7. Aposta

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A semana estava passando em ritmo acelerado, e eu realmente começava a me sentir bem. Depois da sessão de fotos para a campanha de uma marca famosa, onde Medusa, minha amiga e colega de trabalho, acabou finalmente conquistando a confiança da minha mãe, tudo parecia ter entrado nos trilhos. Não havia mais desconfiança; agora, eu estava focado no meu trabalho e havia deixado para trás qualquer dúvida sobre meu compromisso com o futuro.

Pela primeira vez, havia uma rotina: todos os dias eu, Giovanna, Kadu e os gêmeos, Greg e Nicholas, nos encontrávamos cedo para irmos juntos à escola. Era quase um ritual: Giovanna sempre trazendo novidades, Nicholas empolgado para os planos pós-aula, e Greg, de humor sempre enigmático, apenas observando as conversas com aquele olhar curioso. Após as aulas, passei a me encontrar com Nicholas com frequência; íamos estudar na biblioteca ou assistir à nova série da Marvel na casa dele. No fundo, nossa amizade se tornara uma âncora.

Apesar de serem gêmeos, Nicholas e Greg eram praticamente opostos em personalidade. Nicholas era descontraído, seu quarto repleto de figuras de ação e pôsteres de super-heróis. Greg, por outro lado, mergulhava nos livros, cercado por clássicos do suspense e do terror, com uma decoração mais sombria que refletia sua personalidade introspectiva.

Kadu, no entanto, estava quase sempre ausente. Ele jogava em um time de futebol profissional, e seus dias eram cheios de treinos e responsabilidades que o mantinham ocupado. Perguntei várias vezes para assistir a um jogo, mas ele sempre desconversava, dizendo que o público externo era restrito. No fundo, eu imaginava que ele temia que alguém descobrisse sua orientação e lidasse mal com isso. A situação me inquietava, mas decidi dar espaço.

Na quinta-feira, entre risadas na cantina, Giovanna comentava empolgada sobre um evento esportivo que aconteceria em nossa escola em breve, e o assunto logo virou para as "visões" que teríamos:

— Você precisa ver! — disse Giovanna, rindo. — O time de futebol é uma delícia. Vários caras suados, sem camisa...

— E as meninas do vôlei? — completou Greg, com uma expressão de falso desmaio.

Eu ri da situação, mas antes que pudesse responder, Kadu, ao meu lado, envolveu o braço ao redor dos meus ombros, me puxando para perto e beijando meu rosto. A segurança que ele transmitia em público era quase tocante, um ato que contrastava com seu receio em outras áreas.

— O Yago já tem o jogador dele — ele murmurou, com um sorriso orgulhoso.

Nesse instante, Nicholas se voltou para mim com empolgação.

— Yago, vamos lá pra casa mais tarde para ver o novo episódio de "Agatha para Sempre"? — perguntou, quase saltando de animação.

Mas, antes que eu pudesse responder, Kadu interveio.

— Hoje ele não pode, Nich. — Ele me olhou, como se estivesse impondo sua presença. — Quero passar o dia com meu namorado.

Nicholas riu e levantou as mãos, em um gesto de "sem problemas".

— Amanhã a gente assiste — disse, lançando um sorriso que eu respondi com um aceno, enquanto Kadu me observava com um brilho possessivo no olhar.

Depois das aulas, ele estava me esperando na porta, já com tudo planejado. O Uber já estava a caminho, e, ao entrarmos, Kadu me surpreendia com sua necessidade constante de proximidade física. Tocava minhas mãos, acariciava meu rosto, como se a cada toque precisasse reafirmar o que éramos um para o outro. A linguagem de amor de Kadu era o toque, era como se ele precisasse estar próximo, quase entrelaçado a mim, para sentir-se completo.

Quando chegamos à casa dele, ele me levou direto para o quarto. O ambiente era uma extensão de Kadu: o quarto, com uma decoração simples, tinha alguns troféus de futebol e fotos de momentos em que ele parecia genuinamente feliz. Tomei banho e, ao sair, encontrei-o sentado na cama, apenas de cueca, com o olhar firme em mim. Aquele corpo que tanto treinava era uma obra em si: a pele clara, o físico definido, o sorriso que me deixava sem reação.

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