Capítulo XI

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Brasil

Juliette acordou angustiada.  Foi olhar o Guilherme, deu uma volta pela casa e estava tudo igual.  Vasco ainda dormia.

Deve ter sido algum pesadelo de que nem lembro.

Fez café e Vasco logo apareceu para ir trabalhar.

- Hoje acordaste cedo!

- É para não  reclamares que fazes sempre o café.  Hoje faço eu.

- Que tens?  Estás com olheiras.

- Uma sensação horrível, mas já vai passar.

- Queres que traga alguma coisa da rua, mais logo?

- Não.   Se calhar vou sair um pouco para apanhar sol com o Gui.

- Toma cuidado na rua.

- Sim papai.

- Não brinques Ju!  Sabes que me preocupo quando sais sózinha.

- Sózinha não.   Com o meu boyzinho.

-  Pior ainda.  Fiquem bem.  Já vou.

- Até logo e bom trabalho.

Juliette terminava o seu café e pensava nas saudades dos seus meninos.

Ela dava aulas às crianças do primeiro ano e sentia-se realizada em ensinar desde o começo.  Os seus bébés como ela sempre os chamava.
Tão puros e tão inocentes.  A maioria não  tinha ainda completado o 6° aniversário.

Hoje lembrou-se de ir à escola matar saudades.  Colocou Guilherme devidamente seguro no banco traseiro do carro e partiu.

As suas crianças, agora com uma outra professora substituta, vieram a correr logo que a avistaram.

- Meninos não corram que se magoam.

- Professora,  podemos ver o bébé?

- Podem, mas cuidado para ele não se assustar.

Todos vieram dar parabéns, mas eram horas de iniciar as aulas e cada uma foi para a sua sala com as respectivas as  crianças.

Londres

A saúde de Kate não melhorou e hoje teve um desfecho triste.

Rodolffo estava em casa e recebeu uma chamada.  Devia ir à  clínica pois o estado de saúde da esposa havia piorado.

Ele chegou e foi directamente para o pé dela.  Segurou-lhe na mão e sentiu um ligeiro aperto, ou pensou sentir porque logo a seguir o monitor cardíaco mostrava uma longa recta contínua.

Sentimos muito doutor d'Orey. - E começou a checar os restantes aparelhos que estavas mudos.

Rodolffo permaneceu alguns minutos sentado ao lado de Kate, segurando a mão dela junto à sua testa.

Todo o pessoal médico, enfermeiros e auxiliares se retiraram deixando-o sozinho para que se despedisse.

Rodolffo não sabe quanto tempo ali ficou, mas foi uma conversa longa. A última entre os dois.  Após um beijo  que seria o último também, deixou a UTI e foi para o berçario.

- Meu amor.  A partir de agora somos apenas eu e tu.  A mamãe foi para o céu olhar por nós dois.  Prometo falar-te sempre dela com carinho.  Fica grande depressa para voltares com o papai para nossa casa.

Não segurei meu beija-florOnde histórias criam vida. Descubra agora