CAPÍTULO 19 | VISITA CLANDESTINA

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Eu estava deitada na cama, tentando me manter firme, quando a porta do quarto se abriu bruscamente. Quase pulei com o susto, mas minha surpresa aumentou ainda mais quando vi Laura entrar correndo, ofegante, como se tivesse fugido de um ataque.

– Meu Deus, o que aconteceu? – Perguntei, assustada, me endireitando na cama.

Ela parou, dobrada ao meio, rindo e respirando pesadamente. Suas mãos estavam apoiadas nos joelhos, e seu rosto estava vermelho de tanto esforço.

– As... enfermeiras... – Ela conseguiu dizer entre risadas e respirações curtas. – Já passou... do horário de visita... então... tive que correr delas – Ela soltou outra gargalhada, dessa vez tão forte que começou a soluçar.

Eu fiquei olhando para ela, sem saber se ria ou se ficava preocupada. Mas a cena era tão absurda que acabei rindo também.

– Laura, você tá doida? – Perguntei, ainda rindo, mas preocupada. – E se elas te pegassem?.

Ela se endireitou, ainda rindo, e jogou-se no sofazinho que tinha ao lado da cama, como se tivesse corrido uma maratona.

– Ah, e daí?. No máximo iam me arrastar de volta pra recepção – Ela respondeu, dando de ombros. – Mas eu precisava te ver. Não ia embora sem falar com você.

A presença de Laura era sempre um alívio. Mesmo quando ela estava sendo a pessoa mais irresponsável do planeta, ela conseguia me arrancar risadas.

– Mas como você sabia que eu tava aqui?.

Laura sorriu, divertida, e deu um tapinha na cama, como se estivesse guardando uma fofoca.

– Caius me contou – Ela falou, casualmente, balançando a mão no ar.

– Claro que ele contou – Murmurei, balançando a cabeça com um sorriso.

Antes que pudéssemos trocar mais uma palavra, o som de passos firmes ecoou pelo corredor, ressoando contra as paredes do hospital. Meu corpo ficou tenso imediatamente, e pelo olhar que Laura lançou, percebi que ela sentiu o mesmo.

Seus olhos arregalaram-se como os de alguém pego em flagrante, e, sem dizer uma única palavra, ela levantou-se de repente, o movimento tão rápido que quase derrubou a cadeira.

– Laura... – Comecei, mas não tive tempo de terminar.

Ela correu para o banheiro, fazendo pouco ruído no chão, e fechou a porta com cuidado. O som da tranca girando foi quase imperceptível, mas suficiente para me deixar ainda mais inquieta.

Fiquei ali, imóvel, olhando para a porta do banheiro enquanto os passos se aproximavam cada vez mais. Meu coração estava batendo forte o suficiente para me deixar zonza, e me forcei a respirar fundo, tentando parecer normal.

Eu mal tive tempo de processar a situação antes que duas enfermeiras entrassem no quarto, ambas tinham expressões sérias, o tipo de olhar que avalia tudo ao redor em segundos, como se já tivessem decifrado cada detalhe do ambiente e de mim antes mesmo de cruzarem a porta.

A primeira era alta, com um físico robusto e postura impecável. Seus ombros largos pareciam carregar uma autoridade natural, e cada passo que dava era firme, como se deixasse claro que não tinha tempo para brincadeiras. Seus cabelos pretos estavam presos em um coque alto, sem um único fio fora do lugar, dando-lhe uma aparência quase militar. Os olhos, de um castanho escuro intenso, pareciam perfurar qualquer tentativa de esconder algo. Mesmo com o uniforme branco impecável, sua presença dominava o espaço, transmitindo uma mistura de eficiência e desconfiança.

A segunda era bem mais baixa, de estrutura magra e delicada. Seus cabelos loiros estavam trançados de forma meticulosa, com as mechas soltas caindo suavemente sobre seus ombros, conferindo-lhe um contraste sutil com a seriedade de sua postura. Apesar do físico frágil, seus movimentos eram rápidos e precisos, como se nada escapasse ao seu radar. Seus olhos azuis, pequenos e atentos, analisavam cada detalhe com curiosidade contida, mas havia algo na expressão dela que sugeria uma percepção aguçada, talvez até desconfiada.

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