Capítulo 14

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João Ricardo

Gabriela não para de falar. Ela está a meia hora me xingando enquanto passa algodão com álcool nos meus pulsos esfolados. Vic e Val estão sentadas no meu sofá quietas demais pro padrão delas e quando Gabriela leva os dedos para meu lábio ferido algo me diz que tem uma coisa muita errada acontecendo. Acho que já é de madrugada, depois da briga o Leo me trouxe junto com as meninas. Não entendia as razões para a Victoria chorar tanto quando eu já cheguei em casa bem pior quando ela era pequena. As três mulheres no carro pareciam claramente estar escondendo algo de mim.

—Quero saber que porra é essa que ta acontecendo.—declarei sem espaço para negociação, meu humor estava fodido pra caralho.

—João, você tá cansado, que tal irmos dormir?—Gabriela sugere descaradamente e prendo meu olhar no dela.

—Eu sempre sei quando você está escondendo algo, porra, então não se faça de boba.—Encaro a Valéria e ela imediatamente desvia o olhar e olho para Vic e vejo seu corpo tenso.—Vocês podem me contar ou eu posso descobrir, a segunda opção é totalmente sem empatia inclusa.—sou bem claro e Victoria levanta.

—Me desculpa—ela soluça antes mesmo de contar os motivos e respiro fundo porque que porra ta acontecendo pra convencer até mesmo a Gabriela a me seduzir.

—Se me contar o motivo, posso começar a considerar, Victoria.

—Eu estou grávida— a frase faz meu corpo inteiro gelar. O pânico corre pelas minhas veias e eu encaro as outras duas morenas em busca da piada. Mas as mãos da Gabriela estão me consolando na coxa.

—Você…—Passo as mãos pelo meu rosto a raiva dominando meu corpo. Eu sempre quis o melhor para as minhas primas, tudo que eu sempre fiz foi doar tudo de mim para que elas pudessem ter a melhor vida possível, e agora eu falhei, minha prima de dezoito anos estava esperando um bebê. Engulo em seco antes de ter um surto.—Quem é o pai?—Pergunto pra ela e o seu olhar se abaixa.

—Eu não sei. Ficamos em uma balada e eu nunca mais o encontrei.

—PUTA QUE PARIU—soco o vidro da mesa que se despedaça e rasga minha mão no processo.—Puta que pariu, victoria. Como você joga a porra do teu futuro assim? onde caralhos tu tem estrtura pra ter um filho, e sua vida porra? o que vai ser de você?—perguntei encarando seus olhos e lágrimas caíram no seu rosto.

—Me desculpa…me perdoa João, eu errei com você, com a mamãe—ela soluça desamparada e a única coisa que posso fazer é abraçar seu corpo com força.

—Victoria, você vai perceber que você só deve desculpas a si mesma, uma criança não é uma bonequinha.—eu digo beijando seus cabelos.—Eu vou te levar no hospital durante essa semana, saber do bebê e essas coisas. Agora eu preciso que você a leve pra casa Val, ela e a Gabriela porque eu preciso ficar sozinho.

Ela abre a boca pra falar mais alguma coisa, mas a Valéria segura o braço dela a guiando para fora. Gabriela ainda está com as mãos na minha coxa.

—Vai embora.—mando

—E se eu quiser ficar?

—Você não quer. Vai embora!

—Eu quero ficar, João.

—Não fode, Gabriela, eu não quero a porra da sua pena, entendeu?

—Eu não tô com pena de você, só…você me alegrou quando eu estava triste e eu quero…eu quero fazer isso por você também.—ela diz se aproximando de mim.—De qualquer forma que você quiser.—meus olhos descem para os peitos dela. E me aproximo da sua orelha.

—Quando eu foder você, Gabriela, não vai ser porque você está com pena de mim. Agora vai embora.—ela me olha, cruza os braços e sai. Encaro a bagunça feita assim que Gabriela me tira da sua hipnose. Minha mão pingando de sangue, vidro para todo lado. Victoria grávida. Minha mãe também engravidou muito jovem e por isso que ela ficou com o lixo do meu pai. Por isso ela se submeteu a tanta humilhação, porque ela não tinha pra onde ir ou o que me dava de comer.

O advogado da facção [FACCIONADOS 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora