Capítulo XIX

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Passei o dia ansioso.  Não dormi bem de noite porque foi a primeira vez que a minha filha dormiu fora de casa.

Eu sei que ela está bem na casa da Ju, mas é estranho para mim.  Foram 6 anos vivendo apenas para ela e por ela.

Não.  Por ela e pelos meus sonhos.

Hoje uma nova etapa começa e estou nervoso para saber a reacção de Guilherme ao saber que sou seu pai.

Olhei o relógio e vi que já eram horas de terem chegado a casa.  Fechei o computador, despedi-me e fui para o carro.

O meu coração estava acelerado.  Respirei fundo e tentei acalmar-me.  Liguei o carro e pouco tempo depois estava estacionado em frente da casa dela.

Juliette abriu-me a porta com um sorriso, mas percebeu no meu rosto que eu não estava bem.

- As crianças?

- Estão a tomar banho.  Como amanhã é sábado dispensei os trabalhos de casa.  Estás com má cara.

- Muito nervoso.  Eu nem sei o que lhe vou dizer.

- O melhor é só esperar pelas perguntas dele.  Vou lá ver o que estão apontando e depois venho programar o jantar.

- Podemos pedir pizza e falamos o que temos que falar sem esperar fazer o jantar.

- Pode ser.  Vou lá então.

Juliette terminou de dar banho nos dois e depois de pijama vestido vieram até à sala.

- Papai!  Já chegaste?

Rodolffo deu um beijo na filha e também no filho.  Eles sentaram-se ao lado dele no sofá, um de cada lado.

Juliette sentou-se de frente para eles.

- Guilherme,  precisamos conversar contigo! - disse Juliette  segurando as mãos dele.

- Eu não fiz nada, juro que não.

- Nós sabemos.  A mamãe quer saber se te lembras que eu disse que o papai estava em viagem?

- Sim, eu lembro.

- Então.   O papai já voltou.

- Voltou?  Está onde?  Eu quero vê-lo.

- Sou eu o teu pai, Guilherme. - Rodolffo colocou a mão sobre a cabeça dele.

Guilherme olhou fixamente Rodolffo e depois olhou para a mãe que confirmou.  Voltou a olhar para Rodolffo que chorava e abraçou-o.

- Não chores, papai.  Eu esperei por ti e portei-me sempre bem.

Rodolffo chorou ainda mais e puxou Guilherme para o colo. - Desculpa filho.  A viagem durou muito tempo, mas a mamãe fez um bom trabalho.

Dianna não disse uma palavra, nem entendia o que se passava.  Chorou também ao ver chorar o pai.

- Vem à tia Ju. O papai está a chorar de alegria. Ele não está triste.

- Quando estamos alegres nós rimos, não choramos.

- O papai está feliz, Dianna.

Rodolffo continuava com o Guilherme no  colo num abraço só deles.  Dianna olhava com cara de poucos amigos.

- Didi, agora também tenho papai.  Tu não vais viajar mais?

- Sozinho não.   Quando for viajar, vamos todos.

O telefone dele indicou a chegada das pizzas.

- Vamos por a mesa.  Hoje é dia de pizza.  - Juliette pediu às crianças.

Guilherme foi a correr, mas Dianna ficou no mesmo sítio.

- Vamos Didi. - pediu Rodolffo segurando na mão dela e ajudando a levantar-se.

Juliette estava feliz.  Gui tinha aceite Rodolffo completamente mas observava a reacção de Dianna.

- Vamos para casa papai?

- Mas ainda nem terminaste a pizza.

- Não quero mais,  não estou com fome.  Só quero ir para  minha casa e a minha cama.

- Pensei que ias dormir outra vez comigo, disse Gui.

- Não quero.

Rodolffo olhou para Juliette e encolheu os ombros.

- Precisas conversar com ela.  São ciúmes. - disse Juliette.

- Agora?

- Melhor sózinhos lá em casa.  Explica-lhe tudo de modo que ela perceba.

Terminaram o jantar e Rodolffo saiu com Dianna  com a promessa de voltar no dia seguinte.


Não segurei meu beija-florOnde histórias criam vida. Descubra agora