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No after party, o ambiente fervilhava com risadas e músicas que faziam os corpos pulsarem ao som da batida

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No after party, o ambiente fervilhava com risadas e músicas que faziam os corpos pulsarem ao som da batida. Eu estava encostada no balcão do bar, observando tudo ao redor. Não demorou muito para que Jenna Ortega e Olivia Rodrigo me encontrassem, os olhos curiosos e brilhando de empolgação. Elas já deviam ter percebido que algo tinha acontecido comigo, porque mal se aproximaram e já lançaram aquele olhar desconfiado.

— Conta aí, Sabrina, o que houve? — perguntou Jenna, curiosa.

Olhei ao redor, certificando-me de que Kalyah Jenner estava fora do alcance da nossa conversa, mas era impossível não percebê-la em meio à multidão. Ela estava no centro das atenções, claro, esbanjando aquele carisma que todos pareciam adorar. Suspirei com desdém antes de me virar para as meninas.

— Kalyah acabou de dar em cima de mim — disse, sem disfarçar a irritação na voz.

As duas arregalaram os olhos, como se eu tivesse dito algo inacreditável.

— Não acredito! — exclamou Olivia, uma mistura de surpresa e animação.

— E você deu um fora nela? Na maior rapper do mundo? — Jenna riu, chocada. Era óbvio que a ideia de alguém dispensar Kalyah parecia absurda para elas.

Revirei os olhos, tentando não me irritar com a incredulidade delas.

— Não entendo qual é a fascinação com ela. Sim, eu dei um fora. E com prazer, inclusive.

Jenna e Olivia riram, mas eu sentia que no fundo elas não acreditavam que eu realmente tivesse coragem de recusar uma investida de Kalyah. Olhei de novo na direção dela, tentando ignorar a cena que me fazia revirar o estômago: lá estava Kalyah, toda íntima com Bella Hadid, os corpos colados, as mãos explorando cada centímetro um do outro como se não houvesse ninguém assistindo.

— E você se importa por quê? Ela tá só... se divertindo — disse Jenna, olhando para mim com um sorrisinho.

— Se divertindo? Por favor, Jenna. O que Kalyah tem de bonita, tem de galinha. Ela deve ter uma lista infinita de mulheres que caíram na lábia dela. Mas eu não vou ser só mais um nome na listinha de conquistas dela, pode ter certeza disso.

Olivia deu um leve empurrãozinho no meu ombro, rindo.

— Nossa, mas precisava ser tão dura? Ela é só... livre, digamos assim.

Revirei os olhos mais uma vez, enquanto Olivia e Jenna trocavam olhares e davam risadinhas.

— Tá bom, meninas, riam o quanto quiserem. Mas eu não caio nesse jogo dela. — Cruzei os braços, fazendo um esforço pra ignorar Kalyah e Bella se devorando ali no canto.

Mas era difícil não reparar. Porque, honestamente, eu sabia que Kalyah era linda, disso não havia dúvida. E sim, ela exalava um carisma difícil de ignorar. O problema era o estilo de vida dela, essa atitude de que pode ter qualquer pessoa a qualquer momento. Ela vivia num mundo onde todos pareciam girar ao redor dela, e eu recusava me submeter a essa dinâmica.

Olivia suspirou, sonhadora, enquanto olhava para a cena.

— Eu ficaria no lugar da Bella numa boa — confessou, rindo. — Quer dizer, quem não gostaria? Ela é um furacão!

Jenna assentiu, um sorrisinho malicioso nos lábios.

— É verdade. Kalyah tem esse jeito... meio irresistível, sabe? Mesmo com essa fama toda de ser... bom, exatamente o que ela tá fazendo agora. Ela parece alguém que aproveita a vida sem pensar muito.

Eu respirei fundo, tentando encontrar paciência para as duas.

— Claro que vocês ficariam. Quem não ficaria, né? — respondi, meio irritada. — Mas eu não vou ser mais uma. Kalyah pode ser bonita, mas eu sei muito bem o tipo de pessoa que ela é.

Jenna e Olivia se entreolharam, um pouco surpresas com o meu tom.

— Sab, cê tá exagerando... Ela não parece ser má pessoa, só... intensa demais, talvez — disse Jenna, em um tom que parecia quase compreensivo.

Eu sabia que as meninas não entendiam o meu desprezo. Elas estavam fascinadas com o magnetismo de Kalyah, achavam que eu estava sendo rigorosa demais. Mas eu sabia o que via: uma pessoa que pensava que o mundo era seu palco, que via todos como peças a serem manipuladas. E a última coisa que eu queria era entrar no jogo dela.

— Intensa? — ri, mas o som saiu mais como um suspiro de exasperação. — Ela é mais do que intensa. Olha só! — apontei na direção dela. — Enquanto tá aqui, bancando a garota “comprometida” com Bella, já tá pensando na próxima pessoa que vai pegar quando essa noite acabar.

Olivia riu, dando de ombros.

— Às vezes é legal ser um pouco desapegada, Sabrina. Talvez você que esteja se prendendo demais às suas ideias.

Olhei para as duas, balançando a cabeça.

— Desapegada? Eu diria superficial. E não, não tô me prendendo a nada, só sei o que eu quero. Vocês que acham que ela é algum tipo de “fênix indomável”. Pra mim, ela é só... bem, uma rapper arrogante que acha que tudo gira ao redor dela.

No fundo, sabia que meu desprezo não era apenas pelas atitudes de Kalyah, mas também pelo contraste entre nós. Eu valorizava intensidade e autenticidade nas pessoas, algo que eu acreditava que faltava nela. Pra mim, alguém que se permitia ser tão… volátil não podia ser profundo o suficiente. E eu me recusava a abrir mão das coisas que acreditava, mesmo que isso me colocasse no papel da “certinha” aos olhos das minhas amigas.

Ainda assim, mesmo com todas as minhas ressalvas, era impossível negar o desconforto ao vê-la ali, tão à vontade, completamente imersa em seu próprio mundo. Me incomodava pensar que ela poderia me ver como apenas mais uma na multidão, como mais uma pessoa impressionada pela sua presença. E era exatamente isso que eu não queria ser.

— Olha, Sabrina, não tô dizendo que você tá errada, mas... que sorte a nossa, né? De ao menos podermos testemunhar a Kalyah Jenner em ação. — Jenna disse, rindo.

Soltei um suspiro.

— É, sorte. Chamem do que quiserem. Eu só sei que, pra mim, o que ela chama de liberdade eu chamo de superficialidade.

Por mais que as meninas riam e tentassem me convencer, eu não ia ceder. Eu era diferente de Kalyah, e me orgulhava disso.

 Eu era diferente de Kalyah, e me orgulhava disso

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ℝ𝕀𝕋𝕄𝕆𝕊 𝔼 𝕊𝔼𝔻𝕌ℂ𝔸𝕆 | ˢᵃᵇʳᶦⁿᵃ ᶜᵃʳᵖᵉⁿᵗᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora