Capítulo XV

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- Mamãe,  posso ir ali no parquinho?

- Espera.  A mamãe vai também lá para fora para te vigiar.

- Também quero ir papai.

- Vai com o Guilherme.  Juliette podemos sentar nas mesas lá fora.

Assim fizeram.  Dali podiam observar os filhos nos baloiços e escorregas.

- Porque me mentiste sobre a tua identidade, Rodolffo?

- Porque não queria que te sentisses mal e responsável pela minha demissão.  Quando fiz a cirurgia eu já sabia do meu destino.  Já tinha acontecido outras vezes e estava avisado, mas não me arrependo.

- Eu precisava saber.  A minha mãe deveria saber.

- Eu entendo, mas eu tentei dizer. Na última noite em que ficámos, eu tentei dizer e tu não quiseste saber.

- A culpa agora é minha?

- Não  disse isso, mas é verdade que não me deixaste falar.

- Mandei uma mensagem e um mês depois não tinhas visualizado.

- Perdi o telemóvel.  Não vi nenhuma mensagem.  Tentei encontrar-te nas redes sociais, mas depois conheci  Kate e resolvi deixar o resto de lado.

- A tua mulher?  Casaste mesmo?

- Sim.  E tu?

- Também conheci o Vasco algum tempo depois e vivemos juntos desde então.

- És feliz?

- Vou levando a vida.  O Guilherme é tudo para mim.

- A minha filha também é o que me motiva a continuar.

Eles conseguiram manter um diálogo, mas Juliette tinha muita mágoa dentro dela.

- Eu sei que não fui sincero, mas precisei fazer isso.  Espero que um dia realmente me perdoes.

- Porque voltaste?

- Não sei.  Senti que precisava voltar.
Já tinha tudo o que fui buscar e o que faltava não estava lá.

- Amaste a tua mulher?

- Gostei dela e respeitei-a sempre.

- Não foi isso que perguntei.  Amaste-a?

- Hoje posso responder com a verdade.  Não.   Gostei muito dela, mas não era amor.

- Está na hora de ir embora, Rodolffo e conseguimos conversar um pouco.

- Por mim o passado está lá atrás.

Juliette segurou no telemóvel e fez um chamada.

- Onde estás Vasco?  Está na hora de voltar.

- Eu levo-te a ti e ao Guilherme.

- Não quero incomodar.  Pego um táxi porque o Vasco ainda não está despachado.

Não incomodas nada.  Vê como aqueles dois se dão bem.

- São crianças inocentes.  Quando é que a Dianna começa a escola?

- Segunda feira já a levo.  Tens que ter paciência porque ela fala meio Português meio Inglês.

- Já reparei, mas ele até se expressa muito bem em Português.

- Em casa só falávamos Português.   Alguma família da Kate era portuguesa.   Ela também se  expressava bem no nosso idioma.
Vamos?

Chamaram as crianças e entraram no carro de Rodolffo.   A viagem era curta e fizeram-na quase em silêncio, salvo quando um dos pequenos questionava alguma coisa.

Juliette agradeceu e desceu  do carro abrindo a porta traseira para Guilherme sair e mandando-o agradecer.

- Obrigado senhor.
Gostei de conhecer a Didi.

- A Didi também gostou de ti, não foi filha?

- Gostei sim papai.  Adeus Gui.

Juliette segurou a mão do filho e seguiram para casa.  Rodolffo ficou a vê-los entrar e depois seguiu caminho.

Não segurei meu beija-florOnde histórias criam vida. Descubra agora