Descontrole

17 7 29
                                    

3259 Palavras

Legolas estava sentado em uma clareira perto dos limites do palácio, um lugar tranquilo onde ele renovava suas forças. Havia retornado há três dias de expedições pela floresta e, nesse curto intervalo, percebeu o quanto tudo estava mudando. Uma presença maligna parecia crescer na região. Ele não sabia se os rumores sobre o retorno de Sauron, o servo de Morgoth, eram verdadeiros, mas os sinais inquietantes não lhe escapavam: aranhas gigantes e orcs andavam em número crescente ao redor do reino, o que lhe causava um mau presságio.

Suas expedições para fora do reino estavam ficando cada vez mais frequentes e complicadas. Como príncipe guerreiro de Mirkwood, ele ficava a cargo do comando do exército em missões exploratórias e defensivas do reino. Ultimamente as missões defensivas estão ocorrendo mais que o desejado, está semana mesmo se depararam com um bando de seis orcs sob o comando de um Uruk (uma espécie de orc mais inteligente e resistente), essa especie não aparecia por essas terras há muitos anos e isso preocupou todo o conselho de segurança, principalmente o seu pai.

Ainda assim, apesar das preocupações e incertezas em relação ao futuro e à segurança do reino e de toda a Terra-média, Legolas se encontrava perdido em pensamentos. Tentava se focar inteiramente nas ameaças, mas sua mente o traía, evocando a imagem da elfa de cabelos vermelhos que o consumia: Tauriel. Ele conhecia Tauriel há muito tempo, mas seus sentimentos por ela intensificaram-se ao longo das patrulhas e missões que realizaram juntos em nome do reino. Havia uma sincronia entre eles - tanto nas opiniões quanto no combate - que despertava algo dentro dele, para além de sua admiração por sua beleza única. Contudo, essa admiração não era exclusiva; outros também a notaram.

Ele nunca havia sentido tal coisa por nenhuma outra pessoa. Tauriel parecia ser sua companheira ideal, ela entendia o que ele pensava sem ao menos precisar dizer, ela era como fogo, sua presença trazia consigo um lampejo de coragem e aventura. Legolas, porém, não sabia o que fazer com esses sentimentos. Sentia que Tauriel tinha afeição por ele, mas desconfiava de que era apenas um laço de lealdade, ou mesmo de dever. E conhecia seu pai, Thranduil; ele jamais aceitaria a união de um príncipe com uma elfa comum. O receio de perturbar o laço que já tinham o deixava hesitante, levando-o a se contentar com a contemplação distante. Ele desejava que seu relacionamento com ela fosse tão simples quanto o que tinha com Elenwen. Tudo com Elenwen era mais natural, sem complicações; o que não era uma surpresa, afinal, eram apenas amigos.

Não deixou de se questionar o local onde seus pensamentos o levaram, como ele poderia comparar Tauriel a Elenwen? Tauriel era chama, era presença, luta, coragem. Já Elenwen era tranquilidade, curiosidade, ingenuidade. Elas eram pessoas completamente distintas. Tauriel sempre sabe o que quer e como conseguir, já Elenwen sempre tem receio de tudo, mesmo com muita curiosidade ela sempre se segura em tudo, ele a via como um ser tão frágil. Légolas acreditava que esse era o motivo de sua certeza pelos sentimentos por Tauriel, ele precisava de uma companheira que governe e lute com ele, alguém com a qual ele não precisaria se preocupar tanto. O que não acontecia em relação a Elenwen, já que ele sempre sentia a necessidade de protegê-la de tudo. "Mas espera!" "Por que diabos eu estou pensando nisso mesmo?" - ele indagava-se enquanto tentava entender como a sua mente chegou a uma comparação completamente estúpida para a companheira perfeita, afinal não tinha discussão, Tauriel era a sua paixão e Elenwen sempre seria como sua irmã.

Perdido em devaneios, ele não percebeu a presença de uma figura esguia, de longos cabelos negros, que tentava aproximar-se sem ser vista. Elenwen pretendia pegá-lo desprevenido, mas estava enganada se achava que poderia surpreender o seu mentor. Antes que ela encostasse a adaga em suas costas, ele, sem sequer olhar, segurou seu braço e a desarmou rapidamente. Elenwen, indignada, tentou escapar. Com um golpe ágil, atingiu o pescoço dele, obrigando-o a soltá-la antes de sair correndo. Ele sorriu, claramente se divertindo, e levantou-se para alcançá-la, surpreso com a agilidade que ela desenvolvera. Eles corriam pelo bosque próximo a um riacho até que, por fim, ele a alcançou, imobilizando seus braços.

Sombra e Luz: O Destino de ElenwenOnde histórias criam vida. Descubra agora