperando, tá bom? – pergunto.

— Tá bom meu amor. Até daqui quinze minutos.

— Eu vou desligar então linda, nos vemos a hora que você chegar em casa. Você deve estar cansada, não deve ser fácil dar aula pra pequenas bailarinas.

— E um bailarino. – ela ri.

— Hum.. não sei se gostei. Quer dizer que você convive com um homem?

Ela ri. — Sim. E ele é muito charmoso.

— Ótimo. Tenho concorrência então.. – ela continua rindo.

— Meu uber chegou. Droga, se eu tivesse tirado a carteira, já estaria aí.. – sua voz é cansada.

—Uhum. Mas tudo isso vai se resolver quando você tirar a carteira de motorista.

—Tenho que passar no teste prático dessa vez. Me recuso tentar uma terceira vez. – dou uma risadinha e puxo comigo a tábua de frios, posicionando na mesa de centro da sala.

—Mas vai. – afirmo pra ela.

—Não. Não vou. – eu amo a minha teimosa.

—Vai. Vai sim.Seu namorado vai te motivar a tentar quantas vezes forem necessárias.

—Meu namorado é um chato. – ela diz rindo pelo nariz.

—Seu namorado te ama. – sorrio dizendo isso. — Até mais tarde, linda.

—Até. Te amo.

—Te amo mais.

Ela desliga.

E eu me apresso em arrumar todo o restante. Abro o vinho e já sirvo nas taças, deixo o refrigerante na geladeira caso ela não esteja com a personalidade para o alcool e puxei a caixa com os nossos doces favoritos, colocando junto a tábua de frios.

Acendi as pequenas velas (sem cheiro, ela não gosta do cheiro de vela) mas adora o clima que elas deixam no ambiente. Eu espero que ela me ajude a apagar as cem velas depois.

Retiro a caixinha com as alianças novas do bolso e encaro por alguns instantes. Um sorriso bobo me escapa e eu suspiro, acho que estou apaixonado.

Dos vinte minutos que ela me deu, já se passaram dez. Desligo as luzes e fico atrás da porta aonde normalmente fica um cabideiro. Não demoro a escutar os passos se aproximando da porta e então o barulho da trava destrancando.

Ela encarou atentamente as velas espalhadas virada de costas pra mim.

—Tá legal. Aonde você está? – ela perguntou risonha.

Passei meus braços em sua volta e ela pareceu levar um susto, mas abraçou meus braços e suspirou quando eu selei seu pescoço com tranquilidade. 

— Hum.. finalmente em casa. – ela diz soltando um longo suspiro.