16 - Magnífico

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Com a intimidade do toque ainda fresca na memória e a intensidade da cena reverberando em seus corpos, Tereza se aproximou mais de Agnes, seus lábios quase roçando a pele sensível do ouvido da outra mulher. Meryl permaneceu imóvel, sua respiração irregular enquanto esperava as palavras de Torloni.

— Ver você se desmanchar de prazer, "Agnes"... — Tereza murmurou, a voz baixa e rouca, cheia de uma intensidade que deixava o ar pesado ao redor delas. — Foi como observar uma obra de arte ganhando vida. Como ver cada pincelada se mover, se transformar em algo mais, algo vivo... e tão irresistível. Cada som seu, cada suspiro, era uma melodia feita só para mim.

"Essas palavras não são do texto original" - pensou Amora, porém ela sabia do talento de Christiane e sempre deu liberdade ao seu elenco de improvisar e de fato aquela declaração estava muito melhor que o roteiro, sem fazer ideia, talvez, do quanto aquilo era real, porém Julianne sabia.

Agnes, com os lábios entreabertos, sentiu um arrepio percorrer sua espinha. O tom de Tereza não era apenas de uma declaração cênica; havia algo profundamente verdadeiro em suas palavras. A forma como Tereza a observava, como se pudesse atravessar cada camada de sua pele e alcançar sua essência, a fazia estremecer.

Tereza inclinou-se um pouco mais, até que seus lábios tocaram de leve o pescoço de Agnes, deixando um rastro quente e elétrico. — Quando te toquei, cada centímetro do seu corpo respondeu ao meu, como se soubesse exatamente o que eu queria... — continuou, sua voz agora quase um sussurro rouco. — E saber que fui eu a te fazer perder o controle... a ver você se entregar sem reservas... foi um dos momentos mais belos e intensos que já vivi.

Agnes fechou os olhos, ainda absorvendo cada palavra, cada resquício do toque de Tereza. Era como se o mundo ao redor tivesse desaparecido, deixando apenas as duas em uma bolha de desejo e compreensão mútua. A intensidade das palavras de Tereza atingia um ponto além do físico; havia uma conexão emocional e uma admiração genuína, como se Agnes fosse, de fato, uma obra-prima criada para ser contemplada e desejada.

As gravações finalmente se encerraram com um sussurro de Tereza ao ouvido de Agnes, um segredo entre as personagens que permaneceu como uma promessa silenciosa. Quando a diretora gritou "corta", todo o estúdio parecia ainda vibrar com a intensidade da cena. Christiane e Meryl se afastaram lentamente, tentando abandonar suas personagens, mas as expressões em seus rostos mostravam que ainda estavam imersas naquele universo.

Julianne, ainda ao lado de Amora, engoliu em seco, percebendo que não havia sido apenas espectadora de uma cena. Havia sido tocada por algo mais profundo, algo que ressoava dentro de si e que ela ainda não sabia como explicar. Amora, satisfeita com o resultado, olhou para Julianne e sorriu de forma compreensiva, como se entendesse exatamente o que a atriz estava sentindo.

— Foi magnífico, não foi? — disse Amora, mais uma afirmação do que uma pergunta.

Julianne apenas assentiu, sem encontrar palavras para descrever o que havia acabado de testemunhar.

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