Reflexos no lago

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3047 Palavras

A luz da manhã mal penetrava as grossas nuvens que encobriam Mirkwood, lançando uma iluminação pálida sobre o quarto de Elenwen. O clima úmido e pesado da floresta parecia se refletir na atmosfera dentro dela. Mesmo com o silêncio ao redor, a sensação de sufocamento não a abandonava. A névoa da madrugada se dissipava lentamente lá fora, mas ela ainda se sentia envolta em uma neblina interna, obscurecida pelas dúvidas e o desconforto crescente.

Ela acordou novamente de um pesadelo, mas desta vez não era o mesmo. Não era o olhar flamejante de Sauron que a perseguiu, mas algo diferente, mais sutil, mais enraizado em seus próprios medos. Uma paisagem em ruínas, suas mãos queimando ao tocá-las, a sensação de estar desaparecendo, desintegrando-se lentamente.

Sentada na beira da cama, os olhos ainda perdidos no vazio, Elenwen tentava ordenar seus pensamentos, mas tudo parecia distante e borrado. "O que aconteceu comigo? O que sou agora?" Aquelas perguntas estavam se tornando mais frequentes e desconfortáveis a cada dia. Ela se sentia estranha em seu próprio corpo, como se fosse uma estranha até para si mesma.

O ar pesado de Mirkwood parecia ser um reflexo de sua mente, e ao olhar pela janela, ela apenas viu um mundo sem vida, coberto pela névoa espessa. As poucas fissuras por onde a luz do sol tentava entrar não eram suficientes para aquecer o ambiente ou acalmar seu coração. O silêncio que pairava sobre o reino parecia opressor, refletindo o vazio que ela sentia dentro de si.

Ela não entendia a relação entre o poder dentro dela e sua linhagem. Não era apenas o que Sauron dizia — aquela força que ele queria manipular, que ele queria dela — mas algo mais profundo, um eco de um passado que ela não conhecia. Um poder que a conectava a algo além dela, além de qualquer controle ou compreensão.

"Eu não sei o que sou. Eu não sei de onde venho." O medo que ela sentia não era só de se tornar uma ameaça, mas de se perder completamente. De não ser mais capaz de discernir o que era certo ou errado, o que era real ou ficção.

Mas havia algo mais, algo que ela não conseguia entender completamente. A força que ela sentia crescer dentro de si, como uma sombra se alimentando de suas próprias emoções, se tornava mais presente em seus pesadelos e pensamentos. A sensação de que estava em constante luta contra algo que não podia controlar a fazia duvidar de tudo ao seu redor. O que se passava com ela era algo mais do que simples insegurança — era uma força externa, uma pressão que parecia crescer com o passar do tempo.

 O que se passava com ela era algo mais do que simples insegurança — era uma força externa, uma pressão que parecia crescer com o passar do tempo

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Elenwen decidiu que não podia mais ficar sozinha. O peso de seus pensamentos, as questões não respondidas, estavam começando a sufocá-la. Ela se levantou e caminhou pelos corredores do palácio, sem saber ao certo onde estava indo. O ar fresco da manhã de Mirkwood parecia lhe dar alguma clareza, mas não o suficiente para apagar o tormento em sua mente.

Foi então que ela o viu, parado à sombra de uma coluna, estava majestoso como sempre, com seus cabelos loiros meio presos em duas tranças que se juntavam atrás de sua cabeça, vestindo uma túnica marrom com detalhes prateados. Os olhos azuis de Legolas fixos no pátio. Ele parecia contemplar algo à distância, mas ao perceber sua aproximação, seus olhos se voltaram para ela, atentos e preocupados.

Sombra e Luz: O Destino de ElenwenOnde histórias criam vida. Descubra agora