A carruagem do sol parou no céu enquanto os pelotões encaravam as irmãs. Após um curto tempo de aflição, o frágil silêncio entre os combatentes se quebrou.
Um espertinho do pelotão à esquerda disparou uma flecha. A ponta seguia direto para a testa de Jorun, mas seu vigor interminável manteve o escudo levantado. Bastou subi-lo só mais um pouquinho e segurar o disparo.
Quase no mesmo instante, uma lança foi arremessada do pelotão à direita, com a trajetória marcada no peito de Ingrid. A caçadora apanhou o dardo com a mão esquerda, rodopiou a haste e jogou-o de volta no agressor. Dessa vez, o sujeito teve sorte, mas saiu da linha com o escudo danificado.
O pelotão do meio não resistiu à ação. Os rapazes levantaram seus escudos e marcharam alguns passos à frente. No entanto, Halthora cortou o ar com sua adaga, de modo que um raio violeta raspasse no chão. Uma grande risca queimada apareceu a meio metro dos guerreiros.
"Voltem para a cidade e deixem-nos entrar! Se tentarem nos ferir, vão se tornar esqueletos."
"Vocês três não assustam!" — respondeu Folke — "Podem matar muitos de nós, mas alguns vão alcançá-las e derrubá-las. De um jeito ou de outro, voltaremos felizes para casa, ainda que seja para a casa dos nossos ancestrais."
Jorun o observou mexer a arma enquanto falava. Assim que terminou, ela se deu conta de algo estranho.
"Wow! O que está fazendo com minha lança?"
Dava para ver em Folke o rosto da incerteza, mesmo de onde estavam. Ele olhou para um lado e para o outro, até que um dos guerreiros entendeu. O líder se inclinou para ouvi-lo.
"Senhor, ela está falando da lança que o senhor está usando agora."
"Essa lança não pode ser sua, mulher! Foi um presente do príncipe para o jarl, que me confiou em gratidão aos meus bons serviços prestados."
"O príncipe lhes deu um presente e vocês retribuem aprisionando o rapaz?" — indagou Halthora — "Que tipo de homens são vocês?"
"Nossas casas são inimigas há gerações... Nada que valha a pena explicar a simples camponesas."
"A lança veio do arsenal da Jorun" — garantiu Ingrid — "Estava com um dos guardas de Örebro. Quer que eu a pegue de volta, irmã?"
"Tenho uma ideia melhor. Escute, homem de amarelo! Nós não viemos aqui para acabar com a sua cidade. Ao contrário, viemos em paz, para unir forças contra o mesmo inimigo. Se nos deixar entrar, posso criar uma bela armadura, assim poderá lutar mais protegido."
"Ah, Jorun, você sempre vê flores em tudo..."
A caçadora olhou com um sorriso espertalhão para as irmãs, mas elas permaneceram sérias. Do outro lado, um dos guerreiros dizia algumas palavras a Folke. O homem de amarelo se inclinou outra vez, mas logo se endireitou na sela, com um sorriso no rosto.
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Möjrakitan - A Saga das Três Irmãs
FantasyNo coração da Suécia, envolta pela imensidão dos bosques nórdicos, três irmãs órfãs cresceram sob os olhares atentos do povo de Örebro, que as acolheu. Halthora, Ingrid e Jorun foram encontradas à beira do bosque, criadas por diferentes famílias daq...