The Secret- Raphael Veiga

Vim pra ver você.

Thaís Reis
São Paulo

Uma das partes mais tensas do meu trabalho era quando eu insistia que, além de empresária, também poderia dar palestras... Meu pai, sem perder a oportunidade, apelidou isso de "Thaisinha sendo Thaisinha!". A verdade é que nunca fui muito fã de falar em público. Com o tempo, no entanto, acabei recebendo um convite de uma grande empresa para falar sobre o trabalho de agenciamento, numa palestra para cerca de mil pessoas. Aos meus 22 anos, ainda no início da carreira, estava a caminho do palco com a equipe que se tornou minha parceira fiel, disposta a encarar a experiência.

E hoje numa sexta à noite, e o auditório estava cheio. Respirei fundo, ajustei o microfone e me preparei para dividir um pouco do que aprendi sobre o universo da internet e o crescimento nesse mercado. Ao meu lado estava João Paulo, CEO da empresa parceira, alguém com quem me senti confortável dividindo o palco. Ele tinha uma habilidade natural para descomplicar temas difíceis, e logo começamos a conversar sobre o processo de agenciamento de influenciadores.

— Acho que uma das primeiras coisas que eu destacaria é a importância da autenticidade — comecei, tentando afastar o nervosismo. — No mundo digital, as pessoas buscam um conteúdo em que possam se enxergar, uma história que faça sentido para elas.

João Paulo concordou, acrescentando que, apesar de muitos estarem atraídos pela fama rápida, o verdadeiro sucesso era construído com uma base sólida e transparente.

Com o passar dos minutos, o nervosismo começou a dar espaço para uma empolgação genuína.

— Vou contar uma pra vocês — comecei, sorrindo enquanto sentia o ambiente ficar mais descontraído. — Uma vez, uma das minhas clientes, a Bruna, que alguns de vocês devem conhecer, resolveu que seria uma ótima ideia mudar o visual do nada. Ela me liga no meio da noite, já com o cabeleireiro agendado, e diz: "Thaís, amanhã vou aparecer loira platinada!" — eu disse, imitando o tom dramático da Bruna e arrancando risadas da plateia.

— E aí, claro, minha função era tentar fazê-la entender que uma mudança dessas não poderia acontecer assim, sem nem ao menos dar um aviso prévio! Imaginem o pânico da equipe que cuida das campanhas dela! A marca que ela representava queria a "Bruna loira de sempre", e do nada ela aparece como a Bruna loira platinada! — ri junto com a plateia, fazendo uma pausa.

— No fim, conseguimos contornar, mas olha... ser empresária é, acima de tudo, um teste de resistência ao coração — completei, vendo o público cair na risada mais uma vez.

Enquanto eu seguia a palestra, fui dando aquela olhada rápida pela plateia, como sempre faço para sentir a reação das pessoas. Foi então que meus olhos pararam e meu coração disparou — lá estava ele. Raphael Veiga. No meio de toda aquela gente, ele parecia realmente prestar atenção.

As mãos descansavam na barba bem-feita, e ele estava com aquela pose de jogador descontraído, sentado na cadeira como se estivesse em casa. Mas o pior era o sorriso... sim, ele estava rindo da história que acabei de contar sobre a Bruna. Ao lado dele, eu reconheci o Zé Rafael, colega de time dele, que eu também conhecia bem, palmeirense nata que sou.

Mas o que eles estavam fazendo aqui?

Já estava quase no fim da palestra, e a parte das perguntas começava a deixar o ambiente mais leve. Eu respondia algumas questões da plateia quando, de repente, um braço se levantou e, para meu completo espanto, era ele. Raphael Veiga. Ele ainda tentou se esquivar na cadeira, como se isso fosse torná-lo menos visível, mas com aquele sorriso descarado e o tom de provocação, ele soltou:

— O que você acha sobre agenciar um jogador?

Sério? A pergunta mais óbvia e desnecessária possível! Respirei fundo, mantendo o sorriso profissional, mas eu sabia que minhas palavras carregavam um toque afiado enquanto eu respondia: