Um Sonho Chamado Liberdade

Tören (Cerimônia)

Levi sentiu o estômago se retorcer de desgosto ao avistar o Palácio de Topkapi; aquele lugar sempre o enjoava, não importando o quão bela fosse sua arquitetura.

"Sempre uma gaiola dourada", pensou enquanto seguia o príncipe e seus guardas pela entrada. Enquanto caminhava ao lado de Eren, o alfa percebeu o quanto o jovem estava tenso, o que o preocupava bastante dada a situação de Jaeger. Eren havia descoberto recentemente sua herança lúpus, e Levi sabia o quão difícil podia ser manter isso escondido, ele mesmo ainda tinha certa dificuldade. O medo de que Eren fosse descoberto como ômega lúpus o deixava constantemente alerta.

— Eren... — a voz do alfa chamou a atenção dele enquanto caminhavam. — Está tudo bem.

Os olhos de Eren se voltaram imediatamente para o alfa ao seu lado. Nos olhos de Levi, havia uma expressão estóica, mas a tensão em seu maxilar deixava claro que ele também estava apreensivo. Percebendo sua própria indiscrição, Eren sorriu e deu um leve toque descontraído no ombro de Levi, ciente de que os outros, que ainda caminhavam próximos, os observavam.

— Sei que o único assunto que vou ouvir assim que cruzar aquela porta é sobre o maldito alistamento do exército. E você sabe que eu não quero ir — justificou-se, tentando minimizar sua tensão aparentemente desnecessária, embora Levi soubesse que o verdadeiro motivo não se resumia a isso.

— São apenas alguns meses, alteza. Você vai sobreviver — afirmou Levi, entrando na encenação, para o alívio do moreno.

Pelo menos agora havia um motivo plausível para o odor acre dos feromônios dele, apesar de suas tentativas de se acalmar. Estava assustado por se descobrir um lúpus, — uma linhagem rara e poderosa que o tornava diferente dos demais ômegas — Além disso temia que a coleira desativada de Levi o denunciasse e o homem acabasse morto. Outro fator era que após ter sua rotina lupus desperta ele sentia os cheiros ainda mais intensamente que antes e isso o estava deixando louco. Eram tantos medos o afligindo que era difícil contê-los.

Eren sabia que precisava manter a compostura, mas seu nervosismo era visível: o corpo estava tenso, e ele evitava olhares que pudessem sugerir sua condição especial. Levi sentia o medo do ômega a cada passo em direção à sala do trono. Ele não podia acalmá-lo com seus próprios feromônios, pois isso o denunciaria, então decidiu fazer outra coisa. Discretamente, segurou a mão de Eren, oferecendo um apoio silencioso, um lembrete de que ele não estava sozinho. O efeito foi imediato: Eren se acalmou e sorriu para o alfa, que mantinha a mesma expressão desinteressada de sempre. A única coisa que deixava transparecer os sentimentos de Levi era o leve aperto em uma das mãos do principe.

Atrás da dupla, Jean observava atentamente enquanto Levi, normalmente tão reservado, segurava discretamente a mão do nobre. O gesto, embora sutil, não escapou aos olhos de Jean, acostumado a notar cada detalhe ao seu redor. Ele ficou intrigado ao ver como Levi parecia cuidar de Eren.Provavelmente resultado do cio e do tempo que passaram juntos.

No entanto, algo o mantinha em alerta, e seus instintos lhe diziam que alguma coisa não estava certa. Ele percebeu que o príncipe parecia mais vulnerável que o normal; a leve tensão no rosto de Eren e o modo como ele se deixava confortar pelo toque firme de Levi apenas aumentaram suas suspeitas de que algo mais estava acontecendo. Mesmo assim, Jean optou por se calar, sem criar problemas, especialmente para Eren.

Ao final do corredor, as enormes portas duplas se abriram, revelando o salão iluminado onde Grisha, o sultão, os aguardava sentado em seu trono, com postura rígida e olhos atentos. Ao lado dele, Zeke observava a entrada de Eren e Levi com um olhar de expectativa e curiosidade.

Zeke mesmo sabendo que era observado por todo o conselho real, ignorou as boas maneiras e correu até Eren num impulso inesperado, envolvendo-o em um abraço caloroso, fazendo Eren sorrir com a atitude.