Aproximação. - 03.

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Kriscya/Katrina

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Kriscya/Katrina

Quando acordei, vi o clarão do sol batendo em meu rosto, assim, levantei e passei a mão pelos olhos, tentando raciocinar direito. Olhei ao redor e do meu lado estava Pedro, dormindo tranquilamente. Sua respiração suave e constante me acalmou. Tentei lembrar do que havia acontecido na noite anterior, mas as memórias estavam turvas.

Deitei-me novamente ao lado dele e observei seu rosto sereno. O sol continuava brilhando, iluminando cada detalhe do trapiche e de Pedro. Senti uma sensação estranha, como se estivesse em um mundo paralelo, onde nada mais importava além daquele momento.

Sem querer acordá-lo, fiquei ali, contemplando a beleza daquele instante. O silêncio era quase palpável, interrompido apenas pelo som suave das ondas do mar ao longe. O trapiche, normalmente cheio de vida e movimento, estava vazio e tranquilo.

Fiquei perdida em pensamentos até que Pedro começou a se mexer. Abriu os olhos e me sorriu sem mostrar os dentes.

— Ta me olhando com essa cara de besta por? — disse ele, com uma voz rouca de sono.

— Não pode mais olhar?

Quando seus olhos se abriram e nosso olhar se encontrou, senti meu rosto queimar de vergonha. Não sabia onde esconder meu olhar, então resolvi me levantar da cama e dar uma volta ao redor do trapiche, ir até o mar.

O ar fresco do mar me recebeu enquanto eu caminhava, tentando cobrir a sensação de desconforto que ainda pairava em mim. Ao chegar à beira-mar, fiquei hipnotizada pelo espetáculo que o céu oferecia. O nascer do sol pintava o horizonte com cores vibrantes, um misto de laranja, rosa e azul.

Por alguns instantes, esqueci a vergonha que ainda me acompanhava. O mar sempre teve esse efeito em mim. Me faz esquecer, me faz sonhar, me faz viver. E, naquele momento, eu precisava disso.

Respiro fundo, sentindo o sal no ar, o som das ondas me envolve. Fico sentada, olhando para o horizonte, pensando na vida. Tantas coisas para resolver, tantos caminhos a escolher. Sinto-me perdida, mas, ao mesmo tempo, sinto uma paz que não conhecia há muito tempo. Não era nada fácil na penitenciária, e aqui na rua também não, claro.

Minha vida está uma total confusão. Queria grazy aqui comigo.

De repente, ouço passos atrás de mim. Não me viro, já sei quem é. Pedro. Ele se senta ao meu lado e olhamos para o mar em silêncio. Não é um silêncio desconfortável, é como se não precisássemos dizer nada.

O mar continua seu movimento, as ondas vêm e vão, e nós dois estamos ali, parados, absorvendo o momento. O sol começa a surgir realmente, iluminando o céu de cores quentes.

Algoz. - Pedro bala.Onde histórias criam vida. Descubra agora