8. Sexta-feira

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Foi só dar de cara com Giovanna que as lágrimas começaram a descer sem controle. Eu mal conseguia acreditar no que tinha acabado de acontecer. Há poucas horas, eu tinha dito a Kadu que o amava, estava disposto até a mandar Marc para longe por ele, e agora isso?

— O que aconteceu? — Giovanna perguntou, arregalando os olhos ao ver meu rosto molhado de lágrimas.

— O que aconteceu foi que seu irmão fez uma aposta sobre mim — respondi alto, sabendo que Kadu ainda poderia escutar lá dentro. — Eu fui um brinquedo, só isso.

Kadu surgiu na porta, com uma expressão de quem tentava não perder o controle. — Você está sendo infantil — ele rebateu, tentando manter a voz baixa, mas o tom de irritação era claro. — Me deixa explicar.

— Infantil? — eu praticamente gritei, com a mágoa corroendo cada palavra. — Eu sou infantil? Você me apostou com os seus amigos, Kadu! Eu fui um jogo pra você! Agora me diz, quantas outras pessoas você usou assim nessa escola?

Giovanna lançou um olhar chocado para o irmão. — Kadu, você realmente foi babaca a esse ponto?

— Não se mete, Giovanna — ele respondeu, franzindo o rosto. — Isso é entre mim e o meu namorado.

— Seu ex-namorado — rebati, sentindo meu coração pesar.

Kadu suspirou fundo, passando as mãos pelo rosto como se buscasse forças. — Yago, só me escuta, por favor — ele disse, tentando manter a calma. — Eu realmente fiz essa aposta, eu admito. Mas desde o primeiro dia em que te conheci, eu esqueci completamente disso. Eu podia ter te beijado naquela festa quando você tava bêbado, mas o que eu fiz? Te afastei daquele cara que só queria te usar, e fiquei de olho em você a festa inteira. Eu estava lá pra te proteger!

Revirei os olhos, a lembrança da festa ainda ecoava na minha cabeça. — Proteger? Kadu, você que me drogou naquela festa! Você quer que eu acredite em você agora?

— Sim, e eu me arrependo disso mais do que você imagina — ele disse, e a voz começou a tremer. Eu podia ver o desespero nos olhos dele. — Porque foi ali que eu percebi o quanto você é incrível. Eu descobri que… — Ele hesitou, mas então soltou, com lágrimas escorrendo. — Que eu te amo de um jeito que nunca amei ninguém. Nunca me importei com mais ninguém assim.

Eu ri, sem acreditar. — Por favor, Kadu. Você ganhou sua aposta, parabéns. Agora volta pra escola e “passa o rodo” nos calouros que quiser.

Ele ficou vermelho de raiva, quase gritando. — Eu não quero mais ninguém, porra! — gritou tão alto que sua voz ecoou pela sala. — Eu quero você! Eu amo você! Se eu tiver que ficar com alguém, esse alguém tem que ser você. Quando tô com você, eu quero gritar pra todo mundo que EU TE AMO!

Nesse instante, o silêncio tomou conta do ambiente. Eu podia ouvir até os batimentos do coração dele. Pela intensidade nos olhos de Kadu, eu sabia que ele estava sendo sincero. Mas eu estava ferido demais para aceitar isso. O silêncio foi quebrado por uma tosse, e quando olhei em volta, percebi Bia, a mãe de Kadu, parada ali, observando tudo.

Ela olhou para ele, incrédula, sem entender bem. — Você… o quê? — perguntou, tentando assimilar o que ouvira.

Ele suspirou, visivelmente nervoso, sem coragem de encará-la. — Eu amo o Yago — disse, a voz agora baixa, tremendo. — A verdade é que eu fui um idiota e perdi ele, mas eu amo esse menino. Amo ele de um jeito que nunca amei ninguém. Se você e o papai quiserem me mandar pra longe por isso, podem mandar… mas não vai mudar nada. Eu amo ele.

Bia o olhava com uma expressão indecifrável, mas lentamente se aproximou. Aquela mulher loira, elegante, que sempre parecia tão altiva, ajoelhou-se à frente do filho e limpou uma lágrima do rosto dele. Kadu olhava para o chão, como se temesse a reação dela.

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