Pesadelo

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Jade:

Cheguei no colégio super atrasada, meu carro quebrou e quase que não consigo um táxi. Corri pelos corredores vazios para chegar na sala antes da segunda aula terminar, mas acabei esbarrando no diretor no caminho.

— Se tivéssemos combinado, não teríamos nos encontrado.

Falou sério, com os braços cruzados.

— Oi, Phill.

— Chegando agora, West?

— Meu carro quebrou, foi mal.

— Bem, acabei de sair da sala onde você deveria estar, estava te procurando.

— Achou.

— Para minha sala.

Disse e saiu na frente, o segui.

Quando chegamos na sala, ele sentou em sua cadeira e ficou em silêncio por alguns segundos enquanto digitava no computador.

— Aqui, Jadelyn West.

— O que foi?

— Sabe quantas faltas você tem?

— Perdi a conta.

— Hum, que bom que eu não... Dos duzentos dias letivos do ano, nós já concluímos 140, sabe quantos dias você veio às aulas? 67 dias.

— Seria bem legal se você 69, né?

Perguntei sorrindo, mas ele apenas ignorou e continuou falando.

— Faltou a mais de 50% das aulas, e se não recuperar esse tempo, será reprovada.

— Assim que minha máquina do tempo chegar, prometo voltar e assistir a todas as aulas.

— Repetir o ano parece piada para você?

— Não senhor, desculpa... Como posso recuperar essas horas?

— Atividades extracurriculares.

— Ok, quais são minhas opções?

— Opção, no singular, só tem uma atividade com vaga sobrando, então senhorita West, bem-vinda à torcida do colégio.

— Não...

— Tem treino hoje após as aulas, apareça ou admire seus colegas de classe se formando no próximo ano, enquanto você vai continuar aqui.

Ele imprimiu os horários de treino e me entregou, fui dispensada logo depois.

Fui para a sala e encontrei meus amigos tão desanimados quanto eu.

— Oi.

— Ele te pegou também?

Nikki perguntou, balançando seus horários.

— Infelizmente, onde te colocaram?

Sentei na sua frente e ao lado do Marlon.

— Natação, última vaga, era isso ou ser uma das vadias da torcida.

— Hum... Sou uma das vadias da torcida.

— Ai, bebê, sinto muito.

— E vocês?

Perguntei aos meninos.

— Fazemos parte do time de futebol, mesmo faltando não nos prejudicamos.

Ben explicou.

— Olha pelo lado bom, você vai ficar muito gostosa com aquela sainha minúscula.

Marlon falou, me fazendo revirar os olhos.

Assisti à aula de má vontade, a ideia de entrar para a torcida me parece um pesadelo.

Quando o sinal para o intervalo tocou, saí quase correndo da sala, mas mal coloquei o pé no corredor e já fui atropelada pelas malucas da torcida.

— Jade, oi, o diretor me informou que vai participar do time, que demais.

— Se você acha.

— Eu preciso das suas medidas para pegar seu uniforme, posso?

Perguntou mostrando uma fita métrica.

Fiquei em pé com os braços abertos enquanto ela tirava as medidas, de canto de olho vi meus "amigos" dando risada.

Não demorou e fui dispensada.

— Valeu mesmo.

Falei séria.

— Desculpa, amiga, mas sua cara foi impagável, você está odiando tanto isso.

Nikki tentou segurar a risada.

— Preciso de comida, agora.

Saí pisando fundo.

— Não come demais, ou o uniforme vai ficar apertado.

Marlon disse, apenas mostrei o dedo e continuei andando.

— Ei!

Tori me cumprimentou com um selinho.

— Oi.

Fui seca.

— O que foi?

— O diretor está me obrigando a participar da torcida.

— Sério?

Pareceu desanimada.

— Preciso repor algumas horas para passar de ano.

— E não tem como fazer outra coisa?

— Não, a torcida é a única equipe desfalcada.

— Detesto torcedoras, elas são tão vulgares.

— Eu sei, por mim não entraria jamais.

— Bom, mas se é só para completar a carga horária, você pode sair da equipe no próximo ano.

— A única coisa boa é que esse pesadelo tem data limite.

— Quer que eu te acompanhe nos treinos?

— Não, você tem suas coisas, não quero atrapalhar.

— Não atrapalha, mas eu posso falar com Gio para te fazer companhia, ela faz parte da torcida.

— Valeu Vega, mas eu socializo sozinha.

— Como quiser.

Fizemos nosso pedido e ficamos pela lanchonete mesmo, o intervalo passou rapidamente e logo estávamos enfurnadas em uma sala de aula novamente.

(...)

No fim do dia, me despedi dos meus amigos e fui para o ginásio, todas da equipe já estavam lá.

— Oi, Jade, seja bem-vinda.

A capitã da equipe me cumprimentou.

— Tá, vamos começar logo com isso.

Falei impaciente.

— Ok, meninas aquecendo.

Falou animada.

Fiz o mínimo de esforço possível para os alongamentos e quando começamos com a coreografia, desejei a morte.

No fim do treino, eu estava me sentindo exausta e humilhada, não consegui fazer uma estrela se quer, quase torci o pulso tentando, e como prêmio de consolação, fui colocada como porta-bandeira.


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⏰ Última atualização: Nov 02 ⏰

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