CAPÍTULO 14 | CARRASCO

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NOAH

Enquanto caminhava de volta para a padaria, a raiva pulsava em cada célula do meu corpo, como uma corrente elétrica. Meu peito ardia, minha mente fervia. O mundo ao meu redor parecia um borrão insignificante, porque tudo o que importava agora era aquela marca. Aquela maldita marca no braço dela.

Quem teve a ousadia de tocá-la?. De machucá-la?. Só de pensar nisso, meus punhos se fecharam, os dedos cravando na palma da mão até doer. Não importava quem fosse, não importava o que precisasse fazer. Eu descobriria. E quando isso acontecesse... Ah, essa pessoa não apenas se arrependeria, ela imploraria para nunca ter existido. Eu faria questão disso.

A ideia de Calliope, tão perfeita, tão acima de tudo, sendo ferida, me corroía de um jeito que eu não sabia explicar. Era inaceitável. Inimaginável. Eu protegeria cada pedaço dela, mesmo que isso significasse atravessar todos os limites que um homem pode ter. Não importava o preço. Não importava as consequências. Calliope era um farol em um mundo de escuridão, e eu seria a tempestade que arrasaria qualquer um que tentasse apagá-la.

A porta da padaria se fechou atrás de mim com um baque suave, abafando os sons das ruas movimentadas. O ar estava impregnado com o cheiro doce de pão fresco e açúcar caramelizado.

O lugar estava impecável, cada superfície brilhando como um reflexo do perfeccionismo que exigia de todos ali dentro. Eryx, como sempre, estava no balcão, limpando o expositor. Ele era o tipo de pessoa que fazia tudo parecer sob controle, mas ao levantar os olhos e cruzar com o meu olhar, sua postura mudou. Ele sabia que algo estava errado.

– O que aconteceu? – Perguntou, deixando o pano de lado, os braços relaxados, mas os olhos fixos em mim, atentos.

Meu humor era um fio tenso, pronto para se romper.

– Preciso que você faça algumas investigações – Falei, minha voz firme, porém baixa.

Eryx ergueu uma sobrancelha, inclinando a cabeça para o lado, claramente surpreso. Ele cruzou os braços devagar, como se tentasse medir a gravidade do que eu estava pedindo.

– Investigações? – Repetiu, com o tom seco que só ele conseguia usar comigo sem perder o emprego. – Do que você está falando agora?.

Dei mais um passo à frente, invadindo seu espaço pessoal. Ele descruzou os braços, assumindo uma postura mais defensiva, como se instintivamente soubesse que aquilo era sério.

– Calliope está machucada – Disparei, cada palavra carregada de uma fúria crescente. – Vi uma marca no braço dela, e não foi um simples acidente, aquilo era uma marca de mão.

Eryx piscou, claramente tentando processar o que eu acabara de dizer.

– Calliope? – Perguntou, o nome dela saindo mais como um sussurro. Ele sabia que qualquer coisa envolvendo Calliope comigo nunca era trivial. – Você tem certeza?.

– Absoluta. – Minha voz saiu mais baixa, mas não menos intensa. – Quero que descubra quem fez isso. Um nome, um rosto, e quero isso rápido.

Ele franziu a testa, e por um momento, parecia querer argumentar. Mas então, nossos olhares se encontraram, e a seriedade no meu rosto fez com que ele desistisse.

– Entendido – Respondeu, suspirando enquanto pegava o pano novamente, mas dessa vez apenas para ocupar as mãos. – Vou precisar de mais detalhes. Quando você viu isso?. Onde?.

– Não importa onde – Cortei. – O que importa é que alguém achou que podia encostar nela e sair impune.

Eryx hesitou.

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