Raiva

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Raiva.

Sentimento de irritação, ódio expressão de aversão ou relutância, frustração, sensação de repugnância, repulsão.

Esse é o significado literal de raiva.
Mas posso garantir que nem de perto é oque estava sentindo.

Eu engoli várias coisas.

Minha mãe morreu? Engoli. Meu pai morreu?
Engoli. Estou sozinha no mundo?
Engoli. Tenho 16 anos e por não sair desse interno não tenho amigos? Engoli. Minha tutora legal é uma megera? Engoli. Sou tratada como empregada mesmo sendo a dona dessa merda toda? Engoli...
OK, talvez eu esteja exagerando em algumas partes, mas eu tenho total direto de ser dramática, sou adolescente.

Nem fugir eu consigo!

- Qual é o seu problema comigo?! Diz!
- eu sentia meu rosto quente, eu não costumava surtar com frequência mais quando isso aconteceia eu soltava simplesmente tudo para fora, e era o que eu estava prestes a fazer nesse exato momento, meu coração estava acelerado e meus punhos cerrados embaixo da mão de Brunna que continuava sentava sobre meu quadril, me olhando com um sorrisinho oque me deixou com mais raiva
- Fala sua desgraçada! Porque você não me deixa em paz?!
Você tem toda essa merda por MINHA causa!
Custa me deixar em paz?! Você tinha que invadir até aqui?! Que é o único lugar que eu estou livre de você?!

Exagerado? Talvez, mas sou uma adolescente de 17 anos (ou quase) estou no meu direito de me sentir revoltada com o mundo além do mais é fácil destinar seu ódio a uma pessoa apenas, jogar todas suas frustações nessa pessoa e a culpar como se fosse culpa dela todas as suas tristezas, parece injusto e é realmente, mas eu só queria explodir e jogar tudo fora para ver se me sentia melhor.

Brunna não merecia em parte, e nas próximas horas eu me sentiria culpada por ter dito isso para ela, não que eu estivesse me importando agora, claro.

Ela segura minhas mãos somente com uma das delas e a outra ela levou até meu queixo do qual ela aperta com força.

Estranhamente isso me fez sentir quente, desconfortável e corada, coisas que aconteciam com frequência na presença dela, e isso me deixava com mais ranço dela, não entender coisas que estavam acontecendo ultimamente comigo, em relação a Brunna era oque mais me frustrava e eu culpava ela por ser tão bonita e estar me confundindo.

- Olha aqui bonitinha, eu não tenho
"tudo" isso por sua causa! Você não quer ficar comigo, é? Quer ir para um orfanato? Se sim me diz que resolvo isso agora, você fica em um barraco qualquer até completar a maioridade, tudo bem? Já que eu perdi tempo da minha vida pra cuidar de você e você nem ao menos me agradece! Eu cuido da merda dos teus negócios para quando você completar 21 tenha algo, não está bom?! - ela estava me fuzilando com os olhos, consegui deixar ela puta e olha que Brunna (apesar dela negar) tem uma paciência infinita em relação a mim.

- Não, não está bom! Não é suficiente para agradecer você eu limpar teu chão?! - eu fazia isso como forma de castigo, por eu ser uma pessoa predispostas a receber castigos isso era algo já comum na minha rotina, mas eu não estava ligando pra isso, só queria atingir ela, aproximei meu rosto dela, travando ainda nossa pequena guerra de olhares, ficando a centímetros do rosto angelical da demoníaca madrasta que eu chamo de minha.

Vi sua expressão superior e determinada falhar por um momento, esse momento do qual juro que seus olhos vacilaram olhando meus lábios e ela engoliu em seco, mas logo ela se recompôs e olhou no fundo dos meus olhos se aproximando a ponto de sua respiração descompassada bater no meu rosto e seu nariz tocar no meu.

Prendi minha respiração e meu coração estava acelerado, eu deveria acertar um belo chute nela de alguma forma ou tentar reverter nossas posições, mas eu me sentia hipnotizada pela proximidade, a respiração quente contra meu rosto um tanto desregulada estava contribuindo para eu me sentir assim.

Porra! Porque estou assim?!

- Você está na minha tutela! Faz o que eu quiser! Se eu quiser que você faça minhas unhas você vai fazer, está me ouvindo? Porque quem manda aqui sou eu, Ludmilla! - ela se inclinou para mais perto de mim me fazendo fechar os olhos esperando por algo que nem eu sei oque diabos era, mas logo os abri novamente quando a senti sair de cima de mim me possibilitando respirar - Coloca uma roupa - já de pé disse me olhando, me sentei respirando pesado olhando ela fixamente - rápido, estou lá fora esperando você junto a um segurança
- me lança um último olhar intenso e subiu para a saida.

Quando ela saiu eu peguei o travesseiro e enterrei meu rosto ali gritando abafado.

Eu odeio tanto ela! Não vejo a hora de poder sair desse inferno.

E nunca mais precisar olhar para ela.

A má-drastaWhere stories live. Discover now