As gravações se arrastaram até tarde da madrugada, e o clima no set era uma mistura de exaustão e satisfação. Sob as ordens precisas de Amora Rivera , as cenas ganharam vida, mas as atrizes estavam esgotadas. As últimas tomadas de Julianne, Meryl e Christiane exigiram mais do que técnica — cada olhar e gesto eram carregados de intensidade emocional, e a fina linha entre a ficção e a realidade começava a se borrar.
Depois da última cena, o diretor assistente gritou "Corte!" com um alívio quase audível. A equipe começou a desmontar os equipamentos, e o burburinho de vozes cansadas e risadas discretas tomava conta do ambiente. A noite fria de Granada fazia os refletores aquecerem o ar, mas as três protagonistas ansiavam por uma fuga silenciosa do caos.
Quando as três chegaram ao chalé, a lua estava alta, e o aroma de pinheiros e terra úmida preenchia o ar. O chalé era aconchegante, com uma lareira acesa e uma grande varanda que dava vista para a cidade iluminada ao longe.
Assim que entraram, Christiane Torloni jogou sua bolsa sobre a poltrona e se alongou, os braços estendidos como se quisesse tocar o teto.
- Eu preciso de um banho urgente... ou de vinho , disse com um sorriso cansado, mas provocador.
Julianne Moore largou o chapéu de Carmen sobre a mesa e se jogou no sofá, esticando as pernas longas sobre os braços do móvel.
- Por que não os dois? Ela sorriu, maliciosa, enquanto massageava os pés.
Meryl Streep olhou as duas com aquela expressão que misturava exasperação e carinho.
- Vocês duas me matam. Vinho e banho, tudo bem. Mas amanhã temos uma nova rodada de filmagens, e não quero ninguém arrastando os pés no set.
Christiane riu suavemente e se aproximou de Meryl.
- Ah, querida, você sabe que somos profissionais. Um banho quente e um bom vinho... Depois disso, estaremos como novas.
As três se acomodaram na pequena sala. Christiane foi a primeira a abrir a garrafa de vinho tinto que encontrou na cozinha, servindo generosas taças para todas. A lareira crepitava suavemente, lançando sombras quentes pelas paredes. Era um momento de trégua depois de horas intensas de gravação — e, ao mesmo tempo, carregado de algo indefinido, uma tensão que parecia mais emocional do que física.
Julianne se acomodou ao lado de Meryl no sofá, esticando as pernas e apoiando os pés no colo dela com uma naturalidade que fez Meryl rir.
- Você é impossível , brincou, mas não tirou os pés de lá.
Christiane sentou-se na poltrona em frente, observando as duas com um olhar divertido, mas atento.
- Vocês duas estão confortáveis demais para rivais mortais.
Julianne arqueou uma sobrancelha.
- O problema é que a rivalidade é muito divertida, não acha?
Meryl deu um gole em seu vinho e olhou para ambas, uma chama maliciosa piscando em seus olhos cansados.
- Vocês sabem que as melhores cenas são aquelas onde as emoções escapam das personagens.
Christiane inclinou-se para frente, o rosto parcialmente iluminado pela luz da lareira.
-E será que as emoções escaparam hoje? Ou fomos além do que estava no roteiro?
O comentário pairou no ar por um momento, carregado de subtexto. Julianne e Meryl trocaram um olhar cúmplice, enquanto Christiane observava as duas com uma expressão enigmática, como se saboreasse o jogo que começava a se formar entre elas.
O vinho fluía, as risadas se tornavam mais frequentes, e a atmosfera se aquecia, não apenas pela lareira, mas pela proximidade crescente entre elas. O tempo parecia desacelerar, como se o mundo lá fora não existisse e apenas aquelas três mulheres importassem.
Quando Christiane se levantou, dizendo que iria tomar banho primeiro, Julianne a seguiu com os olhos, um sorriso preguiçoso nos lábios. Não demore, "Tereza" , murmurou, usando o nome da personagem, o que fez Christiane rir antes de desaparecer no corredor.
Assim que ficaram sozinhas, Meryl olhou para Julianne com uma mistura de curiosidade e diversão.
- Você não sabe brincar, não é querida?
Julianne deu de ombros, sorrindo.
- Onde estaria a graça se eu soubesse?
Por um momento, as duas se encararam, e o silêncio entre elas não era desconfortável — era eletrizante. Algo novo e inesperado começava a tomar forma, e nenhuma delas parecia disposta a impedir.
Enquanto Christiane deixava o vapor quente do chuveiro envolver seu corpo, ela pensava na dinâmica entre elas. As gravações não eram apenas cansativas; elas estavam se tornando um jogo perigoso, onde as emoções reais começavam a transbordar dos personagens para a vida real.
Ao sair do banheiro, envolta em uma toalha branca, Christiane encontrou as duas ainda no sofá, agora mais próximas do que antes. Ela sorriu, um sorriso que prometia algo mais do que apenas amizade.
- Agora é a vez de vocês , disse, jogando a toalha de lado de forma displicente, vestida apenas de uma calcinha de renda branca e pegando sua taça de vinho.
Meryl e Julianne trocaram mais um olhar, e sem palavras, entenderam que aquela seria uma noite longa — não apenas por causa do vinho, mas por causa do que começava a surgir entre elas.
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O primeiro passo havia sido dado. Entre diálogos cheios de subentendidos e toques sutis, as três sabiam que o que estava começando ali não terminaria com o final das filmagens.
A linha entre a realidade e a ficção havia desaparecido por completo.
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O Legado do Desejo
FanfictionTrês mulheres consagradas no cinema se encontram durante as gravações de um filme europeu, em um luxuoso castelo afastado. Meryl Streep, sempre racional e controlada, se vê envolvida em uma teia inesperada de desejo e sedução, ao perceber que há mui...