perdidas em Nova York - Conhecendo o amor

29

A pressão na empresa estava se tornando insuportável. O peso sobre meus ombros era como uma pedra, e a cada dia que passava, eu me sentia mais distante de Kira. O olhar dela, sempre cheio de preocupação e amor, apenas aumentava meu dilema. Eu não podia deixá-la entrar no meu mundo caótico; precisava protegê-la.

Naquela noite, decidimos nos encontrar em um café aconchegante. O ambiente era iluminado por luzes suaves, mas meu coração estava sombrio. A conversa entre nós começou leve, mas eu sabia que precisava ser direto. A verdade era que eu não podia mais continuar assim.

- Kira,-  comecei, a voz falhando. - Nós precisamos conversar.

Ela olhou para mim, a expressão tranquila, mas seus olhos denunciavam a apreensão.

- O que está acontecendo, Thomas?

- Eu... não posso mais. Estou sobrecarregado com o trabalho e a crise na empresa. E, honestamente, não quero que você sinta o peso disso.- Cada palavra era como um golpe, mas sabia que era o que precisava fazer.

Ela ficou em silêncio, e o tempo parecia parar.

- Então, você está terminando comigo?- A pergunta saiu quase como um sussurro.

- É o melhor para você. Eu estou... me afastando, e não quero que isso te machuque mais,- respondi, a dor ecoando em cada sílaba.

O olhar dela se desfez em tristeza, e percebi que havia uma fragilidade que eu nunca tinha notado antes.

- Thomas, eu só queria estar ao seu lado. Eu te amo.

Eu fechei os olhos, lutando contra a onda de arrependimento.

- Eu também amo você, Kira. Mas preciso me concentrar. É o melhor.

Quando finalmente deixei o café, um vazio tomou conta de mim. A separação não foi apenas um término; era como se uma parte de mim tivesse sido arrancada. Caminhei pelas ruas, perdido, com a certeza de que havia feito a escolha errada.

Assim que cheguei em casa, o apartamento parecia vazio, as paredes ecoando meu desespero. Caroline e Anna estavam na sala, rindo de algo que assistiam, mas assim que me viram, a alegria delas se dissipou. A expressão de preocupação em seus rostos me fez sentir ainda mais vulnerável.

- Kira, o que aconteceu?- Caroline perguntou, levantando-se e vindo em minha direção.

- Ele terminou comigo,-  consegui dizer, a voz trêmula. As lágrimas começaram a escorregar pelo meu rosto. - Disse que estava sobrecarregado e que era para o meu bem.

- Não! Isso é tão injusto, nunca gostei dele! - Anna exclamou, colocando os braços ao meu redor em um abraço apertado. - Você não merece isso.

- Eu só queria ajudá-lo,-  desabafei, minha voz embargada. - Eu o amo, e ele me afastou. Ele não entende que eu estava aqui para ele.

As duas me conduziram até o sofá, onde me sentei, a dor se espalhando pelo meu peito.

- Era como se ele estivesse construindo uma parede entre nós. Eu não entendo por que ele não pode ver que estou ao seu lado.

- Às vezes, as pessoas acham que estão protegendo os outros ao se afastar,- Caroline tentou explicar, sentando-se ao meu lado. - Mas isso só causa mais dor.

- Ele acha que me protegerá se me deixar,-  respondi, soluçando. - Mas o que ele não entende é que essa separação cria um vazio. Eu não sei como lidar com isso.

Anna trouxe um copo de água e me entregou, seu olhar cheio de compreensão.

- Vamos ficar aqui juntas. Você não está sozinha.

- Obrigada, - murmurei, sentindo-me um pouco mais acolhida. O abraço delas me confortou, mas a dor de perder Thomas era insuportável. Olhando ao redor, percebi que o apartamento, que antes estava cheio de risadas e momentos felizes, agora parecia uma lembrança do que eu havia perdido.

Enquanto Caroline e Anna conversavam, eu olhei pela janela, as estrelas brilhando lá fora. O vazio que Thomas deixou em minha vida era palpável, e não sabia como seguir em frente sem ele. Mas, naquele momento, a presença das minhas amigas era tudo o que eu tinha. Eu sabia que precisaria de tempo para curar, mas ainda não conseguia imaginar como seria essa vida sem Thomas ao meu lado.