Passei o dia ansioso. Não dormi bem de noite porque foi a primeira vez que a minha filha dormiu fora de casa.
Eu sei que ela está bem na casa da Ju, mas é estranho para mim. Foram 6 anos vivendo apenas para ela e por ela.
Não. Por ela e pelos meus sonhos.
Hoje uma nova etapa começa e estou nervoso para saber a reacção de Guilherme ao saber que sou seu pai.
Olhei o relógio e vi que já eram horas de terem chegado a casa. Fechei o computador, despedi-me e fui para o carro.
O meu coração estava acelerado. Respirei fundo e tentei acalmar-me. Liguei o carro e pouco tempo depois estava estacionado em frente da casa dela.
Juliette abriu-me a porta com um sorriso, mas percebeu no meu rosto que eu não estava bem.
- As crianças?
- Estão a tomar banho. Como amanhã é sábado dispensei os trabalhos de casa. Estás com má cara.
- Muito nervoso. Eu nem sei o que lhe vou dizer.
- O melhor é só esperar pelas perguntas dele. Vou lá ver o que estão apontando e depois venho programar o jantar.
- Podemos pedir pizza e falamos o que temos que falar sem esperar fazer o jantar.
- Pode ser. Vou lá então.
Juliette terminou de dar banho nos dois e depois de pijama vestido vieram até à sala.
- Papai! Já chegaste?
Rodolffo deu um beijo na filha e também no filho. Eles sentaram-se ao lado dele no sofá, um de cada lado.
Juliette sentou-se de frente para eles.
- Guilherme, precisamos conversar contigo! - disse Juliette segurando as mãos dele.
- Eu não fiz nada, juro que não.
- Nós sabemos. A mamãe quer saber se te lembras que eu disse que o papai estava em viagem?
- Sim, eu lembro.
- Então. O papai já voltou.
- Voltou? Está onde? Eu quero vê-lo.
- Sou eu o teu pai, Guilherme. - Rodolffo colocou a mão sobre a cabeça dele.
Guilherme olhou fixamente Rodolffo e depois olhou para a mãe que confirmou. Voltou a olhar para Rodolffo que chorava e abraçou-o.
- Não chores, papai. Eu esperei por ti e portei-me sempre bem.
Rodolffo chorou ainda mais e puxou Guilherme para o colo. - Desculpa filho. A viagem durou muito tempo, mas a mamãe fez um bom trabalho.
Dianna não disse uma palavra, nem entendia o que se passava. Chorou também ao ver chorar o pai.
- Vem à tia Ju. O papai está a chorar de alegria. Ele não está triste.
- Quando estamos alegres nós rimos, não choramos.
- O papai está feliz, Dianna.
Rodolffo continuava com o Guilherme no colo num abraço só deles. Dianna olhava com cara de poucos amigos.
- Didi, agora também tenho papai. Tu não vais viajar mais?
- Sozinho não. Quando for viajar, vamos todos.
O telefone dele indicou a chegada das pizzas.
- Vamos por a mesa. Hoje é dia de pizza. - Juliette pediu às crianças.
Guilherme foi a correr, mas Dianna ficou no mesmo sítio.
- Vamos Didi. - pediu Rodolffo segurando na mão dela e ajudando a levantar-se.
Juliette estava feliz. Gui tinha aceite Rodolffo completamente mas observava a reacção de Dianna.
- Vamos para casa papai?
- Mas ainda nem terminaste a pizza.
- Não quero mais, não estou com fome. Só quero ir para minha casa e a minha cama.
- Pensei que ias dormir outra vez comigo, disse Gui.
- Não quero.
Rodolffo olhou para Juliette e encolheu os ombros.
- Precisas conversar com ela. São ciúmes. - disse Juliette.
- Agora?
- Melhor sózinhos lá em casa. Explica-lhe tudo de modo que ela perceba.
Terminaram o jantar e Rodolffo saiu com Dianna com a promessa de voltar no dia seguinte.