Sob o Olhar do Guardião

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3214 Palavras

O sol começava a se esconder por trás das colinas, enquanto Elenwen e Legolas seguiam pela trilha ao sudeste das terras de Rohan. O som dos cascos dos cavalos ecoava suavemente, mas o ambiente já não era tão opressivo quanto os dias anteriores. A floresta começava a se abrir, revelando campos ondulantes e um céu mais amplo, tingido pelos últimos raios de luz.

Eles se aproximaram de um pequeno vilarejo humano. A presença de construções simples e fumaça subindo das chaminés trazia um contraste à vastidão da natureza ao redor. Legolas parecia desconfortável; seu olhar atento analisava os arredores, como se esperasse que o perigo surgisse de qualquer canto.

— Não devíamos parar por aqui. — Ele disse, sua voz carregada de prudência. — Os vilarejos humanos têm suas próprias questões. Não é sábio nos envolvermos.

Elenwen lançou um olhar curioso para ele. — Talvez precisemos de informações ou até suprimentos. Você pode desconfiar deles, mas isso não significa que são hostis.

Antes que Legolas pudesse responder, o som de vozes exaltadas chegou até eles. Eles se entreolharam, e Elenwen logo desceu do cavalo, movendo-se em direção à fonte da comoção.

— Espere. — Disse Legolas em tom baixo, mas firme.

— Só quero verificar. — Respondeu ela, decidida, já avançando entre as construções.

Legolas suspirou, descendo também e seguindo-a, claramente contrariado. Ao adentrarem a cidade perceberam uma movimentação do lado de fora de um estabelecimento, dois homens de armaduras brilhantes jogavam um homem de aparência maltrapilha no chão úmido e sujo frente ao local que parecia ser um ponto de encontro do vilarejo.

Na frente da grande taverna, o homem que fora jogado era alto, de cabelos escuros e médios, e confrontava dois soldados da guarde de Rohan. Ele usava uma capa surrada, mas o porte altivo e os olhos cinzentos azulados emanavam uma força que contrastava com suas vestes simples. Sua voz, grave e firme, carregava uma autoridade inata que fazia com que mesmo os soldados hesitassem diante dele.

— E que moral vocês têm para me tirar daqui?! Negligenciam as fronteiras, e depois se perguntam por que os perigos se aproximam. Rohan está vulnerável, seu rei há muito tempo não aparece em público e vocês preferem ignorar os sinais. — Disse ele, sem elevar o tom, mas com uma firmeza que fazia suas palavras ressoarem.

— Você não passa de um andarilho! Não tem o direito de questionar as ordens do rei! — Retrucou um dos soldados, já com a mão na espada.

Quando o soldado avançou, Elenwen se colocou entre eles, erguendo as mãos em um gesto de paz.

— Não há necessidade de violência. — Disse ela, sua voz firme, mas calma.

O soldado hesitou, surpreso pela intervenção, mas sua expressão continuava carregada de irritação.

— Quem é você para se meter nisso? — Ele perguntou, mas antes que pudesse continuar, Legolas se posicionou ao lado de Elenwen, a mão levemente apoiada no cabo de sua espada.

— Ela é alguém que tem melhor senso do que você. Recolha sua lâmina antes que faça algo de que se arrependa. — Disse Legolas, sua voz baixa, mas carregada de autoridade.

O soldado olhou para ele, reconhecendo claramente a origem nobre do elfo, e decidiu recuar, saindo dali com o outro soldado. O homem que estava envolvido na discussão permaneceu em silêncio, mas seus olhos atentos acompanhavam cada movimento.

— Passolargo. É assim que sou chamado. — Disse ele, finalmente, ao inclinar a cabeça em um leve cumprimento para Elenwen. — E devo a você minha gratidão.

Sombra e Luz: O Destino de ElenwenOnde histórias criam vida. Descubra agora