Sombras na Floresta

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2035 Palavras

Elenwen estava decidida a não perder o controle daquela forma novamente; não poderia perder a si mesma assim. Ao caminhar mais um pouco, tentando retornar ao castelo, percebeu que não se lembrava do caminho e nem da trilha por onde viera; provavelmente estava andando em círculos. Sentiu uma ardência forte na canela, e, ao levantar a barra esfolada do vestido, percebeu que havia se cortado durante a fuga e agora estava deixando um rastro de sangue por todo o caminho. Não poderia permanecer nesse estado na floresta, pois sabia que, nos últimos tempos, as criaturas das Trevas haviam aumentado seu número por ali. Precisava dar um jeito nisso.

Abaixou-se para curar a ferida aberta na panturrilha. Contudo, mesmo ao tentar arduamente manipular sua energia, não conseguiu fechá-la completamente, o que era compreensível depois do que acontecera no salão; ela usara muita energia para aquilo, ainda que involuntariamente. Seu corpo estava exausto e desgastado, sentindo os músculos doerem a cada passo. Sabia que sua força vinha da floresta, mas não sabia exatamente como se "recarregar" ali por vontade própria. Assim, enquanto tentava extrair qualquer tipo de energia do solo no qual estava agachada, percebeu que algo se aproximava; sentia que algo a havia encontrado. Automaticamente, todos os pelos do corpo se arrepiaram - o que quer que fosse aquilo, não era bom.

Tentou pegar a adaga que sempre levava amarrada à cintura, mas, "Droga, não é comum usar adaga em celebrações de boas-vindas," pensou, percebendo que estava completamente desarmada. O vento ficava cada vez mais forte, e ela se levantou, em alerta, sentindo que o vento tentava alertá-la de algo, mas sem conseguir identificar o que era. Ouviu barulhos vindos de cima; gelou. Quando se virou para olhar o que estava nas árvores, não teve tempo de reagir: uma aranha gigante estava sobre ela, e a ferrada dela doía como brasa quente, paralisando seu corpo. Estava completamente perdida.

Legolas rapidamente separou uma equipe para acompanhá-lo na floresta em busca de Elenwen. Ele temia o que ela poderia encontrar naquele lugar durante a noite, conhecia os mistérios sombrios que a floresta guardava. Revistaram grande parte da área fronteiriça, mas nem sinal dela. Ele correu, tentando ouvir algo, vê-la por entre as folhas ou sentir seu cheiro em algum lugar. Ao passar por um corredor de árvores, paralisou: conhecia aquele cheiro. Não era apenas o perfume de capim-limão que Elenwen costumava usar; havia algo a mais - sangue.

Ela tentava com todas as forças lutar, se mexer, mas não conseguia sair do lugar, não conseguia gritar e sentia a gosma da aranha se enrolar ao redor de seu corpo, apertando cada milímetro. "A aranha estava me preparando para o banquete," pensou, enquanto o desespero aumentava. Não poderia morrer ali, assim. Não aceitava isso, não queria desperdiçar sua vida daquela forma. Como resposta ao seu desespero, sentiu algo se mexer em seu corpo, um formigamento nos dedos. Focou-se completamente naquela sensação e no objetivo que buscava com aquilo, até que, de repente, em um momento de distração da besta, uma enorme raiz de árvore saiu do chão e atravessou a cabeça do monstro que tentava matá-la. Ela conseguira. Mas a felicidade não durou muito: sentia seu corpo enfraquecer aos poucos. O veneno da aranha a mataria de qualquer forma; no fim, tudo foi em vão. Seu corpo não aguentava mais, sua mente parava aos poucos, sua visão não focava em mais nada ao redor. Percebeu uma silhueta se aproximando, mas não conseguiu distinguir sua forma ou sons, entregando-se à inconsciência completa.

Legolas encontrou-a no chão. Ao vê-la, temeu ter chegado tarde demais. Viu o corpo da fera morto ao lado dela, mas nem sequer parou para entender o que havia acontecido; precisava tirá-la daquele casulo, precisava ver se ela ainda respirava. Um sentimento de terror o agarrou ao, finalmente, rasgar as teias da aranha e vê-la completamente fria e azulada, inconsciente e sem respiração, com o semblante assustado. Não pensou duas vezes em pegá-la nos braços e levá-la o mais rápido possível de volta para o palácio. Ela não podia morrer ali, não podia morrer assim, não podia morrer.

Sombra e Luz: O Destino de ElenwenOnde histórias criam vida. Descubra agora