Levei Dianna para casa e ela foi em silêncio todo o caminho. Resolvi não interrogá-la no carro.
Entrou em casa e correu para o seu quarto deitando-se de imediato.
Fui atrás dela acendi a luz e sentei-me na beira da cama.
- Queres contar ao papai o que está a acontecer?
- Não. Não quero falar contigo.
- Mas vais ter que falar. Ontem estava tudo bem e hoje o que aconteceu?
- Tu só gostas do Gui. Já não gostas de mim.
- Isso não é verdade. Quem disse? Tu és a minha princesinha. Eu descobri hoje que o Gui também é meu filho. Teu irmão.
- Irmão?
- Sim. Os dois são irmãos e eu gosto dos dois igual.
- Mas só fizeste carinho nele e choraste. Comigo nunca choraste.
Era verdade. Já chorei muito na vida, mas nunca na frente dela.
- Porque estava contente dele ser meu filho e também deves estar contente por teres um irmão.
- Agora o Gui tem papai e mamãe. Eu só tenho pai. Cadê a minha mamãe?
- Eu não te expliquei que a mamãe morreu?
- Mas eu quero uma mamãe. O Gui tem e eu não.
Dianna chorava no colo de Rodolffo e ele ninava-a.
- Não chores. O papai está aqui.
- Eu posso dormir contigo?
- Anda para a minha cama. Eu ainda vou tomar banho e depois dormimos juntos.
Dianna correu para a cama e ele foi atrás dela aconchegar-lhe a coberta. Entrou no banheiro, tomou um banho e quando voltou, a filha já dormia.
Pegou no telemóvel e mandou mensagem a Juliette a dizer que estava tudo bem.Acordou de manhã cedo com a filha quase em cima dele. Para não acordar deixou-se estar. Era sábado e não ia a lado nenhum
Reviveu a cena da revelação ao filho e sentia-se grato por ele o ter aceite de imediato.
Já passava das nove horas quando a filha despertou e ele se levantou para fazer o café.
- A seguir, a menina vai fazer as tarefas da escola para brincar depois o resto do dia.
- Não posso.
- Não podes porquê?
- A mochila ficou na tia Ju.
- Ligas à tua Ju e vamos buscar ou melhor, chamamos eles para virem almoçar connosco, queres?
- Sim, sim papai.
- Já não estás zangada? Eu posso ser o pai do Gui?
- Podes. Ele é meu irmão.
Rodolffo marcou o número de Juliette e entregou o telefone à filha.
- Alô, tia Ju! Podes trazer o Gui para almoçar aqui na minha casa e brincar comigo e também a minha mochila?
- Dianna, onde está o papai? Ele sabe que ligaste?
- Foi ele que ligou. Toma, fala com a tia.
- Bom dia Ju. Ela precisa fazer as tarefas da escola. Venham almoçar e passar a tarde connosco.
- Ela já está bem?
- Está. Teve ciúmes do irmão porque ele tem um pai e uma mãe e ela não.
- É difícil explicar isso nestas idades.
- Ela já entendeu. Eu nunca escondi que a mãe dela faleceu. Vens ou não?
- Vamos.
- O que o Gui gosta de comer?
- Além de pizza, frango assado e feijoada.
Ao meio dia estamos aí.- Obrigado Juliette.