Londres
- Desacelera Kate. Sabes que tens uma gravidez de alto risco. Dá para teres mais cuidado contigo e com a nossa filha?
- Eu tenho compromissos, Rodolffo. A clínica não se gere sózinha e já passou a fase crítica. A bébé está bem.
- Tu ouviste a tua colega e também não és leiga no assunto. Por favor, fica em casa a descansar. Faltam dois meses para a Dianna nascer.
- Eu prometo parar no último mês de gestação.
Rodolffo negou com a cabeça e saiu em direcção ao hospital.
Kate tinha tido uma série de problemas ao longo da gravidez. Falta de vitaminas, hipertensão e um pouco de anemia. Depois era muito teimosa e insistia que estava tudo bem para não parar de trabalhar.
Assim que Rodolffo saiu, ela preparou-se para sair também.
Tinha hora marcada com o contador e com o advogado da clínica para resolver umas burocracias.
- Precisamos cortar nas despesas da clínica ou corremos sérios riscos.
- Está assim tão mal? E onde achas que devo cortar?
- Nas horas extra. Para aí vai uma grande fatia do orçamento.
- Mas é necessário fazer horas extra. Para colmatar isso só com aumento de pessoal e isso não traz redução de custos.
- Também em certos luxos. Café, e chá ao pessoal, cantina...
- Não! Cortar a cantina do pessoal?
- Não digo cortar, mas reduzir gastos.
- Desculpa Tavares, mas isso está fora de causa. Na cantina servimos o básico e isso vai continuar.
- A maioria das empresas não dá alimentação ao pessoal.
- Nós não somos a maioria. A cantina fica como está.
- A festa anual também é muito dispendiosa. Cortamos a festa e o gasto com os presentes aos filhos dos funcionários.
- Estou com dores de cabeça. Podemos reunir uma outra hora?
- Claro.
- Deixa aí todas essas considerações para que eu possa analizar e tomar uma decisão.
Kate deixou a sala de reuniões e entrou na sua. Pegou num comprimido e olhou a sua agenda.
- Rita cancela as minhas consultas e o que não puder ser, pede à Raquel que faça um esforço e as atenda.
- Vou já fazer isso.
Rita saiu e Kate sentou-se no sofá da sua sala. Não estava a sentir-se bem e por um instante perdeu a visão. Deitou-se e deixou-se ficar.
Rita voltou com informação e quando viu Kate desmaiada correu a chamar ajuda.
Kate foi levada para ser avaliada e logo ligaram para Rodolffo.
- O que aconteceu Rita?
- A doutora desmaiou e ainda não acordou. Já está a ser observada, mas não conseguimos reanimá-la.
Rodolffo despiu a bata, pegou na sua bolsa e correu para a clínica. Esta distava do hospital cerca de 15 minutos de carro, mas ele nem 10 demorou.