Prólogo

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Nota da Autora: Esta história é uma obra de ficção criada por um fã, inspirada no universo e nos personagens de J.R.R. Tolkien, cuja autoria e direitos autorais são respeitados. Embora a narrativa não faça parte do cânon de "O Senhor dos Anéis", contém conceitos e elementos originais desenvolvidos para esta obra, sem desrespeitar a rica herança literária de Tolkien.

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No ano de 2669 da Terceira Era da Terra Média, Sauron fortalecia-se gradativamente, disfarçado como um "necromante" em Dol Guldur, nas florestas de Mirkwood (Floresta das Trevas), corrompendo a natureza ao seu redor. Nessa época, sua presença e a de seus servos resultaram em uma sombra que se espalhava por toda a floresta, manchando sua beleza e tornando-a cada vez mais sombria e perigosa. Os elfos do reino do majestoso elfo guerreiro Thranduil, preocupados com a segurança de seu lar, reforçavam a guarda em torno de suas barreiras e enfrentavam um número crescente de inimigos, como orcs, aranhas gigantes e outras criaturas sombrias resultantes da influência do mal.

Nos arredores da floresta, também chamada de Trevamata (Mirkwood), existia uma pequena e isolada aldeia, formada por cabanas de madeira e rodeada por árvores antigas que sussurravam segredos ao vento, lar de homens sem pátria, filhos da guerra, e de alguns elfos exilados ou desgarrados por motivos e histórias distintos. Juntos, esses indivíduos tentavam sobreviver aos avanços da influência de Sauron na região. A aldeia sequer possuía um nome, fora erguida como tentativa de sobrevivência por aqueles seres, que já enfrentavam as trevas há muitos anos.

Em meio às diferenças e às tentativas de construir uma sociedade organizada para sobreviver, aconteceu algo inusitado: uma elfa de um clã há muito perdido e exilada por práticas consideradas impuras e inaceitáveis pela sociedade élfica se apaixonou por um homem, expulso de sua vila por desonra após escolher fugir com seus irmãos mais novos em vez de lutar por seu povo. Dessa paixão, considerada por muitos como inaceitável, surgiu um fruto — uma criança que, para aquele povo, tornou-se símbolo de esperança em meio à escuridão.

Contudo, essa criança carregava uma herança misteriosa da parte de sua mãe, algo que poderia ser uma bênção ou um fardo, dependendo do rumo de seu destino. Sua mãe, que sofrera as consequências de tal poder em sua própria vida, tentava reprimir as manifestações dessa força. Durante os poucos anos de paz que tiveram, os aldeões puderam finalmente conviver de forma mais organizada. Porém, tudo mudou diante de um ataque cruel dos servos do mal, os orcs, que invadiram a aldeia para erradicá-la e estabelecer uma posição estratégica próxima à floresta.

Quando o ataque começou, a elfa tentou usar seu poder para proteger seu povo, mas, por ter suprimido essa força por tanto tempo, já não conseguia controlá-la completamente. Em um último esforço, ela fez o que pôde para proteger seu bem mais precioso. Não houve luta — apenas massacre.

Ao mesmo tempo, no reino de Mirkwood, o rei Thranduil soube da invasão por meio de seus espiões e decidiu intervir para garantir a segurança de seu próprio povo, pois, se os orcs conquistassem aquela área, ganhariam uma vantagem estratégica indesejável para Mirkwood. Assim, o rei liderou uma patrulha de seus melhores soldados para avaliar o cenário e proteger as fronteiras.

Ao chegarem à aldeia, encontraram uma cena devastadora: os servos de Sauron haviam cometido um verdadeiro genocídio e estavam se alimentando dos cadáveres. A visão incendeu a fúria dos soldados e do próprio rei. Mesmo sem qualquer ligação com aquelas pessoas, eles sentiram ódio ao testemunharem tamanha crueldade. Enfrentaram e derrotaram o bando de orcs que ainda permanecia ali, mas o sentimento de tristeza se intensificou ao perceberem que, entre os corpos, estavam indivíduos de sua própria raça, elfos que, de alguma forma, ali viviam.

No meio da destruição, em uma das casas da aldeia, Thranduil encontrou algo peculiar: um ponto de luz. Ao se aproximar, percebeu que se tratava de uma espécie de escudo de energia que emanava dos braços de uma elfa de cabelos negros, falecida e com um semblante de desespero. Ao tocar o escudo, sentiu que ele aceitou seu toque e se desfez em sua mão. No lugar onde antes havia uma rajada de luz, estava um pequeno embrulho, um bebê protegido por um amuleto élfico. A cena tocou profundamente o rei. Enquanto envolvia o bebê em seu manto, um lampejo de dúvida atravessou sua mente: uma criança meio-humana? Isso iria contra preceitos que ele mesmo acreditava, mas havia uma pureza naquela alma que ele não podia ignorar. Aquela criança de orelhas pontudas e cabelos negros era, ao menos em parte, de seu povo, e possuía uma essência especial.

Sentindo um senso de dever e de responsabilidade inesperados, Thranduil decidiu levar a criança ao palácio, seja por respeito à linhagem élfica que ela carregava, seja por um pressentimento de que ela estava destinada a algo maior. No início, ele pensou em oferecer à bebê uma proteção formal, cuidando dela até que uma família elfa a acolhesse. No entanto, conforme os dias passavam, Thranduil sentia que sua ligação com a criança se tornava mais profunda.

Aos poucos, essa conexão se transformou em um afeto discreto, mas genuíno. Considerando toda a escuridão que a criança enfrentara, decidiu protegê-la pessoalmente, criando-a em seu palácio como sua protegida. Percebia que ela possuía uma ligação intensa com a floresta e emanava traços de pureza e energia que a diferenciavam. Foi então que decidiu chamá-la de Elenwen, que, no idioma sindarin, significava algo como "filha das estrelas".

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Notas da autora: Alerto que nessa história a passagem de tempo para alguns eventos cânon do universo de Tolkien pode ser modificada para dar uma maior base para a narrativa, mas nada que altere significativamente a essência da obra.

Sombra e Luz: O Destino de ElenwenOnde histórias criam vida. Descubra agora