Capítulo 57 🥀

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Sinto-me estranha, como se tivesse toneladas em cima do meu corpo, muito mais pesada que o normal. Tento abrir os olhos, duas tentativas e nada, respiro fundo e tento pela terceira vez, mas me arrependo na mesma hora que uma claridade forte me atinge. Pisco algumas vezes para me acostumar com a luz, encaro o teto e percebo estar em um lugar conhecido, meu quarto.

— Ela acordou! — Franzo o cenho, minha cabeça parece que vai explodir. Conheço muita bem a voz dessa louca que acabou de gritar, numa tentativa de danificar meus tímpanos, Carol.
— Querida? - Ouço a voz doce da minha mãe próximo a mim.

Forço minha cabeça em direção àquela voz. Mamma, Carol e Alzira me encaram, vejo algo como preocupação e cansaço no rosto delas.

— Mamma... - Tento responder, mas minha voz sai estranha, nem ao menos reconheço esse som que acabou de sair da minha boca.
— Oh meu amor, fiquei tão preocupada. - Mamma afaga meus cabelos com os seus dedos macios.
— Você quase nos matou do coração, sua louca! — balbucia Carol, apontando seu dedo indicador em minha direção.
— Não fale assim com ela, menina. —Finalmente Alzira fala algo.
Sorrio com a cena das três próximas a minha cama, brigando para ver quem tem minha atenção. Eu as amo, amo muito.

— Eu estou bem. — Tento confortá-las, dessa vez minha voz sai como um sussurro, melhor do que antes.
— Vou fazer uma sopa para você comer — diz mamma, fazendo menção de sair.
— Eu te ajudo, precisamos deixá-la forte — replica Alzira acompanhando mamma até que as duas estejam fora do quarto.
Reviro os olhos, por que todos sempre têm a mesma ideia de fazer sopa para doentes? Aquilo não é bom, só vai me fazer ficar ainda pior.

— Fiquei realmente preocupada com você. — Carol diz, sentando-se na ponta da cama.
— Eu estou ótima. — Tento sentar, mas algo arde em minha mão, e só então percebo estar com uma agulha enfiada no dorso da mão, conectada a um cano fino e longo. Olho para cima e... merda, isso é um soro?
— Que porra é essa? — digo quando tento puxar minha mão para longe daquilo. Eu odeio agulhas, odeio ter que tomar soro direto na veia e odeio médicos.
— Isso é um soro, não reconhece quando vê um? — pergunta irônica.
— Vai à merda Carol. Tira isso de mim agora. Eu já disse que estou bem! — esbravejo.
— Você não está nada bem! Foi sequestrada, levou um tiro no braço e fraturou uma costela, fora os hematomas em seu rosto.

Coloco a mão em meu peito e sinto algo como uma faixa em volta dele, eu sabia que tinha quebrado algo dentro de mim.
Respiro fundo e digo:
— Será que pode pedir para alguém tirar isso da minha mão?
— Dr. Harold disse que você deveria tomar o soro até o fim, ele veio te examinar. Victor e seu pai não queriam que te levassem ao hospital, então o Dr. Harold e duas enfermeiras cuidaram de você, fizeram alguns exames e aplicaram medicamentos enquanto você estava desacordada. Ele nos assegurou que você ficaria bem, houve apenas uma pequena fratura em uma das suas costelas do lado direito. Também disse que o tiro em seu braço foi apenas de raspão, cicatrizará em breve, você só precisa ficar em repouso absoluto e daqui a alguns dias estará pronta para outra.
— Carol faz uma pequena pausa e sorriu, retribuo o seu sorriso antes dela prosseguir.
— Precisará fazer mais alguns exames em breve, apenas para confirmar que sua costela está se curando adequadamente.

Suspiro aliviada, afinal estou feliz em saber que foi apenas uma fratura simples em minha costela, naquele galpão a dor fora tanta que pensei em ter fraturado mais de uma.
Isso me faz lembrar tudo que aconteceu, aquela cadeira gelada com várias correntes, homens apontando suas armas em minha direção, o tiro em meu braço, Serguei me chutando enquanto estava caída no chão.
Aquele desgraçado, covarde de merda... O tiro! O tiro acertou-o. O que será que aconteceu? Espero que aquele cretino esteja no inferno neste exato momento.
— Serguei morreu?
— Sim, Victor terminou o que você começou - murmura em resposta. Franzo o cenho. — Gabriel me contou que na hora que você perdeu os sentidos, Victor caminhou em direção ao homem caído e descarregou a arma nele, o transformando em uma peneira insignificante de merda. Palavras do Gabriel.
— Dá de ombros.
— Oh... - Não consigo achar palavras para comentar sobre aquilo.

Victor descarregou toda sua arma em Serguei que já estava caído nochão. Aquele desgraçado me sequestrou e queria me dar para aqueles homens nojentos. Eu que deveria tê-lo matado, usando todos os métodos de tortura que meu pai me ensinou.

— Vou te deixar descansar, afinal eu também preciso dormir, ainda não preguei o olho desde que soube toda a merda que estava acontecendo.
Assinto. Ainda estou tentando assimilar o fato de que Victor descarregou sua arma em Serguei. Isso significa que ele se importa comigo ou será que foi questão de honra?

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