Feliz aniversário, Heitor!

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Thaís Reis
São Paulo

Eu sempre tive esse "pequeno" problema de deixar as coisas pra última hora. Passei a semana inteira focada nos projetos, nas reuniões e nos meus clientes, e acabei esquecendo completamente do aniversário do filho do Zé Rafael, para o qual tinha sido convidada. Agora, em pleno sábado de manhã, estava perambulando por uma loja de brinquedos com Luana, que, claro, estava me apressando sem parar.

— E aí, o que eu compro? Um Lego? Um carrinho de controle remoto? Um kit de... sei lá, dinossauros? — perguntei, enquanto virava cada corredor da loja em busca de algo que chamasse a atenção.

Luana só revirou os olhos, impaciente.

— Thaís, você tá me arrastando pela loja inteira pra escolher um presente de última hora, sendo que nem o nome do menino eu sei! E, sinceramente, o café da manhã que você me prometeu era o único motivo pra eu ter vindo, lembra?

— Tá, tá, eu sei. Mas você sabe que eu não manjo nada de brinquedo de criança. Achei que a sua opinião feminina e objetiva fosse ajudar... — falei, tentando soar convincente.

Ela bufou, com aquele jeito engraçado que só ela tem.

— Ah, claro. Sou a especialista em presentes de última hora pra crianças que eu nunca vi na vida!

Eu parei de novo, olhando fixamente para as prateleiras. Tinha reduzido as opções a duas escolhas: um super Lego ou dois carrinhos de controle remoto.

— E aí, Luana? O que você acha? — perguntei, segurando as caixas enquanto ela ria, misturando sarcasmo com pura exasperação.

— Thaís, pelo amor de Deus! Quando você tiver um filho vai ser assim? Passando meia hora pra decidir um presente? — Ela balançou a cabeça, claramente se divertindo com a minha indecisão.

— Provavelmente não — respondi, dando de ombros. — Acho que eu só compraria os dois de uma vez.

Quando finalmente decidi que seria o super Lego fui para o caixa, Luana soltou um suspiro aliviado.

— Finalmente, hein? Agora vamos, estou precisando de café — ela disse, toda contente por, enfim, podermos sair da loja.

Mas, enquanto esperava para pagar, um pensamento súbito me fez parar.

— E se ele for um bebê, Luana? Tipo... e se ele engasgar com o Lego? — Perguntei, arregalando os olhos, já me preparando para correr de volta e trocar o presente.

Luana revirou os olhos, colocando a mão no meu ombro como se fosse me segurar no lugar.

— Thaís, pelo amor, não vou te deixar sair daqui sem esse Lego.

Assim que saímos da loja, Luana suspirou como se tivesse acabado de escalar uma montanha.

— Achei que ia precisar de uma resgate ali dentro. Nunca mais te acompanho numa missão de presente, Thaís! — Ela fez o maior drama, colocando a mão no peito e fingindo uma expressão de exaustão, o que me arrancou uma risada.

— Exagerada! — provoquei, rindo, enquanto caminhávamos em direção à cafeteria. Logo estávamos sentadas, e Luana, sem perder tempo, começou a falar sobre o fim do "romance" dela com o último casinho.

— Abalada? Eu? Imagina — disse ela, dando de ombros. — Já tô pronta pra próxima! — A confiança era tanta que eu ri mais ainda, balançando a cabeça.

— E você, hein, dona Thaís? — provocou ela, sorrindo de lado. — Vai viver só de trabalho mesmo? Tá na hora de começar a sair mais, né?

Eu apenas revirei os olhos, rindo.

The Secret- Raphael VeigaOnde histórias criam vida. Descubra agora