Brasil
Juliette acordou angustiada. Foi olhar o Guilherme, deu uma volta pela casa e estava tudo igual. Vasco ainda dormia.
Deve ter sido algum pesadelo de que nem lembro.
Fez café e Vasco logo apareceu para ir trabalhar.
- Hoje acordaste cedo!
- É para não reclamares que fazes sempre o café. Hoje faço eu.
- Que tens? Estás com olheiras.
- Uma sensação horrível, mas já vai passar.
- Queres que traga alguma coisa da rua, mais logo?
- Não. Se calhar vou sair um pouco para apanhar sol com o Gui.
- Toma cuidado na rua.
- Sim papai.
- Não brinques Ju! Sabes que me preocupo quando sais sózinha.
- Sózinha não. Com o meu boyzinho.
- Pior ainda. Fiquem bem. Já vou.
- Até logo e bom trabalho.
Juliette terminava o seu café e pensava nas saudades dos seus meninos.
Ela dava aulas às crianças do primeiro ano e sentia-se realizada em ensinar desde o começo. Os seus bébés como ela sempre os chamava.
Tão puros e tão inocentes. A maioria não tinha ainda completado o 6° aniversário.Hoje lembrou-se de ir à escola matar saudades. Colocou Guilherme devidamente seguro no banco traseiro do carro e partiu.
As suas crianças, agora com uma outra professora substituta, vieram a correr logo que a avistaram.
- Meninos não corram que se magoam.
- Professora, podemos ver o bébé?
- Podem, mas cuidado para ele não se assustar.
Todos vieram dar parabéns, mas eram horas de iniciar as aulas e cada uma foi para a sua sala com as respectivas as crianças.
Londres
A saúde de Kate não melhorou e hoje teve um desfecho triste.
Rodolffo estava em casa e recebeu uma chamada. Devia ir à clínica pois o estado de saúde da esposa havia piorado.
Ele chegou e foi directamente para o pé dela. Segurou-lhe na mão e sentiu um ligeiro aperto, ou pensou sentir porque logo a seguir o monitor cardíaco mostrava uma longa recta contínua.
Sentimos muito doutor d'Orey. - E começou a checar os restantes aparelhos que estavas mudos.
Rodolffo permaneceu alguns minutos sentado ao lado de Kate, segurando a mão dela junto à sua testa.
Todo o pessoal médico, enfermeiros e auxiliares se retiraram deixando-o sozinho para que se despedisse.
Rodolffo não sabe quanto tempo ali ficou, mas foi uma conversa longa. A última entre os dois. Após um beijo que seria o último também, deixou a UTI e foi para o berçario.
- Meu amor. A partir de agora somos apenas eu e tu. A mamãe foi para o céu olhar por nós dois. Prometo falar-te sempre dela com carinho. Fica grande depressa para voltares com o papai para nossa casa.