3. Proposta

193 24 11
                                    

Uma semana já havia se passado desde que trabalhei naquela festa, mas eu já sabia que teria que trabalhar novamente, pois minha mãe tinha se machucado ao descer do ônibus enquanto procurava emprego.

Antes que eu tivesse que mandar uma mensagem para Medusa, como se o destino estivesse tentando me ajudar, recebi um áudio dela pedindo para encontrá-la na boate. Respondi que, no dia seguinte, eu passaria lá assim que saísse da escola.

Na escola, tudo estava indo bem; naquela semana, eu e Giovana começamos a criar uma amizade forte, fazendo tudo juntos. Nossa amizade se tornou tão verdadeira que contei a ela sobre os problemas financeiros que estava enfrentando, e ela disse que daria um jeito de me ajudar, que arrumaria um emprego para minha mãe assim que ela melhorasse.

Já Kadu continuava sendo aquele menino mimado que ficava atrás de mim para ajudar com os trabalhos da escola e passar cola nas provas. No fundo, eu não me importava, pois, apesar de ele ser chato na frente dos amigos, quando estávamos sozinhos, era outra pessoa.

Teve um dia que Greg e Nicholas faltaram por algum motivo, e Kadu passou o dia comigo; nem parecia aquele garoto idiota que ele sempre demonstrava ser. Ele se sentou ao meu lado durante a aula, pediu que eu explicasse a matéria e ainda saímos para almoçar juntos. Mas, no dia seguinte, quando os gêmeos voltaram, ele voltou a ser aquele menino babaca de sempre.

Era uma sexta-feira, e, naquele dia, Giovanna e Kadu fariam uma resenha em casa. Parece que os pais deles estavam viajando, e, por esse motivo, a casa ficaria vazia o fim de semana todo. Então, eles resolveram dar uma festa e convidar a escola toda.

Giovana me chamou para ir direto para a casa dela depois da aula e disse que eu poderia me arrumar lá; era só pegar uma roupa do Kadu, e eu estaria pronto. Disse que tinha que resolver uma proposta de trabalho primeiro, mas que era ali perto e, assim que saísse, eu a encontraria. Ela me mandaria o endereço pelo WhatsApp.

Ao sair da escola, passei na boate, e lá estava Medusa, toda montada, como de costume. Era sexta, e eu podia sentir a energia frenética do lugar que começava a se preparar para mais uma noite agitada. As luzes piscavam de maneira frenética, refletindo nas paredes espelhadas do local, e o som das conversas se misturava com o barulho dos copos no bar.

Medusa estava ocupada, resolvendo algo com alguns meninos no bar. Ela estava com uma peruca loira e um vestido preto justo, que destacava todas as suas curvas, como se tivesse sido esculpido em seu corpo. Fiquei de canto, observando, até que ela me notou.

— Precisamos conversar — disse ela, fazendo um sinal para que eu a seguisse.

Caminhamos até o elevador, e eu senti um frio na espinha ao lembrar da noite da semana anterior. Quando a porta se fechou, senti o ambiente ficar mais pesado, o silêncio interrompido apenas pelo som mecânico do elevador. Seguimos até sua sala, e assim que entrei, o ar parecia ainda mais denso.

— Eu não faço programa — falei instantaneamente, tentando afastar os pensamentos que tomavam minha cabeça.

— Eu disse que tinha uma proposta boa para você — respondeu ela, me olhando dos pés à cabeça. — Relaxa, você não faz mais programa. Ordens superiores.

— Como assim, ordens superiores? — perguntei, desconfiado.

— Você não precisa saber de tudo o que acontece — disse ela, me encarando com seriedade.

— Quando se trata da minha vida...

— O negócio é o seguinte — ela me interrompeu —, um dos meus clientes precisava de um modelo fotográfico para fazer algumas fotos para a marca dele, e eu disse que tinha a pessoa perfeita.

Segredos de FamíliaOnde histórias criam vida. Descubra agora