Kriscya/Katrina:
Sinto o ar frio e úmido envolvendo meu corpo, como uma manta gelada que me envolve. O som da chuva batendo no telhado é um ritmo constante, como um coro de gotas que me acordam.
Abro os olhos e vejo a luz fraca e difusa do dia, filtrada pelas nuvens cinzas. O ar está carregado de umidade, e posso sentir o cheiro de madeira úmida e sal do mar.
Meu corpo está rígido, como se o frio tivesse penetrado em meus ossos. Sinto uma preguiça intensa, como se quisesse me encolher e voltar a dormir. Mas meu cérebro já está alerta, pensando no dia que está por vir. Respiro fundo, sentindo o ar frio preencher meus pulmões.
Acordo com um sobressalto, como se o tempo tivesse parado esperando por mim. Meu coração já batia acelerado, antecipando o dia que estava por vir. A mente começou a correr em alta velocidade, pensando no roubo, nos detalhes, nas possibilidades, nos riscos.
"Será que vamos conseguir? O que vai acontecer depois? Para onde vou ir? Vou encontrar meu pai? Vou ter uma vida normal?"
Os pensamentos se sucediam, um após o outro, sem dar trégua.
Respirei fundo e me espreguicei, sentindo o corpo pesado, mas a mente alerta.
Procurei Dora, que estava sentada ao lado de uma pilha de livros, junto com Professor. Eles pareciam absortos em suas leituras.
- O que vocês 'tão fazendo? - perguntei, curiosa.
Dora sorriu. - Estou lendo algumas fábulas e histórias. Professor está me ensinando.
Olhei para os livros e vi títulos como "A Raposa e as Uvas", entre outros, que iriam de fábulas, até revistas da playboy, talvez?
Passei a tarde ao lado de Dora, cercada por pilhas de livros no trapiche. O dia ainda está nublado e frio lá fora, mas aqui dentro, o clima é completamente diferente.
Sentada ao lado de Dora, nossos ombros se tocando, enquanto viramos as páginas dos livros. O som suave das folhas viradas e das risadas preenche o ar. Sinto-me em paz, longe das preocupações e dos desafios que estão por vir.
De repente, Sem Pernas aparece. Ele se junta a nós, sentando-se no chão, e logo está enturmado com Dora, Professor e eu.
O tempo passa, e nós nos perdemos em conversas e risadas. Os livros espalhados pelo chão tornam-se um ponto de partida para discussões profundas e reflexões.
Professor nos interrompe ocasionalmente, compartilhando sua sabedoria. Dora faz perguntas profundas, e Sem pernas nos faz rir com suas histórias. Estou cercada por pessoas que me entendem, que me apoiam.
A luz do dia começa a diminuir, mas as lanternas do trapiche iluminam o espaço, criando um ambiente acolhedor. Nós continuamos conversando e rindo juntos, esquecendo o mundo lá fora.
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Algoz. - Pedro bala.
AcakKriscya Ferreira, mais conhecida como katrina, garota de 15 anos que cresceu em uma família pobre no subúrbio de Salvador foi abandonada pelo seu pai quando ela tinha 8 anos, morando apenas com a mãe, mas a mesma trabalhava como empregada e passava...