Errado é passar vontade.

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Thaís Reis
São Paulo

Hoje, um marco histórico estava para acontecer: a primeira sexta-feira do mês em que eu não estaria jantando em algum lugar com a Luana ou inventando qualquer coisa só pelo prazer de dizer que era sexta. A semana tinha sido exaustiva, e tudo que eu queria agora era descansar, sabe? Voltei de uma reunião com o Zé por volta das 18h, tomei um daqueles banhos renovadores e pedi sushi para não precisar nem sair de casa. Quando o entregador avisou que o pedido havia chegado, desci para buscar na portaria.

Assim que peguei o pacote, uma voz conhecida me chamou a atenção. Olhei para o lado e vi Raphael entrando pela portaria com aquele sorriso meio debochado. Ele vestia uma bermuda colorida, camiseta branca e, para completar o look casual — ou melhor, bem despojado —, havaianas nos pés. Eu precisei conter o riso.

— O que você tá fazendo aqui, Veiga? — perguntei, ainda surpresa e sem esconder minha curiosidade.

Ele deu uma risada e levantou uma garrafa de vinho, balançando-a no ar.

— Pensei em sextar com a nova amiga — respondeu, com uma ênfase divertida na palavra "amiga" que me fez revirar os olhos.

— Você é louco! — murmurei, mas acabei rindo. Eu sabia que ele não desistiria facilmente.

— Vem, Thaís, você não vai me expulsar agora, vai? — ele brincou, com um sorriso daqueles que era difícil resistir.

Eu suspirei, ainda surpresa, mas dei de ombros.

— Tá, sobe lá. Mas só porque eu já tenho sushi. E vinho até que não seria má ideia — disse, tentando disfarçar o quanto estava contente por ter companhia.

Ele me seguiu até o elevador, e, enquanto subíamos, eu não conseguia segurar o sorriso.

Assim que entramos, Raphael olhou em volta e deu uma risada, com aquele jeito descontraído que ele sempre tinha.

— Esse lugar é a sua cara, Thaís.

Eu ri enquanto abria o pacote de sushi na bancada da cozinha.

— E isso é bom ou ruim? — perguntei, meio de brincadeira, mas curiosa pela resposta.

Ele se sentou na bancada ao meu lado, colocando a garrafa de vinho ali e me olhando com aquele sorriso tranquilo.

— Com toda certeza, é bom — ele disse, numa segurança que me fez ficar um pouco tímida, então me virei para pegar as taças.

Ao voltar, entreguei a dele, tentando manter o tom casual, mas a pergunta acabou escapando.

— E o que deu na sua cabeça de aparecer aqui assim... numa sexta à noite? — falei, mordendo o lábio. — Sabendo que é meio... errado.

Ele deu uma risada baixa, olhando pra mim de um jeito que parecia até óbvio demais.

— Thaís, isso nunca seria errado.

Aquelas palavras, ditas de um jeito tão simples e ao mesmo tempo tão intenso, me deixaram sem saber o que responder.

Nos acomodamos no sofá com o sushi e o vinho, e eu já estava no primeiro gole quando percebi Raphael me observando. Senti o rosto esquentar e não consegui segurar um sorriso tímido.

— O que foi? — perguntei, tentando soar casual.

Ele riu, parecendo satisfeito por ter captado minha reação.

— Tava curioso pra saber se acertei no vinho... — ele respondeu, relaxado, mas com um olhar atento.

Dei mais um gole, tentando controlar a timidez.

The Secret- Raphael VeigaOnde histórias criam vida. Descubra agora