18 -Eu não te amo

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A tristeza me fez andar sem rumo lá fora, e só voltei para o meu apartamento quase às 20h, carregando uma sacola com quatro ou cinco latas de cerveja para me anestesiar. Assim que entrei no saguão, ouvi uma voz familiar, me fazendo parar surpresa.

— Yung.

— Non... o que te traz aqui?

Fazia um tempo que não nos víamos ou falávamos porque ele pediu um tempo para se curar. Non levantou uma sobrancelha e levantou o telefone.

— Alguém me enviou uma mensagem e depois cancelou às pressas.

— Ah...

Então, mesmo que eu tenha cancelado a mensagem, ela ainda apareceu para ele, hein? Não pude deixar de dar um sorriso fraco, me sentindo um pouco envergonhada. Meu ex olhou para a sacola na minha mão.

— O que é isso?

— Cerveja.

— Sim, eu vejo isso. Mas com quem você está bebendo?

— Só comigo.

— Se importa se eu entrar?

Agora nós dois estávamos sentados na frente do condomínio como moradores de rua. Poderíamos ter subido para beber lá dentro, mas isso não parecia uma boa ideia. Estávamos separados, afinal. Beber juntos poderia levar a algum lugar confuso. Isso parecia mais seguro. Eu estava me sentindo vulnerável, e Non entendia, então ele não se importava em sentar aqui, mesmo que os mosquitos estivessem quase nos levando embora.

— Quão estressada você estava para acabar me mandando mensagem? — Ele perguntou, levantando sua lata para a minha em um gesto de "saúde" antes de tomar um gole.

— Só um pouco... não sabia com quem mais falar. Mas então pensei melhor e cancelei a mensagem.

— E aquela pessoa linda?

— Bem...

Eu não respondi, apenas dei de ombros. Non provavelmente poderia adivinhar que o motivo do meu estresse era Rattikarn, mas ele não me pressionou. Ele estava apenas esperando que eu falasse sozinha.

— Você está feliz?

— É... misturado. Felicidade e tristeza, para frente e para trás.  E eu também acabei de pedir demissão.

— Tudo está se acumulando em você em um dia, hein? Não é de se espantar que você tenha vindo preparada com um estoque de latas verdes grandes. Mas normalmente, Nui te mima. Ele odiaria que você pedisse demissão. Por que ele deixou passar dessa vez?

— Eu meio que surtei. Ele continuou jogando coisas diferentes em mim, sem parar. Então acabou assim. Suspiro…

— Então você descontou seus problemas com sua parceira no seu trabalho. Eu entendo. É difícil quando sua mente está uma bagunça; é difícil manter as coisas em ordem. Então o que você vai fazer agora?

— Não faço ideia. Provavelmente só ficar em casa, não fazer nada, deixar minha mente vagar.

— Talvez você devesse falar com Nui de novo. Isso pode ajudar.

— Perder a cara fazendo isso? Sim, certo. — Eu ri, mas pensei sobre isso. Eu poderia fazer isso se fosse necessário. Por enquanto, eu queria dar um descanso ao meu cérebro. — Um tempo de inatividade pode ser bom.  Eu poderia refletir, descobrir onde as coisas deram errado.

— Quando estávamos juntos, éramos amigos e amantes, certo? Quando eu tinha problemas sobre trabalho, família, qualquer coisa, eu tinha você para conversar. E você fazia o mesmo comigo. Por que isso?

No5: Quando sinto seu cheiro (Série Perfumes Vol.1)Onde histórias criam vida. Descubra agora