T-2 dias a ser achado
Moby Dick estava sentado na beira de um barranco, com o olhar fixo na linha do horizonte. Sua aparência estava mudada, os olhos fundos e sem brilho, o rosto encovado, como se cada traço de vida que uma vez habitou seu corpo tivesse sido lentamente drenado. As roupas, que já estiveram limpas e cuidadosamente escolhidas, estavam agora sujas, desbotadas pelo sol e esfarrapadas pelo tempo. O vento frio das montanhas era impiedoso, arrepiando sua pele, fina e frágil, que mal escondia os ossos. Moby respirava devagar, e até esse ato parecia requerer uma força que ele não tinha.
Ao seu lado, uma figura quase fantasmagórica, invisível a todos os outros olhos, parecia sussurrar em seu ouvido. "Você está aqui, finalmente", dizia a voz, suave, mas carregada de intenções escuras. "Não há mais para onde correr, Moby." Ele suspirava, olhando para baixo, onde um riacho corria. Sua sede era devastadora, mas seus lábios rachados e a garganta seca o impediam de sequer abrir a boca para pedir ajuda a quem quer que fosse.
Durante horas, ele permaneceu imóvel, os olhos fixos na água ao longe, lembrando de como, há algumas semanas, havia pensado em desistir. "Talvez eu não deva ter vindo tão longe..." murmurou para si mesmo. Mas, no fundo, ele sabia que não tinha outra escolha; era como se algo o tivesse puxado para aquele lugar sombrio. A cada segundo que passava, o desejo de sentir alguma coisa, qualquer coisa, desaparecia. Até a fome parecia uma lembrança distante.
T-1 dia a ser achado
O amanhecer trouxe um fraco raio de luz que penetrou entre as árvores e iluminou o rosto pálido de Moby. Ele abriu os olhos com esforço, sentindo a fraqueza enraizada em cada fibra de seu corpo. O vento sussurrava entre as folhas, como vozes de espíritos invisíveis que o observavam. Levantando-se com dificuldade, ele se apoiou numa árvore, tentando colocar os pés no chão, mas as pernas tremiam sob o peso de seu próprio corpo. "Só mais um dia", murmurou para si mesmo, sem saber ao certo de onde vinha essa intuição. "Só mais um dia..."
Foi então que, em meio ao silêncio da floresta, ouviu um som distinto de passos. Ele se virou devagar, com o coração disparado, mas o que viu foi apenas sua própria sombra, oscilando com a brisa suave que atravessava as folhas. Moby, em sua mente já fragilizada, começou a conversar com aquela sombra. "Você acha que alguém vai me achar?", perguntou, com um leve sorriso irônico nos lábios rachados. "Talvez... talvez seja melhor que não."
E então ele ouviu uma resposta que parecia vir de dentro de sua própria cabeça, embora sua sombra não tivesse falado de verdade. "Ninguém vai te achar aqui, Moby. Ninguém, exceto eu." A ideia de estar sozinho e perdido para sempre era tão opressiva que ele fechou os olhos com força, tentando afastá-la, mas as palavras ecoavam em sua mente.
Ele se encostou na árvore novamente, tentando controlar a respiração, enquanto sentia a última faísca de esperança apagar-se lentamente. "Talvez eu deva deixar isso para trás", sussurrou, finalmente aceitando que talvez não houvesse mais nada para ele no mundo exterior.
Dia do Resgate
Moby acordou com o som de vozes ao longe. Os sons ecoavam, se misturando ao ambiente, e ele demorou alguns segundos para distinguir a realidade de seus próprios delírios. Quando abriu os olhos, a luz da manhã já tomava conta do lugar, mas para ele, tudo estava envolto em uma névoa densa. Movendo-se devagar, sentiu os músculos tensos e doloridos, como se cada passo fosse um esforço sobre-humano. Seus olhos ardiam, e ele piscava, tentando entender o que ouvia.
Foi então que ouviu uma voz conhecida gritar: "Moby! Moby, você está aí?". Ele fechou os olhos por um instante, convencido de que era apenas mais uma alucinação, como as que o vinham atormentando nos últimos dias. "Eles não vão me encontrar", murmurou para si, o tom resignado. Mas então, outra voz se uniu à primeira, uma voz feminina, cheia de desespero e preocupação. "Moby! Por favor, se você puder ouvir, responda! Estamos aqui para te levar para casa!"
Ele tentou erguer a cabeça e gritar, mas o som que saiu foi um mero sussurro. Frustrado, Moby recostou-se na árvore mais próxima, respirando com dificuldade. "Estou aqui", tentou mais uma vez, mas a resposta foi engolida pelo vento.
Foi então que ele ouviu passos apressados. Entre as árvores, surgiram duas figuras, vestidas com roupas de busca, a expressão de choque e alívio tomando conta de seus rostos ao avistarem Moby. Um dos homens correu até ele, agachando-se ao seu lado. "Meu Deus, Moby", disse o homem, com um olhar incrédulo, enquanto segurava o rosto pálido do garoto. "Como você sobreviveu todo esse tempo?"
Moby piscou, tentando focar na figura à sua frente. Sua voz era um fio, quase inaudível. "Eu... eu não sabia se queria voltar." A confissão era simples, mas carregada de dor, e o homem assentiu, respeitando o sofrimento que aquele jovem claramente havia enfrentado.
Coral Usher, sua amiga, estava ali também, os olhos cheios de lágrimas enquanto olhava para ele. "Você nos deixou tão preocupados", ela disse, tentando controlar o choro, mas a voz vacilava. "Todos nós... achamos que você nunca mais voltaria. E eu... eu li o diário." Ao ouvir isso, uma sombra de emoção passou pelo rosto de Moby. Ele tentou esboçar um sorriso, mas não tinha forças. "Desculpa, Coral. Eu... eu só queria que alguém me entendesse."
Ela segurou a mão dele, com cuidado, como se temesse machucá-lo ainda mais. "Agora entendo, Moby. Mas nunca mais faça isso, por favor. Vamos te ajudar." Ele a olhou nos olhos, e por um momento, uma fração de esperança reluziu em seu olhar cansado.
O resgatista se aproximou, falando com um tom firme, porém gentil. "Precisamos tirá-lo daqui agora. Ele está gravemente desnutrido e desidratado. Moby, você pode andar?" Ao ouvir isso, Moby fez um esforço para se levantar, mas as pernas vacilaram, quase o derrubando. Sem hesitar, o homem passou o braço ao redor dele, segurando-o com firmeza, enquanto Coral mantinha a outra mão dele entre as suas, oferecendo suporte.
Enquanto caminhavam lentamente, Coral falava em voz baixa, tentando mantê-lo desperto. "Vamos sair daqui. Tem água, comida e todas as pessoas que se importam com você te esperando. Sei que você passou por muito, mas você vai ficar bem, Moby. Prometo."
Ele assentiu, sem palavras, enquanto seus pés fracos e hesitantes eram guiados por eles. À medida que o sol se erguia no céu, iluminando a floresta ao redor, Moby sentia, pela primeira vez em muito tempo, o peso de sua própria existência se dissolvendo um pouco.
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Salvadores - Uma Fanfic de Paw Patrol
Fanficoi :) Shipps: - Skase - Evershall - Libble - Zucky - Trackeetie - Tundra x Tuck - Rex x Ella - Danny X Ace AVISO SEUS VI4D0: esta fic contém MUUUUITA FICCÇÃO sobre eles DISCLAIMER: os personagens pertencem a Nickelondeon 🥈 Segunda colocação na tag...