ENTRE FLORES E SEGREDOS

CAPÍTULO 4 | DESESPERO

Fiquei ali, imóvel, o som da fita parando ainda ecoando na minha mente. O silêncio ao meu redor parecia um manto pesado, quase insuportável. Minhas lágrimas continuavam a escorrer, mas a sensação de urgência me impulsionava a agir. Precisava entender o que estava acontecendo e quem estava por trás daquela ameaça horrenda.

Olhando novamente para a fita e a carta, uma ideia me ocorreu. Caius não havia retornado ontem, e a única mensagem que me enviara era um breve texto.

• Não retornarei, me desculpe, meu amor. Os sócios me prenderam aqui e não querem que eu saia. Nossa reunião não tem hora para acabar. Dê feliz aniversário para sua mãe e um beijo. Eu te amo mais do que tudo.

A mensagem tinha sido vaga, mas eu nunca imaginaria que algo pudesse estar errado.

Senti uma onda de pânico. Se ele não havia retornado e estava em uma situação que ele não conseguiu explicar, era possível que algo estivesse muito errado. Peguei meu telefone e, com as mãos tremendo, disquei o número de Caius. A ligação foi atendida após alguns toques, mas não por Caius.

– Caius? – Minha voz soou ansiosa e desesperada do outro lado da linha.

Não houve resposta. Apenas o som de murmúrios ao fundo e uma sensação crescente de que algo estava fora de lugar. Meu coração disparou. A mensagem que ele havia deixado não parecia coincidir com o que eu estava começando a entender. Eu precisava saber se ele estava seguro, se havia algo mais que eu devia saber.

– Caius, por favor, atenda. É Calliope. Estou preocupada, você não voltou ontem e não me deu mais notícias.

A linha estava cheia de ruídos indistintos, como se houvesse uma discussão em segundo plano. Meu desespero aumentava a cada segundo de silêncio.

Finalmente, a chamada caiu em uma caixa postal, e eu me senti completamente impotente, sem saber o que fazer. O medo de que algo terrível pudesse ter acontecido com Caius se apoderava de mim, e a gravidade da situação se tornava cada vez mais real.

Minha mente estava a mil por hora. O que deveria fazer agora?. Como garantir a segurança de Caius quando eu não sabia nem onde ele estava?. O único caminho que eu podia seguir era buscar ajuda e encontrar uma maneira de agir antes que fosse tarde demais.

Com o coração apertado e a mente tumultuada, me levantei e comecei a procurar por mais informações que pudessem me ajudar a localizar Caius. Cada segundo parecia uma eternidade, e eu sabia que precisava agir rapidamente para evitar que o plano de S.H se concretizasse.

Peguei minha bolsa e saí do escritório em um impulso, o som dos meus passos ecoando no chão enquanto me afastava com pressa. Laura estava ali perto, e seu olhar surpreso encontrou o meu por um instante. Sem diminuir o ritmo, segurei as chaves da floricultura por um segundo, sentindo o peso frio do metal em minha mão.

Com um gesto rápido, joguei as chaves na direção dela. Elas giraram no ar, reluzindo sob a luz antes de caírem perfeitamente nas mãos de Laura, que as agarrou por reflexo, ainda um pouco atônita.

– Laura, não volto mais. Feche a loja para mim.

– Claro, pode deixar comigo – Disse ela olhando as chaves.

Entrei no carro com as mãos tremendo, o peso da preocupação afundando em meu peito como uma pedra. Girei a chave na ignição, quase forçando o motor a responder, e apertei o volante com força, como se isso pudesse acalmar a agitação que fervilhava dentro de mim. Ao pisar no acelerador, senti a adrenalina pulsar, cada batida do meu coração acelerando junto com o carro.

A cada cruzamento, avancei sem pensar, minha mente tomada apenas pela urgência de chegar. As luzes dos sinais, os faróis dos outros carros, tudo virou um borrão confuso, quase surreal. Apertei a buzina repetidamente, uma tentativa frustrada de abrir caminho enquanto os sons caóticos das ruas se misturavam ao som do meu próprio desespero.