Sombra e Luz: O Destino de Elenwen

O Retorno e a Perda

4108 Palavras

Os passos ecoavam abafados na floresta, e até mesmo os pássaros pareciam evitar cantar ali. A escuridão das árvores, densamente entrelaçadas, bloqueava o pouco de luz que ainda restava do fim da tarde, criando sombras que pareciam se mover e observar os intrusos. A cada passo que davam, o ar ficava mais pesado, como se um antigo segredo estivesse guardado nas profundezas daquela floresta, um segredo que se recusava a ser revelado.

Gandalf lançou um olhar atento ao redor, desconfiado até mesmo do vento que parecia sussurrar em sua direção. Quando chegaram a uma pequena clareira, ele se voltou para Nimloth, que segurava Elenwen entre as mãos com um toque que misturava medo e cuidado. — "Vamos começar aqui," disse Gandalf, os olhos fixos na elfa que parecia flutuar entre a realidade e o delírio da poção.

Ele ergueu o cajado e começou a murmurar palavras antigas, suas mãos traçando movimentos precisos no ar, criando símbolos que brilhavam com uma luz suave. Contudo, à medida que o feitiço avançava, ele sentiu algo estranho, uma resistência como se algo estivesse lutando para impedir que Elenwen se libertasse. A energia dela não fluía de forma natural; era como um rio bloqueado, com correntes revoltas, incapaz de seguir seu curso.

— "Há algo dentro dela... um selo antigo," disse Gandalf, franzindo o cenho. Ele parecia profundamente perturbado, como se estivesse desvendando um mistério há muito escondido. — "Não é comum, é uma magia poderosa e rara. Quem fez isso sabia exatamente como prender alguém como ela."

Nimloth desviou o olhar, mas Gandalf insistiu, os olhos fixos nela, exigindo uma resposta. — "Você sabe mais do que está dizendo, Nimloth. Elenwen não é uma elfa elementar comum, é?" Suas palavras cortaram o ar como uma lâmina, despertando um conflito profundo no olhar da elfa ao seu lado.

Por um instante, Nimloth pareceu hesitar, os olhos oscilando entre Gandalf e Elenwen. — "Eu... jurei pela minha vida que nunca contaria nada," murmurou ela, a voz carregada de um segredo que parecia pesar mais que montanhas. — "Mas, Gandalf, isso não importa agora. O que importa é salvar Elenwen."

Apesar de sua relutância, Gandalf acenou lentamente, mas o olhar dele se demorou em Nimloth, ainda suspeitando. Ele sabia que um segredo desses não era mantido sem um motivo.

— "Se quem colocou este selo em Elenwen o fez, teve suas razões... mas agora precisamos tirá-lo," disse ele, voltando sua atenção para Elenwen. "Isso pode ser bom ou ruim — e temo que só saberemos ao fim do feitiço."

Erguendo novamente o cajado, Gandalf começou a entoar palavras ainda mais complexas, as sílabas reverberando pela floresta como um eco distante. Então, Elenwen começou a se debater, o corpo dela tremendo como se uma tempestade interna estivesse prestes a explodir. Faíscas de energia surgiram em sua pele, pequenas ondas de luz escorriam por suas mãos, fazendo Nimloth recuar com um olhar alarmado.

O corpo de Elenwen tremia como se lutasse para conter uma força que não pertencia a ela. Seus lábios começaram a murmurar palavras desconexas, frases sem sentido, até que uma palavra, apenas uma, emergiu claramente:

"Sauron."

Aquela palavra pareceu congelar o ar ao redor. Tudo silenciou na floresta; até mesmo o vento cessou, e Gandalf sentiu uma pontada de pavor.

— "Ele a alcançou," murmurou Gandalf, a voz carregada de um alarme profundo. — "Se ele está tentando interferir, é porque há algo em Elenwen que ele quer."

Com um brilho feroz no olhar, Gandalf intensificou o feitiço, colocando toda a sua força para quebrar o selo. Ele sabia que não havia mais tempo; precisava libertá-la antes que Sauron alcançasse o que quer que fosse que ele pretendia fazer. A floresta ao redor deles parecia inclinar-se para mais perto, assistindo ao embate invisível, enquanto a magia de Gandalf lutava contra a resistência do selo antigo, como se uma batalha estivesse sendo travada nas profundezas da alma de Elenwen.