Salvadores - Uma Fanfic de Paw Patrol

T1EP29 - O Começo de Um Final Feliz (dividido em cápitulos)

Capítulo 1: No Começo, Era o Silêncio

Houve um tempo em que tudo era claro. Claro como o dia ainda não nascido, claro como a primeira percepção da amizade. Chase lembrava-se disso em sonhos, ou talvez fosse em devaneios — memória e imaginação se enovelavam e, por vezes, se recusavam a desatar. Em seus pensamentos mais profundos, ele voltava àquele instante em que Skye lhe estendeu a mão pela primeira vez, ainda crianças, sem saber que o mundo poderia rasgar as conexões que então pareciam eternas.

A infância deles fora como uma pedra atirada em um lago, com ondas a se espraiar ao redor de Ryder, o epicentro. Ryder era a ligação de todos, o gravitar das existências que se cruzaram — e, de alguma maneira silenciosa e pesada, sustentavam o mistério de Moby Dick. Moby era uma presença estranha, uma sombra que se movia à luz das risadas e das promessas de crianças que nunca pensaram em crescer. Ele observava mais do que dizia, e isso os fazia voltar os olhos para ele em busca de algum enigma inefável.

"Por que você não diz nada?" Skye perguntara a Moby certa vez, com uma inocência carregada de franqueza. "É como se você fosse um segredo ambulante."

"Talvez eu seja mesmo," ele dissera, num sussurro que, embora baixo, deixou marcas profundas.

E ali, naquela confissão discreta, algo fora plantado — uma semente invisível. As vidas deles entrelaçavam-se de modo firme, e até mesmo quando a juventude passou a trote e os separou pelas forças do tempo e das escolhas, havia uma parte de Chase que ainda segurava essa lembrança como quem segura um mapa perdido. Ao contrário do que desejava, ele nunca conseguiu, ou sequer quis, desvencilhar-se de Skye e Ryder, e principalmente de Moby, cujo mistério o enredava como uma corrente suave e ao mesmo tempo inescapável.

E então, anos depois, chegou o dia em que Skye o procurou, olhos fundos e voz baixa, para dizer que Moby desaparecera. De todos os desencontros, esse era o mais impensável. Como um vento frio que entra pelas frestas de uma casa, a sensação de perda foi gelando tudo em Chase — desde as lembranças, que ele agora percebia frágeis, até a esperança vaga de reencontrar algum sentido em um mundo que, até então, tivera uma lógica de afeto.

"Ele só... sumiu?" Chase murmurou, embora dentro dele algo gritasse. O silêncio se fez espesso entre os dois. Skye abaixou os olhos, e naquela postura de resignação havia uma compreensão tácita: sim, eles estavam diante do vazio, um vazio feito de perguntas e de um enigma.

A amizade deles, contudo, era uma ruína. Chase sabia disso, embora nunca o tivesse admitido. Os dias passados, as ausências nunca explicadas, as pressões da vida adulta — todos esses elementos foram as pedras que desmoronaram entre eles, criando uma distância onde antes havia o calor de companheiros. Mas havia algo em Moby que os chamava de volta, como um farol à beira de um precipício, e, em sua frustração, Chase entendia que era Skye que melhor podia ajudá-lo a encontrar esse rastro.

Nas primeiras noites, a investigação parecia quase uma jornada infantil, como se tentassem brincar de detetives como faziam em seus anos de inocência. Mas a realidade logo os atingiu, impiedosa e sem brilho. A cada pergunta que se fazia, a cada pista sem resposta, Chase sentia um vazio que ameaçava engoli-lo. Skye também sofria: estava mais distante, quase como uma sombra de si mesmo. E em momentos como esses, Chase via nele um reflexo próprio, um eco do que um dia fora, agora distorcido pela experiência de uma vida que já não era simples.

Capítulo 2: O Som das Coisas Perdidas

Ao cruzarem o limiar de onde Moby fora visto pela última vez, Chase e Skye se viram submersos em um ambiente quase estranho. A sensação era como caminhar em uma memória antiga, dessas que já não se sabe se pertencem ao presente ou a um tempo esquecido. Cada rua, cada poste parecia carregar o vestígio de um passado que os chamava de volta, como se quisesse arrastá-los para um reencontro inevitável com tudo o que haviam perdido.