- Mamãe, posso ir ali no parquinho?
- Espera. A mamãe vai também lá para fora para te vigiar.
- Também quero ir papai.
- Vai com o Guilherme. Juliette podemos sentar nas mesas lá fora.
Assim fizeram. Dali podiam observar os filhos nos baloiços e escorregas.
- Porque me mentiste sobre a tua identidade, Rodolffo?
- Porque não queria que te sentisses mal e responsável pela minha demissão. Quando fiz a cirurgia eu já sabia do meu destino. Já tinha acontecido outras vezes e estava avisado, mas não me arrependo.
- Eu precisava saber. A minha mãe deveria saber.
- Eu entendo, mas eu tentei dizer. Na última noite em que ficámos, eu tentei dizer e tu não quiseste saber.
- A culpa agora é minha?
- Não disse isso, mas é verdade que não me deixaste falar.
- Mandei uma mensagem e um mês depois não tinhas visualizado.
- Perdi o telemóvel. Não vi nenhuma mensagem. Tentei encontrar-te nas redes sociais, mas depois conheci Kate e resolvi deixar o resto de lado.
- A tua mulher? Casaste mesmo?
- Sim. E tu?
- Também conheci o Vasco algum tempo depois e vivemos juntos desde então.
- És feliz?
- Vou levando a vida. O Guilherme é tudo para mim.
- A minha filha também é o que me motiva a continuar.
Eles conseguiram manter um diálogo, mas Juliette tinha muita mágoa dentro dela.
- Eu sei que não fui sincero, mas precisei fazer isso. Espero que um dia realmente me perdoes.
- Porque voltaste?
- Não sei. Senti que precisava voltar.
Já tinha tudo o que fui buscar e o que faltava não estava lá.- Amaste a tua mulher?
- Gostei dela e respeitei-a sempre.
- Não foi isso que perguntei. Amaste-a?
- Hoje posso responder com a verdade. Não. Gostei muito dela, mas não era amor.
- Está na hora de ir embora, Rodolffo e conseguimos conversar um pouco.
- Por mim o passado está lá atrás.
Juliette segurou no telemóvel e fez um chamada.
- Onde estás Vasco? Está na hora de voltar.
- Eu levo-te a ti e ao Guilherme.
- Não quero incomodar. Pego um táxi porque o Vasco ainda não está despachado.
Não incomodas nada. Vê como aqueles dois se dão bem.
- São crianças inocentes. Quando é que a Dianna começa a escola?
- Segunda feira já a levo. Tens que ter paciência porque ela fala meio Português meio Inglês.
- Já reparei, mas ele até se expressa muito bem em Português.
- Em casa só falávamos Português. Alguma família da Kate era portuguesa. Ela também se expressava bem no nosso idioma.
Vamos?Chamaram as crianças e entraram no carro de Rodolffo. A viagem era curta e fizeram-na quase em silêncio, salvo quando um dos pequenos questionava alguma coisa.
Juliette agradeceu e desceu do carro abrindo a porta traseira para Guilherme sair e mandando-o agradecer.
- Obrigado senhor.
Gostei de conhecer a Didi.- A Didi também gostou de ti, não foi filha?
- Gostei sim papai. Adeus Gui.
Juliette segurou a mão do filho e seguiram para casa. Rodolffo ficou a vê-los entrar e depois seguiu caminho.