Capítulo XX

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Levei Dianna para casa e ela foi em silêncio todo o caminho.  Resolvi não interrogá-la no carro.

Entrou em casa e correu para o seu quarto deitando-se de imediato.

Fui atrás dela acendi a luz e sentei-me na beira da cama.

- Queres contar ao papai o que está a  acontecer?

- Não.   Não quero falar contigo.

- Mas vais ter que falar.  Ontem estava tudo bem e hoje o que aconteceu?

- Tu só gostas do Gui.  Já não gostas de mim.

- Isso não é verdade.  Quem disse?  Tu és a minha princesinha.  Eu descobri hoje que o Gui também é meu filho.  Teu irmão.

- Irmão?

- Sim.  Os dois são irmãos e eu gosto dos dois igual.

- Mas só fizeste carinho nele e choraste.  Comigo nunca choraste.

Era verdade.  Já chorei muito na vida, mas nunca na frente dela.

- Porque estava contente dele ser meu filho e também deves estar contente por teres um irmão.

- Agora o Gui tem papai e mamãe.   Eu só tenho pai.  Cadê a minha mamãe?

- Eu não te expliquei que a mamãe morreu?

- Mas eu quero uma mamãe.   O Gui tem e eu não.

Dianna chorava no  colo de Rodolffo e ele ninava-a.

- Não chores.  O papai está aqui.

- Eu posso dormir contigo?

- Anda para a minha cama.  Eu ainda vou tomar banho e depois dormimos juntos.

Dianna correu para a cama e ele foi atrás dela aconchegar-lhe a coberta.  Entrou no banheiro, tomou um banho e quando voltou, a filha já dormia.
Pegou no telemóvel e mandou mensagem a Juliette a dizer que estava tudo bem.

Acordou de manhã cedo com a filha quase em cima dele.  Para não  acordar deixou-se estar.  Era sábado e não ia a lado nenhum

Reviveu a cena da revelação ao filho  e sentia-se grato por ele o ter aceite de imediato.

Já passava das nove horas quando a filha despertou e ele se levantou para fazer o café.

- A seguir, a menina vai fazer as tarefas da escola para brincar depois o resto do dia.

- Não posso.

- Não podes porquê?

- A mochila ficou na tia Ju.

- Ligas à tua Ju e vamos buscar ou melhor,  chamamos eles para virem almoçar connosco, queres?

- Sim, sim papai.

- Já não estás zangada? Eu posso ser o pai do Gui?

- Podes.  Ele é meu irmão.

Rodolffo marcou o número de Juliette e entregou o telefone à filha.

- Alô, tia Ju!  Podes trazer o Gui para almoçar aqui na minha casa e brincar comigo e também a minha mochila?

- Dianna, onde está o papai?  Ele sabe que ligaste?

- Foi ele que ligou.  Toma, fala com a tia.

- Bom dia Ju.  Ela precisa fazer as tarefas da escola.  Venham almoçar e passar a tarde connosco.

- Ela já está bem?

- Está.  Teve ciúmes do irmão porque ele tem um pai e uma mãe e ela não.

- É difícil explicar isso nestas idades.

- Ela já entendeu.  Eu nunca escondi que a mãe dela faleceu.  Vens ou não?

- Vamos. 

- O que o Gui gosta de comer?

- Além de pizza, frango assado e feijoada.
Ao meio dia estamos aí.

- Obrigado Juliette.

Não segurei meu beija-florOnde histórias criam vida. Descubra agora