Olha quem também veio pro jogo!

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Thaís Reis
São Paulo

Aquele alvoroço de estádio lotado em dia de jogo... fazia um bom tempo que eu não sentia isso, ainda mais com meu pai ao meu lado. Acho que, desde que eles mudaram para Osasco, perdi o costume de vir. Mesmo sendo torcedora, às vezes não tinha tempo ou até disposição de enfrentar uma multidão. E, pra ser sincera, hoje nem estava aqui exatamente por vontade própria, mas, por algum motivo, sentia como se tivesse 12 anos de novo, acompanhando meu pai em um dos jogos que ele tanto fazia questão de me levar.

— Mas quem foi que arranjou esses ingressos pra um camarote assim? — Meu pai olhou ao redor, visivelmente impressionado e curioso.

Engoli seco, desviando o olhar. — Ah, foi... um contato do escritório, pai. Nada demais. — Inventei a desculpa no impulso e tratei de me sentar rápido, esperando que ele não fizesse mais perguntas.

Só que a distração não durou muito. O jogo estava prestes a começar, e eu estava tentando relaxar e curtir aquele momento nostálgico, quando algo me fez travar. Olhei para o lado e vi... Bruna. Sim, Bruna. Bem ali no mesmo camarote, usando uma camisa do Palmeiras e mexendo no celular com uma expressão entediada.

Meu estômago deu um nó. Ah, não... Não podia ser. Raphael tinha chamado ela? Só podia ser isso! Eu sabia! Eu sabia que ele só estava se divertindo em correr atrás de mim. E agora eu estava ali, completamente sem saber onde enfiar a cara. O que minha cliente iria pensar ao me ver num camarote que só jogadores conseguem para familiares? E, pra melhorar, o ex-noivo — ou atual, sei lá — dela que me arranjou.

Após o apito final e a vitória do time, a euforia tomou conta do estádio. O som dos gritos de celebração ecoava como música para os meus ouvidos, mas, pra mim, o momento era de tensão. Eu queria sair dali o mais rápido possível, mas a situação só parecia piorar quando Bruna me avistou.

— Thaís! — Ela gritou, vindo em minha direção com um sorriso animado. O coração quase parou no meu peito. — O que você tá fazendo aqui?

Era o momento perfeito para eu correr, mas não consegui. Em vez disso, coloquei meu maior sorriso no rosto, tentando parecer relaxada.

— Ah, vim acompanhar meu pai! — Disfarcei, sem sequer pensar em perguntar por que ela estava ali. Deduzir a teoria estava muito mais fácil.

Mas tudo ficou mais complicado quando Bruna, com aquele sorriso contagiante, disse:

— Que legal! Você não quer ir comigo no vestiário? Estou indo encontrar o Raphael e a galera!

O sangue gelou nas minhas veias. O que eu faria? Ir com ela significaria me meter em mais confusão do que eu já estava. Como eu poderia encarar Raphael ali, sabendo que Bruna estava no meio do caminho? E se ele me visse? Meu cérebro girava em mil direções, enquanto tentava encontrar uma saída daquela situação. A pressão crescia, e eu só queria sumir.

Meu pai se afastou para atender uma ligação de trabalho, e isso só fez aumentar minha ansiedade. Eu estava tão irritada por estar nessa situação, me sentindo completamente perdida. Por que eu tinha aceitado esse convite de Raphael? E como ele teve a audácia de me chamar para um camarote e ainda convidar a Bruna? Meu Deus, que situação horrível.

Foi nesse turbilhão de emoções que Raphael apareceu, saindo do campo junto com Zé, a camisa do time pendurada no ombro, parecendo tão relaxado e feliz. Mas logo a expressão de alegria se transformou em confusão quando Bruna foi em direção a ele, quase como se tivesse esquecido que eu estava ali. O olhar de Zé era de incredulidade, e eu não conseguia entender se ele estava surpreso com a situação ou com a minha presença.

Meu coração disparou. O que eu deveria fazer? Tentar me esconder? Mas era impossível. Bruna então me chamou, apontando para mim e dizendo para Raphael:

The Secret- Raphael VeigaOnde histórias criam vida. Descubra agora