O rei Alfa Lan Zhan tem cumprido seu dever para com o conselho superior nos últimos vinte e cinco anos enquanto espera para reivindicar seu companheiro. Quando chegar a hora, ele não se importa com quem terá que lutar para pegar Wei Ying. O doce ôme...
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Capítulo um
“Vejo você amanhã.”
Wei Ying passou o dedo pelas palavras escritas em Braille, quase sem acreditar. Todos os anos, desde o dia em que nasceu, ele recebia um cartão em seu aniversário. Cada um havia dito: “ Vejo você em tais e tais anos “, com o ano diminuindo a cada vez.
Os cartões de aniversário não tinham nome. Apenas as iniciais LZ.
Wei Ying não tinha ideia de quem era LZ. Ele não conhecia ninguém que tivesse aquelas duas iniciais. Sinceramente, ele não conhecia tantas pessoas.
Os anciãos que cuidaram dele e lhe deram suas lições diárias. Os outros ômegas no mosteiro. Os guardas que mantinham as pessoas no mosteiro seguras. E o advogado — que era gentil o suficiente para traduzir tudo para o braile — vinha uma vez por ano para entregar o cartão de aniversário de Wei Ying para ele.
Era basicamente isso.
Ele foi entregue ao mosteiro na semana em que nasceu. Ele não conhecia outra vida. Ele tinha lido muito e certamente tinha ouvido histórias, mas não sabia quantas delas eram verdadeiras e quantas eram apenas boatos ou desejos.
Wei Ying certamente tinha muitos desejos sobre o mundo exterior. Sonhava em não mais ficar restrito à vida dentro dos muros do mosteiro. Ele queria ver o que havia além daquelas paredes, ou pelo menos experimentar.
Mesmo que fosse apenas por alguns minutos.
“Wei Ying , hora de suas aulas.”
“Sim, velho.” Wei Ying guardou seu último cartão de aniversário em sua caixa de lembranças, então se levantou e seguiu atrás do ancião. Ele estava com a bengala no bolso, mas já havia andado tantas vezes por aqueles corredores que poderia fazê-lo dormindo.
Assim que chegou à primeira aula, ele foi até o local designado e assumiu a postura adequada – uma mão segurando o pulso atrás das costas, a cabeça inclinada para baixo, os olhos baixos e os pés exatamente quinze centímetros afastados. Era uma postura que ele aprendera desde que conseguia ficar de pé com os próprios pés.
Quando o Élder Fallon entrou e ficou na frente da sala, ele bateu palmas e disse: “Tudo bem, vamos começar.”
Ele era um homem de poucas palavras.
Wei Ying começou seus alongamentos, certificando-se de que estava solto e flexível, então se acomodou em sua almofada no chão. Ele cruzou as pernas e colocou as mãos nos joelhos. Ao ouvir o som inconfundível das grades de aço sobre as janelas se erguendo, ergueu o rosto. O primeiro raio de sol tirou um fôlego rápido dele antes que tudo nele se acalmasse.
Ele não entendia muitos dos ensinamentos dos anciãos, mas adorava este. Todas as manhãs, a primeira coisa que ele fazia era meditar enquanto o sol estava nascendo. Os mais velhos insistiram nisso. Eles disseram que ele precisava se concentrar para manter uma atitude calma ao longo do dia.
Wei Ying não tinha certeza de como isso era verdade, mas ele meditava logo de manhã há tanto tempo que não sabia outra maneira de começar o dia. Os dias de verão, quando os mais velhos abriam as portas e os primeiros raios de sol entravam com uma brisa suave, eram os melhores. Wei Ying não podia vê-los, mas com certeza podia sentir o calor do sol e o ar fresco da manhã enquanto eles se moviam em seu rosto.
Wei Ying limpou sua mente e então se concentrou em se encher de calma. Ele sentiu a presença dos outros na sala, seus colegas e professores. À medida que sua consciência do cosmos se movia em um círculo cada vez maior, ele sentiu a presença de mais alunos e professores, os anciãos e os guardas. Ele sentiu tudo isso antes e foi facilmente capaz de silenciar a presença deles.
Havia uma presença que ele estava procurando. Aquele que ele sempre procurou. Ele não podia vê-lo ou ouvi-lo, mas conhecia o calor do homem como uma luz bruxuleante em sua alma. Estava lá desde que ele conseguia se lembrar, confortando-o, acalmando-o quando ele estava com medo. Wei Ying temia o que aconteceria se aquela presença o deixasse.
Ele respirou longa e lentamente e estendeu a mão através do cosmos para o calor, seu homem de ouro entre as estrelas. Ele estava lá fora em algum lugar, esperando. Ele estava sempre esperando. Wei Ying respirou fundo quando sentiu o calor ao seu redor.
Muitas vezes ele se perguntava se os outros tinham um guerreiro de ouro para aquecê-los. Talvez ele fosse o único. Ele não sabia. Ele certamente não perguntou. O pensamento melancólico não era permitido e Wei Ying se preocupava com o que seria feito com ele se algum dos anciãos descobrisse seu segredo.
Ele mergulhou no calor. Se alguém lhe perguntasse qual era o sentimento que flutuava dentro dele cada vez que ele se conectava com seu homem misterioso, ele ficaria sem palavras para descrevê-lo. Era diferente de tudo que ele já havia experimentado em sua vida. Claro, tendo vivido toda a sua existência dentro de um mosteiro, isso não dizia muito.
O tilintar persistente dos sinos despertados tirou Wei Ying de seu estado meditativo. Por mais que quisesse ficar sob o calor do sol, ele sabia que não podia. Ele respirou fundo algumas vezes e abriu os olhos. Ele esperou que os sinos parassem, então se levantou e se arrastou em direção à porta. Era hora de sua próxima aula.
Tae Bo, Taekwondo e Tai Chi. No momento em que ele estava pronto para a pausa para o almoço, todo o seu corpo doía. Amanhã seria pior. Krav Magá. Wei Ying duvidava que ele fosse para a cama sem hematomas graves.
Claro, agora era melhor do que quando ele teve sua primeira aula aos cinco anos de idade. Entre o treinamento com armas corpo a corpo e o combate corpo a corpo, ele foi nocauteado tantas vezes que ficou surpreso por não ter danos cerebrais.
O almoço, quando chegou, foi simples como sempre. Frutas frescas, nozes, queijos fatiados e um pãozinho crocante. O jantar seria um pouco mais elaborado, mas praticamente as mesmas comidas. Os ômegas não comiam carne. Era algo em sua composição genética. Eles não conseguiram processar.
Wei Ying nunca realmente entendeu, mas ele se lembrava vividamente da dor de estômago que sentiu na única vez que experimentou frango. Ele pensou que ia morrer. Ele nunca teve o desejo de experimentar carne novamente.
Wei Ying terminou de comer e se limpou. Uma das muitas coisas que haviam sido marteladas em sua cabeça pelos anciãos era limpeza e não fazer bagunça. Os alunos do mosteiro não deveriam criar trabalho extra para os outros.
Eles estavam sendo treinados para servir, não para serem servidos. Wei Ying apenas não tinha descoberto a quem eles estavam sendo treinados para servir. Nunca mais se ouviu falar de outros ômegas que partiram antes dele. Ele rezou para que isso não fosse um exemplo do que estava por vir, pois ele estava prestes a completar 25 anos, o dia em que seu tempo no mosteiro chegaria ao fim.
Havia apenas duas aulas à tarde, habilidades linguísticas e boas maneiras e etiqueta. Depois disso, Wei Ying passava algumas horas em meditação silenciosa em seu quarto antes de ir para o jantar. Ele tinha três horas para si mesmo à noite, isolado em seu quarto.
Embora as aulas tenham mudado ao longo dos anos à medida que ele crescia, o horário ainda era o mesmo. Wei Ying duvidou que tivesse se desviado desde a primeira vez que entendeu o que era um cronograma.
Apenas uma vez, ele desejou poder escolher o que fazer com seu tempo. Talvez ele gostasse de pintar ou ler um livro que escolheu em vez de um escolhido para ele. Ele até gosta de cozinhar se estiver fazendo isso por diversão e não porque está sendo ensinado a cozinhar para outra pessoa.
Wei Ying suspirou enquanto abria a porta de seu quarto e entrava. Ele silenciosamente fechou a porta e caminhou até seu bloco de meditação. Depois de se sentar e encontrar uma posição confortável, ele ligou o cronômetro por uma hora, fechou os olhos e deixou o mundo desaparecer.
Desta vez, quando ele pegou o calor, veio mais rápido do que de costume, mas havia uma mordida fria nas bordas que Wei Ying não entendeu. Ele sentiu isso uma ou duas vezes ao longo dos anos, mas nunca assim. Mesmo em seu estado meditativo, ele estremeceu.
Ele queria recuar, mas estava enfeitiçado. O calor sempre esteve lá para ele. Ele não se sentia bem em abandoná-lo simplesmente porque algo havia mudado. Ele sabia, mesmo enquanto pensava nisso, que sua mente havia tomado uma direção estranha, mas ele estava disposto a explorar esse caminho em busca do calor.
Wei Ying não tinha certeza se funcionaria, mas tentou enviar um pouco do calor que sempre recebia, afastar o frio que invadia seu estado meditativo. Houve uma estranha resistência. Isso causou uma pressão em seu peito que o deixou sem fôlego.
Ele imaginou a resistência como uma parede de água que ele precisava atravessar. Ele apertou as mãos e fez uma lança com as pontas dos dedos, em seguida, empurrou-a contra a parede de frio. Uma vez que ele quebrou a parede, ele separou suas mãos e permitiu que o calor de dentro dele passasse, enviando-o de volta para seu guerreiro dourado.
A súbita evaporação do frio e do calor que se intensificou tiraram Wei Ying de seu estado meditativo. Ele ofegava pesadamente enquanto cambaleava com a experiência. Era diferente de tudo que ele já havia experimentado em sua vida.
Ele estava apavorado, mas jubiloso, e não sabia por quê. Havia quase uma sensação de realização e orgulho pelo que ele havia feito, mas isso não podia estar certo. Ele realmente não tinha feito nada. Esse era o mundo dos sonhos. Não se manifestou no mundo real. Wei Ying estava quase com medo de se aventurar em um estado de sonho, caso isso acontecesse novamente.
Wei Ying desligou o despertador. Ele duvidava que precisasse disso agora. Ele respirou fundo algumas vezes para se limpar, então se levantou e foi para a cama. Ele não tinha muito o que fazer até a hora de dormir, mas não podia ir para a cama antes do sinal da noite tocar.
Era em momentos como este que ele desejava poder fazer suas próprias escolhas. Ele adoraria dar um passeio ou apenas sentar e sentir a brisa fresca da noite em seu rosto. Ele odiava ficar confinado em seu quarto, mesmo que seu tempo fosse para ele.
Nunca realmente senti como se fosse.
“Sim?” Wei Ying disse quando alguém bateu em sua porta e a abriu. Ele deu uma fungada discreta antes de sorrir. “O que posso fazer por você, Davan?”
“O diretor Eithar gostaria de vê-lo em seu escritório.”
Wei Ying levantou-se automaticamente e dirigiu-se para a porta. As coisas não correram bem para os alunos que ignoraram uma convocação do diretor. Ele tentou uma vez, e apenas uma vez. Ele imaginou que muitos dos alunos o fizeram. Todos aprenderam rapidamente o erro desse desafio.
Não demorou muito para chegar ao escritório do diretor. O lugar, estava do outro lado do pátio perto da frente do mosteiro , mas ele se apressou. Ele não queria que o diretor ficasse chateado com ele.
A porta se abriu quando ele chegou ao escritório do diretor. Wei Ying entrou e então assumiu a postura de descanso a que estava tão acostumado. Mãos cruzadas atrás dele, cabeça baixa, pés ligeiramente afastados.
“Você queria me ver, diretor Eithar?”
“Sim, Wei Ying ”, disse o homem. “Hoje é seu vigésimo quinto aniversário, não é?”
“Amanhã, senhor.”
“Amanhã?”
“Sim senhor.”
“Bem”, disse o diretor, “acho que não há nada que possa ser feito para isso.”
“Senhor?”
“Wen Chao irá acompanhá-lo até a porta da frente.”
Wei Ying tentou não se encolher quando Chao agarrou seu braço, mas foi difícil não fazê-lo.
Wen Chao era o punidor do diretor. Se um aluno precisava de uma repreensão, Chao era quem a fazia. Wei Ying tinha certeza de que o homem gostava de infligir dor.
“Estou indo a algum lugar?” ele perguntou enquanto era puxado para fora do escritório do diretor. Ele nunca tinha ido à porta da frente antes.
Era proibido.
Quando Chao parou, ele puxou Wei Ying para parar também, e então o empurrou contra a parede. Sua respiração era quente quando soprou contra a bochecha de Wei Ying . Wei Ying virou o rosto quando um arrepio de desconforto o envolveu.
“Você deveria ser meu,” Chao grunhiu em uma voz tão baixa que Wei Ying duvidou que alguém pudesse ouvir o homem, exceto ele. “Eles me prometeram você, e agora você está sendo tirado de mim e entregue a esse monstro.”
Wei Ying não tinha ideia do que Chao estava falando, e ele realmente não queria saber. Ele odiava o homem. Ele não queria nada com ele.
E que monstro?
“Eu vou encontrar uma maneira de vir para você, bichinho”, Wen Chao rosnou. “Você será meu.”
A porta da frente foi escancarada. Chao empurrou Wei Ying com tanta força que ele tropeçou para frente e caiu de joelhos. Ele ouviu a porta bater e depois nada.
Wei Ying engoliu em seco enquanto se levantava lentamente. Ele limpou as calças e depois as mãos. Ele estava fora dos muros. Ele não tinha certeza do porquê e certamente não sabia o que deveria fazer agora.
Isso foi algum tipo de teste? Tinha que ser. Ele tinha sido martelado em sua cabeça uma e outra vez que ele nunca deveria pisar fora das paredes, e ainda assim, aqui estava ele.
Wei Ying parou quando ouviu um barulho. Parecia que algo havia esmagado uma folha. A maioria das pessoas provavelmente não conheceria esse som, mas Wei Ying ouviu folhas suficientes caindo para saber exatamente o que estava ouvindo.
“Olá?”
