5-Não vá

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Agora mesmo, ela, a colega de classe dos meus tempos de colégio com quem mal falei, está parada no meu quarto, que tem uma cama no meio. Ela está fumando um cigarro na sacada e esperando pela nova cerveja que eu disse que tinha na geladeira. A vista atrás dela, combinada com o vapor do cigarro eletrônico, cria uma bela vista. O cenário de Rattikarn são as luzes laranja da rodovia visíveis do meu quarto.

‘Quer ir para minha casa?’

Pensar em quando eu disse isso é incrivelmente embaraçoso, mas se eu não tivesse feito isso, não teríamos acabado aqui no meu quarto.

‘Claro, parece divertido, mas tem que ter cerveja.’

Essa é a resposta.

Fui até a sacada e entreguei a ela uma cerveja gelada que tinha acabado de abrir, enquanto ela olhava para longe. A conversa começou com ela liderando.

— Este quarto é alugado ou você o comprou imediatamente?

— Comprei, mas ainda não terminei de pagar.

— Você é do interior?

— Bangkok. Mas eu queria me mudar e morar sozinha. Não é conveniente morar com meus pais.

— Uau.

Ela olhou para mim com um sorriso e tomou outro gole de sua cerveja com um brilho brincalhão nos olhos. Eu conseguia ler seus pensamentos até certo ponto.

— E você? Ainda mora com seus pais?

— Eu também moro sozinha.

— Bem parecido então.

— Não é a mesma coisa.

— Como morar sozinha pode não ser a mesma coisa?

— Se eu tivesse escolha, preferiria morar com meus pais. Mas, você sabe... — Ela deixou a declaração no ar e deu de ombros. Fiquei em silêncio, aparentemente entendendo a implicação, antes de me desculpar rapidamente.

— Desculpe por tocar em um assunto delicado.

— Não é tão delicado assim. Aconteceu há muito tempo. Estou bem agora. — Ela se encostou na sacada e olhou para o quarto.

— Você tem muita coisa na cabeça, hein?

— Por que você diz isso?

— Só olhando para o quarto.

Olhei para o meu quarto. Embora não fosse tão arrumado quanto um hotel, não era tão bagunçado a ponto de ser constrangedor para um hóspede. O fato de eu ousar convidá-la aqui significava que eu tinha algum nível de confiança.

— O que há de errado com o quarto?

— Está bagunçado, como se você tivesse comprado um monte de coisas e simplesmente empilhado sem usar. Honestamente, seu quarto é espaçoso se você limpou algumas coisas.

— Já pensei em limpar as coisas. Leio livros e assisto documentários, me inspiro para arrumar, mas quando se trata de realmente fazer isso, tenho dificuldade em deixar ir.

— Você é muito apegada aos seus pertences.

— Acho que sim. Se eu realmente quisesse, eu conseguiria, mas é difícil jogar as coisas fora sozinha.

— Eu vou ajudar — Ela disse, estendendo a mão para brincar com o botão da minha camisa, provocando levemente como se estivesse ficando bêbada. — Agora que sei onde você mora.

— Então, você virá de novo?

— Se a dona do quarto permitir. — Rattikarn bateu no meu botão ritmicamente antes de puxar sua mão para trás. — Deixe-me chamar um táxi primeiro. Se eu ficar muito bêbada, o motorista pode tirar vantagem de mim.

No5: Quando sinto seu cheiro (Série Perfumes Vol.1)Onde histórias criam vida. Descubra agora