15 - A Dança de Agnes e Tereza

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Torloni e Streep estavam concentradas, ajustando os detalhes para a próxima cena. Já haviam filmado três sequências e, movidas pela pressão do atraso, o desempenho impecável das duas atrizes havia impressionado toda a equipe. Elas sabiam que precisavam se redimir com Amora e o restante da equipe pela falta de comprometimento que não era de seu feitio. Por isso, colocaram toda a sua dedicação em cada take, acertando cada expressão, cada gesto, como se quisessem provar para si mesmas que o atraso não havia sido em vão.

Rivera, satisfeita com o trabalho feito até ali, orientava sua equipe para a próxima cena, que seria gravada em um estúdio diferente. A cena final e mais longa exigia uma precisão emocional que só as melhores atrizes poderiam alcançar. O roteiro pedia um plano-sequência em que Agnes e Tereza, finalmente juntas após tanto tempo de separação e desejo reprimido, dançavam sozinhas na sala. O ambiente deveria transmitir intimidade, como se o mundo ao redor não existisse.

Agnes, personagem de Meryl, estava deslumbrante. Vestia uma calça justa de montaria marrom e botas combinando, a silhueta destacada pela blusa creme de gola alta, realçando sua elegância e sensualidade. Já Tereza, vivida por Christiane, contrastava com um vestido negro de alças únicas e um par de saltos vermelhos que harmonizavam com seu batom carmesim. A maquiagem marcante de Tereza deixava seu olhar predatório, intensificando ainda mais a conexão entre as duas personagens.

Amora deu o sinal para começar. A música emotiva e poética do cantor espanhol Falet, SOS, encheu o estúdio, um ritmo lento e melancólico, e as câmeras começaram a se mover para capturar cada nuance do momento. Agnes e Tereza se aproximaram lentamente, sem palavras, deixando o silêncio falar por elas. Os olhares que trocavam eram carregados de saudade e um desejo prestes a explodir. Quando Tereza puxou Agnes para mais perto, suas respirações eram audíveis, criando uma atmosfera quase palpável de tensão e anseio.

Julianne, observando tudo ao lado de Amora, sentia seu peito apertado de expectativa e inquietude. Ela estava completamente absorta na intensidade da cena, em como Christiane e Meryl haviam deixado de ser apenas atrizes, transformando-se em duas mulheres que lutavam por um momento de liberdade e paixão. Aquilo não parecia um beijo cênico, pensou, enquanto via os lábios de Agnes e Tereza se encontrarem em um toque hesitante que logo se tornou urgente.

No centro do salão, Christiane e Meryl estavam imersas em suas personagens. Tereza, através das mãos de Christiane, acariciava os seios de Agnes por debaixo da blusa, seus dedos deslizando por aquela pele que queimava com o toque. Agnes, já sem fôlego, deixou escapar um suspiro enquanto seus lábios entreabertos tentavam capturar o ar e o desejo ao mesmo tempo. Julianne prendeu a respiração, sem conseguir desviar o olhar.

A intensidade na atuação de Christiane transbordava para além da câmera. O olhar de Tereza, repleto de desejo e saudade, era a prova viva de algo mais profundo que ficava evidente nas expressões das duas atrizes. E Meryl, através de Agnes, correspondia com a mesma paixão, a mesma entrega. Julianne podia sentir o calor emanando das duas na tela, como se aquele estúdio estivesse prestes a incendiar.

Amora, consciente da atmosfera que havia se instaurado, sinalizou para que a equipe prosseguisse com o próximo plano, o qual seria gravado na cama. A ambientação era íntima, um edredom branco cobrindo os corpos nus das personagens, que estavam seminuas da cintura para cima. A câmera capturaria apenas o suficiente para sugerir, sem expor completamente, preservando a elegância da cena.

Quando Christiane e Meryl se deitaram na cama, ainda envolvidas pela intensidade da dança e do beijo, Agnes e Tereza não precisavam de palavras para comunicar o desejo que sentiam uma pela outra. Cada respiração ofegante e olhar profundo contavam uma história de amor reprimido, de uma conexão tão forte que transcendia a ficção.

Ao lado de Amora, Julianne sentia seu corpo reagir ao que presenciava. Aquela não era apenas uma cena de amor ou uma troca de afeto entre personagens; era uma expressão de algo que todas elas sentiam de uma maneira ou de outra, em suas próprias vidas. Amora percebeu o desconforto e uma certa irritação de Julianne, mas preferiu não dizer nada, respeitando o momento de introspecção da atriz.

Tanto as atrizes como as personagens que representavam, estavam tomadas por um desejo indomável. Meryl, deitada na cama, reconhecia que não era somente Tereza que estava em cima dela, era Christiane também, assim como reconhecia que não era somente Agnes.

Na cena, Tereza delicadamente tocava o rosto de Agnes, roçando o polegar contornando seus lábios, em cima dela, tão predadora e uma de suas pernas estava entre as pernas de Agnes e o leve contato da coxa de Christiane contra o sexo de Meryl, foi o suficiente para desencadear uma das cenas mais memoráveis daquela produção.

Meryl se esfregava ali, tão gemente, debaixo do olhar predatório de Christiane e aquilo que toda equipe acreditava ser encenação, era um orgasmo real e Julianne além das protagonistas percebeu isso, o que desencadeou em ciumes, visceral, tomando conta de todo seu ser, fazendo um esforço sobrehumano para disfarçar. Sentiu como se de certa forma estivesse sendo excluída, embora parte dela entendesse que era algo que poderia esquecer, mas seu lado colerizado queria estar ali entre elas e de repente tudo foi lhe parecendo tão confuso.

Enquanto a cena terminava, a respiração de ambas ainda estava ofegante. As câmeras já tinham sido desligadas, mas as duas atrizes ainda estavam imersas nas emoções das personagens. Christiane, como Agnes, olhava para Meryl, que ainda tinha um brilho intenso nos olhos de Tereza, como se a conexão entre elas fosse tão real quanto o momento que haviam acabado de viver.

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