Narrado por: Marc
A luz da minha sala estava baixa, uma penumbra que eu sempre achava mais apropriada para assuntos como o que estava prestes a discutir. Quando a secretária entrou e informou que Medusa estava à porta, eu me ajeitei na cadeira, permitindo que um sorriso frio tomasse conta do meu rosto.
— Pode deixar ela entrar — murmurei, sem tirar os olhos dos documentos sobre a mesa.
Alguns segundos depois, Medusa entrou. Ela sempre sabia como marcar presença. Hoje, usava uma peruca loira brilhante, e seu vestido branco adornado com pedras reluzia, criando um contraste interessante contra a escuridão da sala. Cada detalhe em sua aparência gritava autopreservação e manipulação, mas ela sabia como me entreter. Sentou-se diante de mim, cruzando as pernas com elegância, e deixou o silêncio pairar um momento antes de falar.
— Boa tarde, meu querido — disse ela com aquele tom calculado, um sorriso predatório dançando em seus lábios. — Mandou me chamar?
Observei cada detalhe dela antes de responder, como se estivesse avaliando uma peça cara em uma galeria. Seus olhos traziam um brilho de desconfiança, algo que eu gostava de ver nas pessoas ao meu redor. Ela sabia que uma reunião comigo nunca era casual.
— Minha equipe informou que ainda não trouxeram a assinatura da mãe do novo rosto da empresa — comecei, frio e direto. Medusa me encarou, e o jogo de olhares entre nós era quase um duelo silencioso.
Com um movimento preguiçoso, ela abriu a bolsa e jogou um envelope sobre a mesa, me encarando com um olhar desafiador.
— Tinham modelos mais bonitos esperando a vez — disse ela, provocativa. — Por que tem que ser esse moleque que acabou de chegar? Tem noção do risco de transformar ele no rosto da sua nova linha de perfume?
Minha paciência era limitada. Deslizei a mão pelo envelope, mas não o abri. Mantive meus olhos fixos nela, deixando claro que as escolhas eram minhas, e que eu não tolerava questionamentos.
— Não me lembro de precisar da sua opinião — respondi, ríspido. — Aliás, ouvi dizer que estamos com uma carga atrasada. Isso procede?
Medusa suspirou, ignorando minha indagação direta, e levantou-se. Caminhou até o bar, servindo-se de um copo de uísque, como se estivesse em sua própria casa. Esse tipo de atitude me irritava, mas eu apreciava o jogo. De alguma forma, ela sempre soube como não cruzar a linha... até agora.
— Meu contato estava interessado no menino novo — disse ela, finalmente. — Mas você parece que se apaixonou por aquele pirralho.
Esse comentário me atingiu como uma faísca. Levantei-me abruptamente, minhas mãos jogando os papéis e objetos da mesa ao chão. O som do vidro quebrando e dos objetos metálicos reverberou pela sala.
— Se você tocar um dedo no Yago, se eu souber que mandou ele para fora, eu acabo com sua vida. Entendeu? — minha voz era quase um rosnado.
Medusa parou de beber, e seu olhar revelou uma breve faísca de nervosismo. Ela tentava manter a compostura, mas eu a conhecia o suficiente para saber que, naquele momento, ela estava lidando com um medo genuíno.
— Meu benzinho — respondeu ela, controlando o tom, mas com uma certa rigidez na voz. — Não precisa me ameaçar. Porque, se eu cair, você vai junto. Acho que não quer ser preso comigo, não é mesmo?
Dei um passo à frente, cada palavra carregando uma ameaça velada.
— Quem falou em prender? — murmurei, minha voz suave, mas ameaçadora. — Eu mando matar.
Por um instante, ficamos em silêncio, e percebi o leve tremor em seus dedos ao segurar o copo. Ela sabia que eu não fazia ameaças vazias.
Medusa respirou fundo e, recobrando um pouco do controle, virou o restante do uísque de um gole só.
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Segredos de Família
RomanceSinopse: Entre segredos, traições e paixões proibidas, Yago se encontra no centro de um perigoso jogo emocional envolvendo Kadu, o namorado que ele ama intensamente, e Marc, o pai de Kadu, cuja obsessão ameaça destruir tudo ao seu redor. Preso em um...